Capítulo 2

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Capítulo 2

Patrick estava cansado daquilo. Daquele garoto que achava que podia afastá-lo daquela forma. Não, Pete não tinha o direito de tratá-lo assim.
Duas semanas haviam se passado desde aquela pequena discussão. E isso era tudo o que ele conseguia pensar. Algo o fazia querer voltar lá e beijar Pete... Espere, não, esse não era o sentimento que queria. Socar Pete, isso parecia certo, afinal é errado pensar em beijar outro homem que não seja seu namorado. Por mais que as coisas com Gerard estivessem péssimas, eles ainda namoravam.
- Paaaaat - a voz de Brendon ecoou pelo apartamento, tirando-o de seus pensamentos.
- Não. Me. Chame. De. Pat!!
Sentia raiva. Como sempre. Era apenas um apelido bobo. Não tinha razão para se irritar. Ou chorar. Tristeza e raiva sempre estavam ligados a ele. Em um segundo, estava tão deprimido que não conseguia se mover, no outro começava a jogar coisas na parede. Droga, ele estava chorando de novo.
- Vamos nos atrasar!
Fitou seu reflexo no espelho. Gostava do que via. Todos gostavam. Então por que Gerard disse aquelas coisas? Fechou os olhos, afastando as memórias ruins e secando as lágrimas. Era hora de sair e encarar seu mal-humorado colega de curso.
Ao seu lado, Brendon dirigia e cantava uma música animadamente. Ele sentia que seus ouvidos iriam explodir se o amigo gritasse mais alto.
Pete. O nome não saia de sua cabeça, por mais que quisesse esquecer. Seus sentimentos se misturavam de uma forma que não podia explicar. Raiva, desejo, paixão, desprezo, simpatia, mágoa. Aquele menino conseguiu despertar nele algo que ninguém mais conseguira.
- Patrick??!! Terra para Patrick?!
Uma mão flutuava na sua frente?! Não, era apenas Brendon.
- O que?
- Você estava viajando, cara. Nós chegamos no teatro.
Saiu lentamente do carro, sendo seguido pelo confuso colega de apartamento.
- Ryan!
Um dia ele ainda ficaria surdo com aqueles gritos. Os momentos anteriores pareciam ter sido apagados da memória do mais alto quando viu seu "crush".
- Bren!
E assim, Patrick foi esquecido. Deixado para trás enquanto os dois trocavam cantadas baratas.
Seu celular vibrou. Só uma pessoa poderia estar mandado mensagem naquele momento, esperava que estivesse errado.
- Não, não, não... Droga! - gritou, correndo para o banheiro mais próximo.

Pete viu alguém passar correndo por ele. Parecia estar chorando? Definitivamente aquele era o som de choro vindo do banheiro.
Bateu levemente na porta, esperando uma resposta.
- Brendon?
Seu coração martelava no peito. Patrick estava ali.
- Não, sou eu... O Pete.
Um silêncio. Certamente o que o outro não desejava era que o visse chorando.
- Olha, me desculpa pela forma que agi aquele dia. Sei que fui um babaca.
Aquelas foram as desculpas mais verdadeiras que já fizera em toda sua vida.
A porta foi aberta, assustando-o. Sentado no chão, o garoto abraçava os próprios joelhos, seu belo rosto coberto por lágrimas cristalinas.
Uma onde de remorso atingiu-o. Ele havia feito-o chorar uma vez. Mesmo que não soubesse a causa de seu sofrimento agora, mentalmente fez uma promessa de nunca mais fazer aquilo de novo.
- Você não foi um babaca. Você é um babaca. Mas eu te perdoo.
Um sorriso fraco brotou em seus lábios.
Ele sentou-se, sem se importar em estar no chão imundo do banheiro masculino. Tudo o que queria era fazer  o menino se sentir melhor.
- Meu namorado terminou comigo - falou repentinamente.
Pete tentou ignorar o fio de esperança que nasceu ao escutar aquelas palavras. Ele não gostava de Patrick, gostava?
- Ele deve ser muito idiota. Digo, para deixar alguém como você ir.
- Ele é - foi impossível não notar um pequeno sorriso em sua face avermelhada - e vai voltar ao meu apartamento hoje para pegar as coisas que deixou lá. E-eu não quero ter que en-encontrar ele.
Os soluços voltaram. "Pare de chorar, ele não vale a pena" era o que o moreno queria gritar enquanto abraçava o outro. Em vez disso, sussurrou:
- Você não precisa voltar hoje. Pode ficar no meu apartamento, se quiser.
Finalmente, o colega fitou-o.
- Sé-sério?
- Claro.
Sem aviso algum, ele se jogou nos braços do outro. Tão frágil, por que alguém iria querer quebrá-lo daquela maneira?
- Obrigado, Pete.
O silêncio se instaurou. A respiração do ruivo ia aos poucos se normalizando. Apesar de estarem em um espaço pequeno e desconfortável, sentiam-se bem segurando um ao outro. Era como se seus corpos estivessem sido feitos para estarem juntos, como um quebra-cabeça em que as peças se encaixam perfeitamente.

Sr. Uau ●Peterick●Onde histórias criam vida. Descubra agora