Gosto de você, Roger.

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- Calma, Roger. Dar mini soquinhos no meu peito não vai dar em nada além de dificuldade na minha respiração, sabe.

- Você é um bobão. Te odeio. Sai daqui!

- Tá bem. Até mais.

- Não, espera! Fica! - Se contradizendo, agarrou o braço de Brian, o mantendo parado. - Não ouse ir embora!

- Você é bem confuso, Rog. - Riu.

- Você vai me pagar um cachorro quente! E batatinhas fritas, e refrigerante! Como castigo, tá?

- Eu pretendia fazer isso de qualquer maneira, não vejo como um castigo.

- Mas... Eu tô extorquindo o seu dinheiro.

- É, eu sei.

- E você não vai contestar?

- Nah.

- ...Mas...

- Senhor, me dá dois combos? - Em frente ao balcão do quiosque, o cacheado resolveu fazer seu pedido, mesmo com um certo loirinho ainda grudado em seu braço esquerdo.

- Bri...

- É pra já.

- Bri... - Soltou o braço do mais alto.

- Vamos sentar ali enquanto não sai.

- Bri!

- Sim? - Se sentou, olhando para Roger, que o encarava ainda de pé.

- Eu tava brincando...

- Você não quer que eu pague?

- Eu não posso depender de você e do Deaky pra sempre.

- E você tem dinheiro?

Meio envergonhado, negou com a cabeça lentamente. Se sentou em frente ao moreno, brincando com a barra do suéter. Estava nervoso. Era muito provavelmente, seu primeiro encontro da vida toda. Não sabia o que casais faziam em encontros.
Mas, bem, ele e Brian não eram um casal. Ainda.

- Eu não vejo problemas em te pagar umas besteirinhas. Não é nada caro ou um restaurante chique. Tenho que compensar meu atraso.

- A gente vai sair juntos uma vez e eu vou pagar tudo, tá bom? Desculpa...

- Você estava chorando, não é, Roger?

Silêncio.

- ...Por que?

- Eu te fiz chorar... - Com uma expressão tristonha, Brian desviou o olhar, como num ato envergonhado.

- Tá tudo bem. Eu choro o tempo todo, mesmo! Não é a primeira vez.

- Eu já te fiz chorar antes?

- Só de felicidade.

Ficaram quietos por um tempo. Apenas aproveitando da presença um do outro, sem dizer uma palavra. Os corpos ali presentes já eram o suficiente para tornar tudo mais interessante.
De repente, um movimento e Roger pôde sentir uma mão quente repousando sobre a sua própria.

- Você notou que se confessou pra mim, não é?

- ...O que?

- Você disse quando eu cheguei que estava apaixonado por mim.

Sentiu vontade de enfiar sua cabeça em um buraco apenas para que não pudessem ver suas bochechas vermelhas. Como pudera ser tão bobo? Não imaginava que ele fosse o seu Bri, mas poderia não ter tocado na parte da qual falava em que se apaixonara.
Seu Bri...

- Foi calor do momento, tá!? E-eu não quis dizer aquilo!

A falta da mão sobre a sua e o jeito meio sem graça que Brian estampava o deixaram arrependido de ter dito o que disse.

- Ah, entendi...

Tinha dito que foi no calor do momento porque tinha medo da rejeição. Não queria que o rapaz se sentisse desconfortável, então inventou essa desculpa.

De repente, um senhor simpático e baixinho serviu-lhes duas bandeiras com batatas fritas, refrigerantes e cachorros quentes. Brian agradeceu, educado como sempre, e Roger começou a comer, tentando não pensar na besteira que havia feito. O cacheado apenas observava o loirinho devorar o lanche, dando uma breve risada.

- Você tava com fome mesmo, né?

Os olhos azuis pousaram sobre o rosto brincalhão e risonho do mais alto, fazendo o jovem engolir o pedaço que estava mastigando e pedir desculpas baixinho. Ficara muito afobado com tal situação, então nem prestou atenção em como parecia. Pensou que devia ter mais cuidado com isso, para que não passasse mais vergonhas na frente de seu amado.

- Não vai comer, Bri?

Brian achou fofo, mesmo dizendo seu nome, o loirinho continuou o chamando pelo apelido carinhoso.

- Vou sim, Rog.

Passaram um bom tempinho apenas comendo, sem nenhum diálogo. O clima estava meio constrangedor, então o loiro resolveu puxar assunto.

- A gente tem que ir na roda gigante, lembra?

- Ah, sim! Quase ia me esquecendo. Vamos lá, então.

A caminho da enorme e muito provavelmente mais famosa atração do parque, Taylor pensava em como seria incrível poder andar de mãos dadas por ali com May. Gostaria de entrelaçar seus dedos com os do maior, mas tinha medo de estar forçando demais. O parque já estava quase vazio e perto da hora de fechar, então a fila para o brinquedo era mínima. Sentaram lado a lado, colocando a trava de segurança para evitar possíveis acidentes e poderem apreciar a linda vista noturna de Londres com tranquilidade. A roda ia subindo lentamente, e podia sentir borboletas em seu estômago e um frio na barriga, ambas as sensações juntas. Os dedos mindinhos encostaram, o que deixou uma brecha para o menor posicionar sua mão fria sobre a de seu parceiro. Se sentiu em um filme de romance, uma cena totalmente clichê mas muito agradável de se passar. Estavam quase no topo, e já podiam ver bem as luzes da cidade.

- Não foi no calor do momento.

Brian direcionou o olhar para Roger, que se mantinha preso a visão da cidade.

- Eu disse que foi, mas não foi. - Os olhos cor de céu viraram para o cacheado, o encarando. - Eu tô apaixonado por você, Bri.

A essa altura do campeonato, já chegaram ao topo da roda gigante, tornando tudo mais parecido com uma cena de filme clichê e nada original. Os olhos do mais baixo se enchiam de lágrimas, ameaçando chorar.

- Não sei desde quando. Não sei te responder o motivo. Mas eu já não choro mais todos os dias. Só as vezes. - Riu brevemente entre os soluços. - Mas com você ao meu lado, nunca me senti tão vivo. Eu gosto de você, Bri.

Roger esperava por uma resposta, mas nada saiu. Se sentiu bobo, porque teve tanta esperança de ser correspondido, mas Brian não lhe disse nada.

- Você não vai falar nada? - Retirou a mão de onde se encontrava anteriormente, apenas para limpar o rosto que mais tarde ficaria inchado.

- Mas eu já te disse. Quando você se jogou em mim eu disse que gosto de você, Rog.

Parou de limpar as lágrimas e encarou o moreno, fungando e mordendo o lábio inferior. Sentiu os braços o rodearem, formando um aconchegante abraço, e os lábios macios estalando em sua testa, deixando um beijinho doce por ali.

- Eu também gosto de você, Roger.

Letters for Roger TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora