Capítulo Único

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Minho e Jisung estavam na casa do mais velho por insistência do loiro. Ele queria animar o seu hyung, que nos últimos tempos sempre andava cabisbaixo e quase não esboçava sorrisos. O moreno era muito importante para Jisung, não só por serem amigos há um bom tempo, mas por também estar apaixonado por ele.

– Vai me contar o porquê de andar assim esses últimos tempos? – Perguntou enquanto se acomodava do lado de Minho no sofá fofinho da sala.

O mais velho parecia mais entretido a brincar com os seus dedos, receoso por não gostar de conversar sobre tudo o que estava o atormentando.

– Sabe... Eu não consigo encarar a vida do mesmo jeito. Não depois de tudo o que tem acontecido. – Começou, se referindo às constantes discussões dos seus pais, que haviam começado há 5 anos atrás. O seu pai sempre foi preguiçoso e fazia a mãe de Minho cuidar de tudo, desde as contas da casa, a limpeza, até aos problemas que ele próprio deveria resolver. Isso começou a ser motivo de discussões, pois obviamente ela não iria querer viver assim para sempre. Tudo se intensificou quando no ano anterior a família descobriu que o senhor Lee tinha demência. A doença estava no início, mas dali para a frente só iria piorar. – Várias vezes eu consegui voltar a ser alegre, pelos menos a demonstrar isso, mas na verdade nunca voltarei a ser assim. Nunca voltarei a ser eu mesmo. Por mais que tudo o resto esteja bem e por vezes até tenha boas notícias, eu não consigo sorrir, eu não consigo me sentir feliz. Eu não consigo ver felicidade em nada, Sungie. – Terminou finalmente olhando o rosto do mais novo com os olhos marejados.

O loiro ouvia tudo com a máxima atenção, pensando não quanto o garoto não merecia nada do que estava passando, tentando pensar em mil e uma maneiras de o ajudar. Mas nada lhe vinha à cabeça, não havia uma solução exata. Até que se lembrou de algo.

– Hyung, você lembra de quando eu disse que por vezes eu fazia teorias estranhas?

– Hm, sim. – Disse confuso com o rumo da conversa, enquanto limpava as lágrimas que já escorriam pelas suas bochechas.

– Tenho uma teoria que talvez possa ajudar você. Ela me ajuda a encarar a vida de uma forma diferente. – Se ajeitou melhor ficando de frente para o moreno e pegando uma de suas mãos. – Cada dia da sua vida tem uma balança. Ela pesa as coisas boas e ruins que aconteceram ao longo do seu dia e no final de cada um deles deve estar equilibrada. – Começou a contar convicto até ser interrompido.

– Jisung, minha balança está desequilibrada. Desequilibrada demais. As coisas ruins que estão acontecendo e que eu penso estão pesando demais. – Parou quando o mais novo colocou um dedo em frente da sua boca.

– Me ouça com atenção. Nem tudo num dia é ruim, existem pequenas coisas boas. Essas coisas também vão para a balança e mesmo que não sejam grandes, se forem em grande quantidade vão pesar tanto quanto essas horríveis coisas ruins.

– Mas que pequenas coisas?

– Vou exemplificar com o meu dia de hoje. As coisas ruins que aconteceram foram, a nota horrível na prova de matemática, a provável grande bronca que vou levar quando chegar em casa, o castigo que vou ter e não ter minhas bolachinhas preferidas para comer no lanche da manhã. – Fez beicinho quando citou a última coisa, o que acabou fazendo o mais velho esboçar um pequeno sorriso. – As coisas boas foram não ter me atrasado para ir para a escola como acontece todo o dia, no caminho para lá ter encontrado um doguinho e feito algumas carícias nele e estar agora aqui com você. – Terminou sorrindo envergonhado, já sentindo seu rosto aquecer, enquanto era observado pelo mais velho que achava adorável o jeito como ele via as coisas.

– Estar comigo é uma coisa boa para você?

– Você não imagina o quanto. Sobretudo porque... Eu sou apaixonado por você, hyung. – Hesitou um pouco antes de falar, mas não quis desperdiçar aquele momento.

Minho arregalou um pouco os olhos com a fala do garoto. Lentamente, aproximou o seu rosto do dele e levou ambas as mãos ao rosto rechonchudo o acariciando levemente.

– Sungie, eu também sou apaixonado por você. – Sorriu, dessa vez de um jeito que já não sorria há um bom tempo.

Jisung sentiu seu coração aquecer, não só pela confissão do mais velho como também por ver o seu grande sorriso. Aproximou mais o rosto até juntar os seus lábios num beijo calmo.

– Tente agora você falar sobre seu dia. – Disse o loiro depois de se afastarem.

– As coisas ruins que aconteceram foram ver meus pais discutindo mal acordei, ver o quanto meu pai piora a cada dia e o quanto minha mãe sofre. As coisas boas foram ter comprado chocolate, estar com você e descobrir que sente por mim o mesmo que eu sinto por você.



Eu escrevi isso num dia durante um "surto" de inspiração. Me baseei no caos que minha vida está ultimamente e na forma como a tento ver. Não só considero isso um desabafo meu como quero também espalhar essa maneira de enxergar a vida e que ela de alguma forma possa ajudar vocês.

balance scale | minsungWhere stories live. Discover now