O Despertar das Sombras

162 69 72
                                    

Capítulo 3: O Despertar das Sombras

As caçadoras avançaram como um enxame de abelhas raivosas, suas armas brilhando à luz fraca que se filtrava pelas janelas quebradas do prédio. Rafael se posicionou na minha frente, preparado para a batalha, mas eu sentia que a situação estava prestes a se tornar insustentável.

— Fique atrás de mim, Angel! — ele gritou, os olhos focados nas figuras que se aproximavam.

A luta começou com um clangor ensurdecedor. Rafael se movia com uma agilidade impressionante, desviando e atacando com precisão. Ele se tornava um verdadeiro furacão, mas eu sabia que não poderia durar para sempre. O número de caçadoras parecia não ter fim, e cada vez que uma delas caía, outra surgia.

Meu coração disparou quando uma das caçadoras se aproximou de mim, sua espada de luz erguida. Antes que eu pudesse reagir, senti uma dor aguda na perna. Olhei para baixo e vi uma lâmina cravada em meu músculo, minha própria força não conseguiu evitar o golpe. Um grito involuntário escapou dos meus lábios enquanto eu cambaleava para trás.

— Angel! — Rafael gritou, mas estava muito ocupado enfrentando suas próprias lutas.

Ele lutou bravamente, usando cada movimento e golpe para manter as caçadoras afastadas de mim, mas a cada segundo, a situação se tornava mais desesperadora. Eu queria ajudá-lo, mas a dor pulsante em minha perna me paralisava. As sombras, que antes sussurravam, agora gritavam dentro da minha cabeça, uma cacofonia ensurdecedora.

— Rafael, eu não consigo — murmurei, a visão embaçada.

Ele olhou para mim, e a preocupação em seu olhar fez meu coração acelerar ainda mais. Mas não havia tempo para isso. As caçadoras se multiplicavam, cercando-o como uma tempestade prestes a desabar. Rafael estava lutando contra três delas, suas habilidades sobre-humanas em jogo, mas era claro que o número era desvantajoso.

Uma das caçadoras, com um sorriso cruel, ergueu sua espada de luz, prestes a desferir o golpe fatal. O medo tomou conta de mim, e algo dentro de mim começou a despertar. Mas então, a dor na minha cabeça aumentou, as sombras gritando como se quisessem me avisar de algo.

— Não! — gritei, segurando a cabeça com as mãos. O som das vozes se tornou insuportável, ecoando em minha mente. "Acorde! Acorde!" Elas ordenavam, como um chamado ancestral que não podia ignorar.

As sombras ao meu redor começaram a se agitar, como se estivessem respondendo ao meu desespero. Uma escuridão intensa tomou conta do ambiente, engolindo tudo ao nosso redor. A luz das caçadoras começou a vacilar, e, em um instante de pura concentração, eu gritei novamente.

— Saia de mim! — e um poder desconhecido jorrou de mim como um rio descontrolado.

As sombras, liberadas pela minha dor, se lançaram na direção das caçadoras, engolindo-as em uma voragem. Elas gritavam, suas vozes se perdendo na escuridão que agora dominava o espaço. A espada de luz caiu ao chão, sem vida, e Rafael, percebendo a mudança, aproveitou a oportunidade para atacar.

Ele se lançou contra as últimas caçadoras, que agora estavam perdidas, absorvidas pela escuridão que eu havia invocado. O ambiente estava tomado por um silêncio pesado, e as sombras pareciam satisfeitas, como se tivessem cumprido seu papel.

Com a dor e a pressão na minha cabeça diminuindo lentamente, eu finalmente consegui me levantar. Rafael se virou para mim, seu rosto coberto de marcas de batalha, mas os olhos ainda brilhando com uma mistura de alívio e preocupação.

— O que você fez? — ele perguntou, sua voz cheia de incredulidade.

— Eu não sei... — respondi, sentindo-me exausto, mas uma nova força pulsava dentro de mim. — As sombras... elas estão comigo. Elas querem que eu acorde.

Rafael deu um passo em minha direção, e algo mudou em sua expressão. Ele agora parecia mais determinado, como se tivesse percebido que algo dentro de mim tinha mudado.

— Isso foi incrível, Angel. Mas precisamos sair daqui. Zeus não vai demorar a notar a perturbação que você causou. A última guerra santa começou por causa de semideuses como você, e agora estamos no olho do furacão.

Enquanto saímos daquele lugar, a certeza de que eu estava apenas começando a entender quem eu realmente era me envolveu. O caminho à frente seria perigoso, mas agora eu sabia que não estava sozinho — as sombras estavam comigo, e elas eram mais do que um mero sussurro. Eram parte de mim. 

Sombras do Cerrado: A Jornada de Angel de la CruzOnde histórias criam vida. Descubra agora