Reconstrução

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 EMILY

“If you love me, come on, get involved feel it rushing through you, from your head to toe oh oh oh, oh oh oh..”

E, do nada, Ed Sheeran explodiu no meu quarto. Puxei o travesseiro para cima da cabeça a fim de abafar o som vindo do despertador do meu celular. Sem sucesso. Levei a mão até a cabeceira acima da minha cama, tateando o lugar a procura do aparelho. Sem sucesso. Joguei o travesseiro no chão, com raiva, e levantei a cabeça. Peguei o celular e desliguei o despertador. 6h02. Minha cabeça estava explodindo. Revirei o corpo de um lado para o outro na esperança de que a noite passada voltasse, para que eu pudesse dormir um pouco mais. Nessa mesma hora, a porta do meu quarto irrompeu com tudo, batendo forte na parede. Uma voz aguda começou a gritar e, em seguida, se jogou em cima da cama, pulando entre as minhas pernas e batendo com o travesseiro que eu havia jogado no chão.

- Que diabos.? Adam.. Pelo amor de Deus.. Para.. Adam.. ADAM PARA COM ISSO AGORA! DESCE DA MINHA CAMA E SAI DAQUI! AGORA! – eu gritava enquanto colocava-o no chão.

- Acordou com a macaca hoje de novo? As férias já acabaram e você passou o último mês acordando ás uma da tarde! Hoje, tá na hora de acordar cedo! Primeiro dia do último ano no colégio, alôoooou!!! – Adam dizia, ainda batendo com o travesseiro na cama.

Primeiro dia do último ano no colégio. O que aquilo significava? Significava que, daqui há 1 ano, eu estaria ingressando em uma faculdade. Ou não.

- Puta que pariu, hein! – eu esbravejei.

-  Pu-ta-que-pa-riu-he-in! – ele contava enquanto levantava um dedo de cada vez. – Nossa, que palavrão grande!

Abri os olhos com dificuldade e pude focar a imagem de Adam. Ele já estava com o uniforme do colégio e com o cabelo lambido para o lado, fruto das toneladas de gel que minha mãe devia ter passado nele.

- Tudo bem, tudo bem... - eu disse enquanto esfregava o rosto – diga a mamãe que desço em 30 minutos.

Ele sorriu e saiu andando para fora do meu quarto, encostando a porta logo em seguida. Com muita dificuldade, sentei na beirada da cama e dobrei as pernas. Enterrei a cabeça nas mãos, com a esperança de que o sono fosse embora. Minha mente demorou um pouco para compreender que dia era.

Era o primeiro dia de aula do último ano do colegial. E isso me apavorava.

Existem diversos motivos para desejar que esse ano passe voando. Não somente porque as matérias ficarão dez vezes mais difíceis, ou pelo nervosismo do baile de formatura, ou pelo fato de que seremos obrigados a ler dez livros por semana. Bom, na verdade, tudo isso influencia também. Mas, acima de tudo, eu sempre tive medo da vida pós-escola. Eu passei a minha vida inteira construindo sonhos (impossíveis, por sinal) na esperança de que eles fossem se concretizar assim que o período do colégio terminasse. Eu sempre pensei muito alto. Eu sempre achei que seria capaz de viver tudo que sempre alimentou minha felicidade, tudo aquilo que sempre fez meus pelos do braço se eriçarem de alegria. Tola Emily. Eu nunca fui capaz.

E passei a ser menos capaz ainda, quando tudo na minha vida começou a desandar.

Meu nome é Emily Johnson e eu tenho 17 anos. Relativamente baixa para minha idade (os apelidos continuam até hoje), cabelos longos de um ruivo mais escuro e olhos castanho-claros. Existiu uma época em que eu me achava linda. Adorava tirar fotos. Isso era bom, certo? Afinal, amar a si mesmo só acrescenta na vida. Nunca tive problemas com garotos nem em fazer amizades. Até certo tempo.

Minha família se baseia em duas pessoas: minha mãe, Meg, e meu irmão, Adam. Provavelmente você deve estar se perguntando onde está meu pai. Pai. Essa palavra de três letras provoca um turbilhão de sentimentos em mim. Nojo, comédia, decepção.

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⏰ Última atualização: Sep 05, 2014 ⏰

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