1. Um clichê falho

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Quando se está no ensino médio e você é dotado de uma beleza muito grande, é difícil as pessoas não lhe olharem. É até fácil lidar com isso. Mas quando você está no ensino médio, tem uma irmã que consegue ser tão bonita quanto você e uma personalidade mais amável que a sua, já não fica tão fácil engolir.

Donghyuck tinha ciúmes de seu celular, sua caneta de três cores e de seu All star azul celeste, mas ele conseguia ter mais ciúmes de sua irmã, Lee Daehee.

Era compreensível que se sentisse assim, claro. Como todo irmão, ter uma garota na família, mais nova, e que te acompanhou na sua jornada de vida, era motivo para querer preservá-la de qualquer sinal de perigo. E acredite, pra Donghyuck, todo mundo era sinal de perigo.

Não era fácil controlar a grande demanda de garotos interesseiros na alma pura de Daehee, mas, por alguma sorte do destino, nenhum deles atraía ela. E era totalmente aceitável. Aquela escola não tinha pessoas que chegassem ao nível arrumadinho.

De qualquer forma, o fato de Daehee dispensá-los por conta própria auxiliava, e muito, sua vida.

Porém, tudo piorou. E poderia ser comparado com o fim dos tempos para Donghyuck, quando o maldito Mark Lee encontrou Daehee na multidão e teve uma espécie de paixão doentia não especificada.

É, porque não conseguiu acompanhar quando foi que isso começou, só quando já estava acontecendo.

O maldito intervalo que viu Jisung correndo em sua direção como se estivesse prestes a morrer. Felizmente, ele estava bem vivo para contar a audácia de Mark Lee em invadir a roda de conversa de sua irmã e puxá-la para um canto, quase sufocando-a contra parede. E Jisung grifou bem essa parte, causando o saltar de uma semivisível veia na testa de Donghyuck.

O Park também fez questão de dizer que Daehee o empurrou para longe e negou qualquer investida, mas o estrago estava feito.

Maldito fosse Mark Lee, que a escola toda enchia a boca para falar da beleza exótica de um coreano que nasceu do outro lado do mundo. Blasfêmia. Mark Lee não era isso tudo, então nunca que entenderia porque ele estava no topo da cadeia de beleza daquele inferno.

E o motivo de ser uma paixão doentia?

Porque diferente dos outros garotos que levavam um fora de Daehee, sendo muito bem incentivado por Donghyuck, o maldito canadense insistiu. Insistiu muito, a ponto de sua irmã pedir ajuda.

E foi aí que sua honra entrou em jogo. Sabia que Mark se sentia invencível, com todos o paparicando por toda escola e elogiando seus multitalentos, sua educação, gentileza e todas aquelas coisas que o faziam querer vomitar.

Mas tudo bem, ia derrubar ele e garantir que ficasse bem longe de Daehee.

*

Sacudia seu pé, impaciente. Quando aquele treino de basquete infinito iria acabar? Porque tinha um assunto de extrema seriedade a tratar com o melhor jogador dali. Eleito injustamente, sem dúvidas. Qualquer um poderia fazer uma cesta e marcar ponto, Donghyuck, por exemplo, se estivesse no time de basquete, mostraria quem era, de fato, bom. Infelizmente, não tinha interesse.

Num dia normal, usaria sua desculpa da vida de que tudo poderia ser resolvido no dia seguinte, mas como a integridade psicológica de sua irmã estava em jogo, dormiria ali só pra enfrentar aquele loiro desbotado inconveniente.

Jisung se lançou sob as costas tensas do amigo, que estava congelado na frente da porta da quadra, esperando o vento. Se a quadra não fosse totalmente fechada, estaria mandando sinais ameaçadores para Mark, já pra ele se preparar.

No WayOnde histórias criam vida. Descubra agora