Falar de amor nunca foi meu forte, agir de forma coerente também não, talvez por isso meus dedos apertaram com tanta força os lados do celular com a tela riscada, o batimento acelerado condizia com minha condição atual. O barulho ao meu redor pareceu cessar,o bar desaparecer pouco a pouco ao ler aquelas três miseras palavras : "Podemos nos ver?"
Não era o que eu esperava depois de quase 7 meses de silêncio, tampouco era o que eu imaginava receber enquanto esperava você perceber que talvez devesse pensar em nós,uma vez mais.
Responder "Posso passar ai agora?" não pareceu desesperado. Deixar o carro encostado na rua do bar e pedir um uber afinal o alcool tinha sim nublado minha visão,mas não a ponto de arriscar minha vida antes de saber o que de tão importante poderia motivar o envio dessa mensagem tão tarde numa quarta feira qualquer.
A janela acessa,a campainha tocada diversas vezes,o desespero. Porta aberta,face molhada,coração acelerado. Mãos que se tocam,puxam e apertam com promessas silenciosas.
Olhar carregado do que não pode ser posto em palavras,a boca que abre tentando balbuciar o que não é necessário,aquele respirar profundo de quem toma coragem pra falar ao mesmo tempo que um sorriso nasce no canto de um dos lábios.- Senti sua falta.
- Eu não te amo mais.Coração leve.
Sorriso que desfaz aos pouco.
Lágrima que escorre sem pudor.
Soluço contido.
Liberdade.Por sete meses te esperei.
Por sete meses existi só.
Por sete meses assisti tua felicidade em outros braços,outros rumos,outros lugares que não meu peito.
Por sete meses permaneci.
Por sete meses me mataste com teu silêncio.Hoje não mais.
Desfiz o nosso enlaço,aliviei esse peso no peito já cansado.
Hoje eu voltei pra casa,hoje eu voltei pra mim.
Hoje,espero que você volte para ti e não mais para nós.
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Me encontra
Short StoryO eterno anseio de encontrar "O alguém" é capaz de motivar até o mais desatento dos seres a escrever.