GEMNI

sem palavras.

constelação de gêmeos
(ツイン星座)

as nossas mãos ainda estavam entrelaçadas, e o suor escorria entre ambas as partes. meu cérebro doente insistiu em repetir até que se tornasse uma penumbra do caos e da minha realidade.

é dificil te deixar ir.

meus pulmões tomaram uma grande quantidade de ar e então, fomos embalados à vácuo, em fileiras calculadas e postos em seguida, dentro de uma nave espacial com rumo à lugar nenhum.

você sentava do lado da janela da escuridão caótica do universo e espiava todos os dias, as estrelas azuis que marcavam hora até a respectiva explosão. as facetas quebradiças de espelhos solares refletidos em pontos estratégicos de cristal na minha imensidão encardida percorriam por todas as camadas existentes no seu corpo. e você não pode me culpar por sentir ciúmes de uma estrela perdida. elas rumavam pelos entornos de toda a sua estrutura dermal e emfim derretiam conforme nos aproximavamos do sol. eram despejadas pela sua pele, todas as filhas de planetas, que foram mergulhadas novamente no caos da não-existência. seu corpo era dourado.

suspiro. o meu cilindro de oxigênio estava dando os últimos sinais de vida e eu me preparava cada vez mais para a despedida entre você, eu e todos aqueles que estiveram de platéia.

sua mão se desgrudou da minha e eu senti um calafrio de esperança percorrer a minha existência secundária no teatro das estrelas.

eu te dei o mar mas ele evaporou e escapou das suas mãos, e tu sabe do meu medo de altura, mas eu fui até os céus somente para buscar uma estrela.

e você sorriu como o sol quando eu lhe entreguei nas tuas mãos.

mas as estrelas
sempre explodem.

a sua estrela azul
explodiu no seu coração.
e lagrimas douradas pintaram as suas bochechas,
mas as suas lágrimas douradas não foram de tristeza.

e você me mandou pra fora e seguiu o seu rumo, para a porra de lugar nenhum.

porque você ainda tinha mais alguns cilindros de oxigênio escondidos dentro da nossa nave espacial, e se você quisesse levar as suas estrelas até venus só pra contemplar toda a escuridão banhada em ouro do nosso universo, você poderia.

sim, vossa alteza dona das estrelas, você poderia!

e novamente me acometi pelo caos e despenquei por anos-luz e quando finalmente estacionei, olhei para o chão e lá estava ela, pela milesima vez em mil anos.

a nossa constelação de gêmeos.

almas gêmeas não fazem o que você fez, chanyeol.

o quanto você pode me amar? o suficiente para deixar qualquer um dos seus 'eu te amo' escapar e viajar por mais alguma eternidade insignificante e estacionar em outros mares e em outras constelações explosivas?

me sentei na verdade do seu amor com data de validade vencida e contemplei o fogo de todas as outras ao meu redor.

mas em especial, é patético.
eu, kang seulgi, ainda não tenho palavras porque a minha superação exige muito mais do que um pedido de afastamento. é a verdade. toda a verdade. você roubou as minhas palavras, e me deixou engasgada com aquelas compridas que não passavam tão facilmente pela minha garganta corroída. incessantemente, incontestávelmente, extraordinariamente e egocentricamente.
eu implorei para que fosse embora
e te fiz prometer de joelhos, que nem em mais cinco mil anos, você voltaria até mim.

mas em especial, ainda é patético.

porque eu amo você,

estrelinha.