Idiota apaixonado;Hyunlix

Único

Eu vivia sempre dentro da biblioteca da minha faculdade. Podia não parecer, mas eu não gosto muito das pessoas. Okay que meu círculo social é enorme, mas não quer dizer que eu realmente goste. Nunca gostei de muito barulho. Não importa se era de música alta demais ou de muitas pessoas falando. Barulho é algo que não me agrada. Por isso sempre neguei a maioria dos convites que recebia para ir em festas. Eu sabia que não faria diferença se eu fosse ou não. Hoje, nesse exato momento, às 20h, está rolando uma festa que meu amigo, Seo Changbin está dando, e eu? Bem, estou aqui na biblioteca da faculdade, que é aberta 24h, todos os dias da semana. A semana de provas está chegando e eu estou procurando alguns livros para estudar. Provavelmente vou ficar por aqui mesmo estudando. Não estou afim de ver meu colega de quarto, Kim Woojin, chegar bêbado e cantando a música de algum girl group em alto e bom som.

Assim que juntei a pilha completa de livros em meus braços, comecei a procurar por uma mesa. Por mais incrível que pareça, a biblioteca estava cheia nesse horário, não restando uma mesa vazia. Não queria atrapalhar os estudos de ninguém, sendo que a maior parte do pessoal que está aqui estuda direito ou medicina, e são dois cursos onde a maior parte dos estudantes são um pouco chatos. E eu sou um desses chatos, só que não estudo em nenhuma dessas áreas. Estudo psicologia. Meus pais não apoiaram muito minha decisão do que estudar, já que desde novo eu sempre falei que queria estudar medicina, etc. Mas sabe, a psicologia sempre me atraiu de uma maneira que não consegui me conter ao tentar a vaga para essa área. E agora, estou aqui, me sentando em frente a um rapaz ruivo e baixinho, se bem, como Changbin diz, todo mundo é baixinho perto de mim. Grande mentira.

Não era a primeira vez que eu via o ruivinho ali. Eu vi ele em todas vezes que já vim a biblioteca e, olha que antes de eu "conhecer" ele, não eram muitas. Vamos dizer que o pequeno crush que eu tenho nele não tem nada a ver com isso, okay? Okay.

Lee Felix. Esse é o nome do rapaz ruivo, com sardas muito bonitas que parecem formar constelações em suas bochechas. Ele é estrangeiro. Australiano, para ser mais exato. Se mudou para a Coreia do sul faz uns 3 anos e cursa medicina. Ele tem cara de quem faria qualquer coisa, menos medicina.

Eu tentava focar em meus cadernos e livros, mas meus olhos teimavam em querer olhar para a expressão infantil do rapaz minha frente. Tenho certeza que ele já notou os olhares, porque está se remexendo na cadeira e a ponta de suas orelhas estão vermelhas, demostrando o seu constrangimento. Não duvido que daqui alguns segundos ele peça para eu parar de o olhar.

— Hey... — Não disse? — Você poderia, por favor, parar de me encarar? É desconfortável... — A voz dele vacilou um pouco. Ele estava tímido. Mas não deveria ser, sabe. Ele era sempre encarado nos corredores e também já foi votado como um dos alunos mais bonitos na área de medicina, e olha que muitos dos alunos de lá são bonitos.

— Desculpe. Não posso me conter. Gosto de admirar coisas bonitas. — Acabei por falar. Eu não consigo segurar minha língua e minha sinceridade já destruiu muitos dos meus quase relacionamentos.

Ele se remexeu de novo, dessa vez, não só suas orelhas como também suas bochechas ficaram vermelhas, acentuando suas sardas. Adorável.

— Obrigado... Qual o seu nome? — Ele perguntou. A tom baixo que ele usou acabou por deixar sua voz naturalmente profunda ainda mais rouca. Não vou negar. Alguns arrepios passaram por meu corpo. A voz dele é magnífica. Faz com que eu tenha os mais diversos pensamentos sujos e me ache um pecador por tal ato. Porque, além das feições infantis, Felix parecia ser muito inocente e ingênuo, quase como um anjo. Ele parecia emanar uma aura tão calma e meiga, que, as vezes, eu o comparava com um anjo.

— Hwang Hyunjin. E o seu? — Respondi depois de alguns minutos absorto na beleza do rapaz a minha frente. Eu sei que não tinha necessidade de perguntar o nome dele, até porque eu já sabia, mas tive que fazer isso para não parecer um perseguidor lunático que sabe cada passo que ele dá e até quantas vezes vai ao banheiro no dia.