Prólogo

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Olá meus amores!

Tardo, mas não falho. Espero que gostem deste capítulo e antes de lerem alguns avisos:

I. Esta fanfic se passa em um Universo Alternativo, ou seja, esqueçam tudo o que se passou/passa na série The 100, pois o único canon que utilizarei da série são seus personagens.

II. É uma história de fantasia/suspense/terror/mistério, mas obviamente teremos bastante Bellarke.

III. É uma história atemporal em um universo fictício. A vila e a floresta onde se passará a maior parte da história NÃO EXISTEM e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Por enquanto é só. Se tiverem dúvidas é só mandarem nos comentários e qualquer outro aviso coloco nas notas iniciais ou finais do capítulo.

Beijos!


...


Ela gostava de andar pela floresta, muitas vezes até mesmo correr. A atividade que exercia há muito tempo havia se tornado um vício difícil de largar: todas as manhãs ela deixava a pequena cabana onde morava e seguia para fora da vila em direção à floresta norte, dali seguia a trilha que os caçadores utilizavam e a ultrapassava, chegando até o riacho onde colhia flores amarelas que sua mãe adorava utilizar para enfeitar a casa.

Não era uma atividade apropriada, propriamente dita. A bainha de seus vestidos sempre ficava suja de lama, ás vezes ao esbarrar em um galho ou ao tropeçar e cair até mesmo rasgava um pouco do mesmo, seus cabelos consequentemente estavam sempre bagunçados, sem falar da desaprovação de sua mãe e irmão mais velho. Ambos achavam uma atividade desnecessariamente perigosa e sempre tentavam encontrar novos hobbies que pudessem entretê-la, mas ela era um espírito livre, pouco lhe importava as tentativas de seu irmão em lhe ensinar a caçar ou as de sua mãe em costurar. Ela gostava de se sentir livre, correr com o vento batendo em seu rosto e os animais ao seu redor. A floresta era seu lar. Lá não haviam pessoas enxeridas em sua vida tentando lhe impor regras, apenas ela e a natureza.

Desde a morte de seu pai, entretanto, os dois haviam sido muito enfáticos ao dizer que ela estava proibida de chegar próxima ao riacho sem o irmão por perto, permitindo que ela apenas seguisse até o início da trilha dos caçadores.

Durante toda a sua vida havia ouvido histórias sobre o pedaço tão conhecido por ela. Ultrapassando o riacho na floresta norte, tudo o que se podia ver era uma parte completamente diferente de sua amada floresta. Enquanto estava habituada a um ambiente aberto e luminoso, a floresta do outro lado do rio era fechada, e mesmo sob a luz do sol parecia não ter vida. Tudo era escuro e sombrio. Ela nunca se atreveria a atravessar o riacho, afinal, havia crescido ouvindo histórias sobre os habitantes daquele lado: os Grounders.

Ela não tinha certeza se as histórias de terror que seu irmão insistia em lhe contar sobre o bando de canibais era verdade. Histórias sobre como eles não tinham permissão de ultrapassar a fronteira e esperavam que um deles o fizesse para que pudessem atacar sem violar os Acordos. Os mitos eram famosos na pequena vila onde morava, contos a respeito de seu líder 'O Lobo' variavam de pessoa para pessoa. Uns diziam que era um lobisomem, um homem que se transformava em lobo durante a lua cheia, outros diziam que ele era a reencarnação do próprio diabo e que seus poderes era ilimitados, que seus dentes eram tão afiados que poderiam arrancar-lhe um braço em questão de segundos e que seus olhos eram tão vermelhos que se olhasse bem poderia ter a visão do próprio inferno estampado em seu rosto.

Ela nunca havia visto um pessoalmente, tampouco conhecia alguém que havia sobrevivido para contar a história, mas isso não a impedia de se arrepiar todas as vezes que tais seres eram mencionados e a mera ideia de ver um pessoalmente a amedrontava muito mais do que sua fachada durona lhe permitia demonstrar.

Mas naquele dia especifico, Octavia Blake acordara determinada. A proteção excessiva de seu irmão beirava o ridículo. Ela não era irresponsável, temia o outro lado do riacho, mas nada do lado de cá a faria mal. Ele não poderia acompanha-la até o riacho pela terceira manhã seguida, pois iria até o lado sul da floresta caçar coelhos, mas desta vez, isto não a impediria de ir até lá sozinha.

Pegou o vestido mais velho que tinha, um rosa escuro que um dia pertencera a mãe e estava todo remendado com tecidos de diversas tonalidades, calçou suas botas pretas e uma capa longa que batia em seus tornozelos. A mãe cozinhava algo em uma panela e nem se mexeu quando ela anunciou que daria uma volta pela vila. O inverno havia chegado, ás vezes a impressão era de que ele nunca iria embora, e uma espessa camada de neve caia do céu cobrindo as pequenas casas e o chão completamente. Caminhando com cuidado para não escorregar, se dirigiu até a saída da vila, colocando o capuz para proteger os cabelos negros que eram castigados pelos flocos de neve.

O caminho era longo, mas ela provavelmente nunca perceberia que para pessoas que não estavam habituadas a exercício, era necessário uma ou duas pausas para recuperar o fôlego. Caminhava com calma, não querendo correr e escorregar o perder a oportunidade de apreciar o ambiente do qual sentira tanta falta. Mal reparou quando finalmente chegou ao riacho. A água ainda não havia congelado e corriam com pressa, as flores amarelas que sua mãe tanto amava também não haviam sido castigadas pelo tempo que se fechava e ela aproveitou para colher algumas. Precisaria se livrar delas, afinal eram evidencias de sua travessura, mas pensaria nisso mais tarde.

Respirou fundo, fechou os olhos e lançou a cabeça para trás, ainda agachada próxima às plantas. Agora que o tempo ficava cada vez mais instável, ela provavelmente não voltaria para a floresta tão cedo. Tudo naquele lugar a acalmava e o silêncio, sendo quebrado apenas pela água corrente, era reconfortante. Foi em meio a tamanha concentração que ela conseguiu captar o barulho, quase inaudível, à sua esquerda.

Qualquer outra pessoa poderia ter pensado ser um animal, talvez nem tivesse ouvido, mas a audição treinada de Octavia depois de tantos anos cercando aquele local e se habituando aos animais que a ocupavam, conseguia distinguir quando o barulho de passos humanos se aproximava. Devagar, com passadas leves e cautelosas, sabia também que a pessoa que se aproximava passava pelo riacho.

Ela sabia que lutar era inútil. Apesar das aulas de autodefesa concedidas por seu irmão, ela era pequena e provavelmente muito mais frágil que a pessoa que se aproximava. Gritar tampouco lhe era útil, afinal, ninguém a ouviria, mas quando abriu os olhos foi tudo o que conseguiu fazer antes de ser atacada.

E o grito de Octavia Blake seria eternizado por entre aquelas árvores por muito tempo. 

Lobo MauOnde histórias criam vida. Descubra agora