O sonho

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Quando se tem o sonho as imagens ficam um pouco confusas ao que encontramos.

Lembro de Esteban arrumar as suas coisas e partir para a comitiva. Transportar a boiada sempre foi um trabalho mais que uma aventura. Quando se é criança esse sonho é muito mais uma aventura que um trabalho. Lembro de ver Esteban pegar seu chapéu, sua panela, seu canivete , seus cigarros, seu querosene , sua laparina e sua corda. Ele deixava sempre embaixo da mesa seu bastão, nunca perguntei para o que era mas levava consigo como algo importante.

Um dia antes da sua partida, mamãe fazia um jantar especial, a carne que Esteban gostava. Deixava a carne inteira cozinhando , na outra panela deixava o aipin para poder misturar os dois depois juntos com pimenta biquinho. Eu adorava esse dia, comia bem, me realizava pelo estômago. Um tipo de felicidade diferente.

Entretanto ao final do jantar, Damião chegou a nossa casa, dizendo que Demétrius estava muito mal da cachaça e não poderia ir na comitiva. Damião deu a ideia a Esteban que eu fosse no seu lugar.

- Esteban, precisamos de alguém que cavalgue o Alazão. O que acha de levarmos Luiz, disse Demétrius.

Assim, meu sonho virou realidade.

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