The Slave's Field || h.s

Introdução

A grande diferença entre os Sonhos e a Realidade é algo quase tão parecido como um cavalo e um burro. Apesar de pertencerem à mesma ‘Família’ não têm nada que os una, pois são completamente diferentes.

A minha vida é um tremendo exemplo de como a realidade e os sonhos são definitivamente antónimos. 

A minha realidade resume-se a viver numa propriedade, que fica na Costa do Marfim, onde faço parte de uma sociedade que se designa de ‘Escravos’. Trabalho numa propriedade onde temos plantações de muitas variedades. Tanto eu como uns milhões de jovens e até mesmo crianças, somos obrigados a trabalhar e se não o fizermos corremos o risco de ser chicoteados. Somos obrigados a fazer tarefas que a maior parte dos habitantes do mundo não fazem ideia que são possíveis.

Por outro lado, o meu sonho é sair do inferno em que vivo. Poder fugir e ser livre. Livre de todo o meio de escravidão em que resido. Só queria ter uma oportunidade para ser feliz. Gostava de poder ajudar todos os jovens e crianças que são escravos, e tentar por fim à escravidão. 

Mas concentrando-me apenas na realidade, eu vejo que o meu Sonho é algo inalcançável assim como as estrelas. Por mais que queiramos tocar nelas, nunca o poderemos fazer pois é impossível. 

E por mais que tente, eu sei que nesta terra, longe de tudo e de todos, a minha única saída é resumir-me à minha horrível e penosa vida. A qual nunca me dará a oportunidade de alcançar o meu sonho, mas é a única a que tenho de sobreviver todos os dias.

Eu trabalho 24/7 e não recebo nem um cêntimo por aquilo que faço. Portanto, eu digo que sou apenas mais um ‘Escravo do Campo’. Um rapaz de 18 anos, a quem todos dão ordens e por mais que eu tente mudar isso, nunca consigo. As correntes que me amarram os pés, durante a noite, não me permitem fugir. E as enormes cercas farpadas que estão à volta da propriedade, não me dão passagem para o mundo de oportunidades que me olha de esguelha.

Resumindo, sou apenas mais um insignificante e maltratado escravo, que por mais portas que se fechem e janelas que se abram, nunca consegue encontrar uma saída. E isso faz de mim um fraco e impotente e inútil adolescente, que sonha muito alto e que graças a isso, acaba por cair na realidade e mergulhar numa profunda amargura, ao perceber que o seu sonho é só para os ricos e livres seres humanos.