Capítulo 4

36 4 0
                                    

“O Chaga. Um rapaz com mais ou menos oito anos, branquinho, com um cabelo encaracolado e castanho e uns olhos cor de mel.” Caracterizo Chaga o melhor que me lembro, vendo o homem aperceber-se exatamente de quem eu me estava a referir. 

“Eu salvei-o à dois dias.” O que ele disse fez-me sorrir. Não por felicidade mas sim por ele me estar a mentir. É impossível ele conseguir tê-lo tirado daqui. 

“Não brinque comigo!” Solto uma gargalhada sínica, enquanto olho atentamente o homem. Este olha-me sério, como se não se acreditasse na minha reação.

“Não estou a brincar. Eu j…”

“Não acredito em si!” Grito. “O que aconteceu é que vocês mataram o meu amigo Chaga e agora você está a dizer que o salvou só para ver se eu lhe fico agradecido.” Interrompo o homem, deitando cá para fora a única hipótese. 

“Isso não é verdade. O Chaga está a salvo, eu juro!” Ele cruza os dedos em frente à boca, como que tentando ver se eu me acreditava.

“Pode prova-lo?” Questiono severamente. Pela primeira vez desde que cá cheguei, falo mais de 1 minuto com um dos ‘Predadores’ sem levar qualquer chicoteada. Na verdade, o homem diante de mim até parece assustado e com medo.

“Ahhmmm…”

“Bem me parecia.” Bufo percebendo que ele me estava a mentir. Estúpidos predadores que gostam de nos iludir, só para nos deitarem mais abaixo.

“Na verdade, eu ainda tenho o bilhete de avião em nome dele.” Ele vai até à sua mala e retira de lá uns papéis. “Eu comprei-lhe um voo para Inglaterra. Ele está a viver numa associação de ajuda a ex-escravos.”

Ele entrega-me os papéis, os quais olho com toda a atenção. O nome completo de Chaga aparece, assim como a sua idade e nacionalidade. Ao ver aquilo, os meus olhos confirmam que o que o homem me dizia era mesmo verdade.

O meu pequeno Chaga está mesmo a salvo!

“Como é possível?” Suspiro em descrença, enquanto olho os papéis. Felicidade atinge-me ao perceber que Chaga já não corre perigo. Parece que não tive de fazer nada para conseguir manter a minha promessa. 

“Eu tenciono fazer o mesmo contigo.” O que o homem diz a seguir deixa-me estático. 

“Como tenciona fazer isso? Eu não posso deixar todos os meus colegas para trás e partir em liberdade. Não é justo!” 

“A vida não é justa, rapaz! E tu sabes bem disso.” O que o homem diz é uma grande verdade, mas mesmo assim não posso abandonar assim todas estas crianças e jovens. “A verdade é que eu não consigo fazer isto com todos. Eu só o faço quando vocês me vêm parar às mãos.”

“E como é que Chaga veio até si?”

“É uma longa história, que felizmente acabou bem. Agora preocupa-te contigo! Dentro de umas horas estarás a entrar num avião que te levará para bem longe de todo este sofrimento.” 

A sua promessa deixou-me dividido. Por um lado, o meu corpo saltava de alegria ao saber que iria ser livre, que iria concretizar o meu sonho. Por outro, sentia-me um cobarde por estar prestes a abandonar toda a minha família. 

“Rapaz, vais ver que um dia ainda vamos salvar todas as crianças. Mas para já tens de te salvar a ti!” A sua mão afaga-me o ombro, lançando-me uma sensação de coragem e conforto. “Veste estas roupas enquanto eu preparo tudo.”

As roupas assentam no meu corpo sujo, que agora se encontra mais forte e preparado para o que se avizinha. Penteio o melhor que consigo o meu cabelo, puxando-o para trás. Calço as botas que se encontravam no chão, e uma sensação de conforto alcança os meus pés. Aos anos que não usava sapatos. Já nem me lembrava de me sentir tão bem, só por estar vestido decentemente!

“Como se chama?” Pergunto, enquanto vejo o homem a teclar rapidamente no seu computador. 

“Den.” Ele diz sem retirar os olhos do computador. “E tu és o Harry, certo?” O seu olhar pousa agora no meu, deixando-me confuso por ele saber como me chamava.

“Como sabe o meu nome?”

“Como é que se esquece o nome de um …” Não consigo perceber o que ele diz, devido à sua fala sair como um longo e penoso murmúrio.

“O quê?”

“Nada, apenas ouvi o teu colega a chamar por ti antes de desmaiares.” 

Oh meu deus, o Dylan! Eu tenho de o salvar! Ele tem de vir comigo. Não sou capaz de me ir embora, sem o levar. Ele é mais que um irmão para mim, não o posso abandonar!

“Eu tenho de salvar o Dylan!” Exclamo vendo o homem olhar-me desentendido. “O rapaz que berrou por mim. Eu tenho de o levar comigo!”

“Harry, já te disse que isto não é tão fácil assim. Tens de perceber que eu não posso ir busca-lo!” 

“Mas tem de conseguir fazer alguma coisa!” Berro em frustração, ao saber que Den não me ajudará a salar o ‘meu irmão’. 

“Eu prometo que o próximo rapaz que ajudarei será o Dylan. Daqui a uns dias, irás encontra-lo em Londres.” A sua promessa não me descansou por completo, mas era aquilo que eu precisava para pensar mais positivamente. Só espero que Den cumpra a sua promessa.

“Eu vou para Londres?” Perguntei, tentando não pensar no facto de me sentir um cobarde por deixar a minha família para trás.

“Sim. Vais passar uns tempos numa associação até eu te arranjar uma casa onde possas viver.” 

“Vai-me comprar uma casa?” Até parecia um sonho o que estava acontecer. Este homem só pode ser rico, para me ajudar desta maneira.

“Claro, tu já és maior de idade. Tens direito a viver a tua vida!” 

“Obrigado! Eu pensei que estava a brincar comigo mas agora acredito em si!” O seu rosto parecia contente pelo que eu acabara de dizer. 

“Não me agradeças. É o mínimo que posso fazer, após todos estes anos de sofrimento.” A minha cabeça baixa-se ao relembrar-me de todos os momentos que passei aqui. “Agora rápido. Temos de te levar daqui. O avião está marcado para daqui a duas horas.”

Den diz para eu pegar nas malas que estavam ao meu pé, que pelo que ele me explicara, eram roupas que ele havia comprado para mim. Sigo o bondoso homem por um estreito corredor, sempre com o coração nas mãos devido à possibilidade de ser apanhado. 

“Não te preocupes, estamos quase a chegar. O meu carro está ao fundo do corredor.” A sua fala serviu de alento de para mim. 

Finalmente vejo uma pequena luz ao fundo do túnel!

*******************************************

Hey girls *-*

Aqui está o quarto capitulo! J O que é que acharam? 

-Acham que é desta que Harry consegue safar-se da sua penosa vida?

-Será que é este o seu caminho para a felicidade?

Deixem os vossos comentários e opiniões! 

Vemo-nos nos próximo capitulo!

*Hugs and Kisses*

The Slave's Field || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora