John já havia ido embora e Roger encarava o teto de seu apartamento, perdido em seus pensamentos. Pensava em estrelas.
Duas batidas, como sempre. Olhou imediatamente para a porta, e sem nem hesitar, levantou-se, tropeçando num piso solto e quase caindo, entretanto, dessa vez pôde se equilibrar novamente, evitando uma queda. Se sentou em frente a porta de pernas cruzadas, como fazia quando criança.
- Tô aqui, Bri. - Disse, dando uma risadinha. Talvez Brian achasse que estivesse ocupado, por isso havia demorado para passar o papelzinho.
"Você está bem?"
- Não muito, mas bem melhor agora.
"Isso foi claramente um flerte, Roger."
- Oh não! Fui pego.
"Aconteceu algo hoje?"
- Na verdade sim. - Suspirou. - Hoje eu vi o Nathan, um dos caras que faziam bullying comigo na escola. Ele me disse coisas horríveis e eu só consegui ficar parado e chorar que nem um garotinho de seis anos. Mas duas pessoas interviram, um rapaz e uma moça loira cheia de atitude. Ela ameaçou dar um soco nele, sabe... - Riu, lembrando-se da cena - Você devia ter visto a cara dele! A masculinidade frágil dele foi esmagada, tadinho do macho oprimido... O cara estava sendo bem paciente e pedindo pra ele sair... O que contrastou bastante com o fato da garota se segurar pra não bater no Nathan. Ele foi neutro. Ele... O cara da lanchonete... Espera aí, eu já vi ele antes.
"Já? Tem certeza?"
- Ele me emprestou um guarda-chuva na cafeteria. Quando eu fiquei preso no temporal, naquela vez que fui ver Deaky. Foi tão gentil. Gostaria de agradecê-lo.
"Ele era bonito?"
- Que pergunta é essa, Bri? - Riu - Era sim. Ele tinha uns cachinhos tão fofos. Parecia um poodle. Mas um poodle adorável, tá bem? Poodle no jeito bom! Poodles são sempre bons...
"Hmmm. Estou com um pouquinho de ciúmes."
- Ciúmes? Não fica com ciúmes! É... Você deve ser muito mais lindo que ele...
"Sei."
- É sério! Aliás, eu... Eu tava pensando... Você não gostaria de sair comigo?
Brian ficou surpreso, de fato. Não esperava por tal pergunta. Um sorriso escapou dos lábios rosados, deixando o rosto alegre.
"Um encontro?"
- Não! Quer dizer... Só é um encontro se você quiser que seja...
"Eu adoraria ter um encontro com você."
As bochechas rosaram, deixando um ar mais quente para a face do loiro. Não pensou que uma frase era tão poderosa ao ponto de fazer seu coração escapar uma batida.
- Eu soube que abriu um parque de diversões no centro da cidade. O Deaky me disse. Se você quiser, a gente podia ir.
"Como um casal?"
- Brian! - Resmungou, irritado. - Se você ficar dizendo essas coisas, eu não vou saber como responder.
- Eu te deixo sem palavras?
Dito e feito, Taylor não soube o que dizer. Ficou em choque. Não esperava por isso.
Como Brian podia ser tão atrevido, fazendo seu coração acelerar daquela maneira? Queria ouvir mais. A voz, o timbre, o sotaque... Adorava tudo o que conhecia a cada dia.- O parque fecha as dez horas. Vamos nos encontrar na frente da roda gigante oito e meia nesse sábado. T-tchau! - Bufou, cruzando os braços e virando de costas para a porta, como se fizesse Bri ir embora.
Ficou levemente confuso. Havia feito Roger ficar bravo?
Ou ele só havia ficado envergonhado?
Se contentou com a segunda opção, dando uma risadinha. Levantou-se, entrando em seu apartamento.
Tinha um encontro com Roger Taylor no sábado, transbordava de alegria.•
- Então, depois de vários papéis e papéis, muitas árvores sendo cortadas pra você falar com seu amado, você finalmente vai poder comer ele? - Deitado na cama de Brian, Freddie disse, entediado. - Legal. Podemos pular pra parte em que você me paga a pizza que prometeu quando me chamou para vir aqui?
- Pare de agir como se eu só me interessasse pela bunda dele, e não pelo caráter.
- Só? Então você também se interessa por ela, né? Brian, como você é safadinho!
- Eu não reparo na bunda das pessoas que nem você, sabe...
- Mas deveria. É um ótimo passatempo, sabe. - Deixando de ficar de bruços, passou a deitar de barriga para cima, encarando o teto. - Me fala do que você gosta nele, então.
- Gosto de como ele é. Todo preocupado e tímido. É... Fofo. E os olhos dele. Como eu amo aqueles olhos. São azuis como pedras preciosas, as mais preciosas! E o cabelo loiro. Deve ser tão macio e cheiroso. É como um anjo. É totalmente angelical, sério. Tão sereno e frágil, extremamente bonito e encantador. Ele é todo lindo, por dentro e por fora.
- Meu Deus, Brian, você já viu os órgãos dele?
- Cala a boca, idiota. Quando eu falo bonito por dentro eu quero falar da personalidade dele.
- Eu sei, mas eu queria acabar com essa sua falação. Me arrependi de ter perguntado quando lembrei que é um saco ouvir você falando poeticamente sobre pessoas que gosta. Então ao invés de fingir que eu me emocionei sobre a sua linda e desnecessária declaração de amor, eu dei uma descontraída. E foi uma má ideia, porque do jeito que você é, provavelmente daria um jeito de falar dos órgãos por causa da minha piada. Sei lá, o jeito que o pulmão dele tá preto e cheio de substâncias tóxicas por causa dos cigarros é diferente...
- Você nem sabe o quanto ele fuma!
- Ele tá literalmente fumando agora. Eu consigo literalmente sentir o cheiro vindo da sacada. Literalmente.
- Você disse literalmente três vezes, e eu tenho que trabalhar essa questão do cigarro com ele. Não é fácil.
- Não é fácil namorar fumantes, eu sei...
- Eu vou socar a sua cara, sério.
- Pela Deusa, Brian, o seu namorado além de padrãozinho é zé droguinha! Puta merda... Forças guerreiro, deve ser difícil.
- Eu vou realmente socar a sua cara. Literalmente, meu punho vai encontrar a sua bochecha daqui cinco segundos.
- Eu vou te denunciar! Eu tenho um ficante que é policial, sabia?
- Ridículo, Bulsara! Ridículo!
- Você tem que aprender, Brian, não é Bulsara, é Mercury.
- Nem fodendo. Se há algo que eu possa usar contra você, eu usarei, então eu vou continuar com o Bulsara.
- Acho que quem vai te socar sou eu.
- Quem precisa de inimigos com amigos como você, Freddie.
- E eu lá sou seu amigo? ...Brincadeirinha, ok? Brian, solta esse vaso, Brian, Brian!
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Letters for Roger Taylor
Hayran KurguBrian Harold May constantemente se perguntava por que seu vizinho chorava todos os dias na sacada de seu apartamento, então resolveu passar pequenas cartas anônimas por baixo da porta do rapaz tentando descobrir o motivo de tanta tristeza. Como reme...