Emma
- Ninguém é feliz o tempo todo, quem diz o contrário está se enganando. - eu disse para a terapeuta que anotava algumas coisas no papel – ah, como tal gesto me irritava! como aquela tenebrosa sequência me irritava – Eva erguia a sobrancelha direita, me encarava por sob sua armação escura, franzia a testa levemente, mexia milimetricamente a cabeça como se estive analisando minhas frases e escrevia no mísero papel.
- O que você quer dizer com isso, Senhorita Swan? - ser chamada daquela forma me levou para o passado, o passado que eu tanto ansio para esquecer. Quando eramos apenas nós duas, Regina, me cumprimentava com toda a cordialidade que uma adolescente não deveria ter; sempre fomos amigas, mas ela adorava cordialidades, confesso que eu também adorava toda a cordialidade da senhorita Mills. Por incrível que pareça, o seu jeito autoritário era sexy. - Não sente falta de sua esposa? - Aquela pergunta fora ultrajante e agressiva. Me ajeitei onde estava deitada.
- Falta ? - acabei rindo daquela loucura. - Todos os dias eu acordo no meio da noite procurando-a por entre os lençóis.
- Mas porque você não volta?
- Porque mesmo com toda essa merda, tem a parte boa. Eu estou amadurecendo. Aos poucos vou substituir o "não irei resistir", pelo "vai passar". O amor tem dessas, não? Só ele sabe até onde deve ir às suas insanidades. - suspiro. - A cada dia que passa tenho mais e mais certeza de que o amor foi feito só para os fortes e que eu não sou parte desse grupo de pessoas. Talvez eu nunca me recupere, e sei que para muitos isso é apenas um drama de uma garota mimada... Faz parte, não? Infelizmente, eu acredito fielmente que essa dor viverá para sempre dentro de mim, e em cada situação que eu presenciar daqui pra frente irei me lembrar de como eu me senti neste exato momento, e, pensarei duas vezes... Ou até mais, antes de deixar alguém entrar no meu coração.
- Então isso é um ponto final? - ela me perguntou um pouco aflita, afinal até hoje eu não havia chego a tal conclusão.
- Isso não sou eu quem definirá. Talvez seja o clichê do tempo. Também talvez já tenha acabado. Eu não soube cuidar dela e muito menos de mim. Não soubemos nos apoiar; não soubemos conversar... Apenas nós amávamos loucamente. Isso deveria ser o suficiente, mas sem diálogar sobre as nossas dores fora impossível suportar a perda e se reerguer depois da queda.
- Já se passaram um, senhorita Swan.
- O tempo é relativo. - Eu sabia que aquilo tudo podia ser considerado apenas palavras, mas era preciso acreditar na veracidade dos fatos. Eu não estava bem, mas iria ficar. Era triste saber que o meu ponto de paz estava distante, que eu não a tinha mais ao meu lado e que só havia me restado lhe acompanhar de longe... Acompanhar as suas fotos sorrindo. É, o tempo foi para Regina o melhor remédio.
Conversamos por mais algumas horas. A doutora Eva sempre ficava em dúvida se eu não havia criado um personagem para sobreviver a perda de um filho; de uma família, mas eu insistia em lhe dizer que isso é o que eu venho tentando ser. Alguns erros são irreparáveis e só me restava acostumar com a ideia.
***
Deixei a consulta me sentindo um tanto confusa e leve. Alguns pesos foram deixados para trás. As conclusões de um ano de muita dor foram reconfortantes e ao mesmo tempo, lacerantes. Poderia ter sido tudo mais facil se eu houvesse me jogado de uma ponte, mas agora nada disso tinha sentido. Emma Swan é melhor que isso.
Era preciso ficar bem para ir visitar Regina e pelo menos tentar uma conversar. Seria esperançoso demais pensar em uma chance; uma conversa já me deixaria feliz mesmo sabendo da possibilidade de tê-la perdido para um outro alguém.
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126 Cabides - SwanQueen
RomanceDepois de uma grande perda para o casal SwanMills, Emma decide partir... Desolada, Regina segue tentando entender os "porquês" da vida e da covardia de sua esposa. No fundo a morena sabia que era mais forte para enfrentar tudo... Inclusive a perda d...