Mary Jane
—Onde está papà, Mamma? Ele não vem? —Perguntei a minha Mamma que olhava pela janela todo instante esperando meu papà.
Era o meu aniversário de cinco anos, sempre comemorávamos em família, eu, Mamma, papà e Giovanni. Papà sempre disse que seu trabalho não permitia que ele deixasse todos os meus amigos estarem na minha casa para uma festa.
—Acho que Salvatore se atrasou hija, podemos começar sem ele, aposto que não irá se importar. —Mamma era espanhola, e fugiu da Espanha com meu papà após descobrir que estava grávida de Giovanni.
—Mas Mamma... —Tarde para protestar, Giovanni entrou na sala com um lindo bolo decorado para mim.
—Tanti auguri a te, tanti auguri a te... —Os dois cantavam para mim, e logo esqueci que papà estava ausente, e fui preenchida pelo amor e felicidade de pertencer a minha família.
Enquanto Mamma contava suas histórias da Espanha para mim e Giovanni no sofá, fomos surpreendidos pela porta abrindo em uma só pancada.
—Onde está Salvatore?! —Um homem completamente tatuado gritou com a Mamma.
—Ele não chegou... —Pude sentir o medo nas palavras da minha Mamma.
—Ótimo! —Ele olhou para a Mamma, em seguida para os homens. —Destruam tudo! —Ele ordenou e os homens começaram a atirar com uma metralhadora para tudo quanto é lado. Mamma abraçou eu e Giovanni tapando nossos ouvidos o quanto pôde. Quando o barulho parou, abrir lentamente os olhos e aquele homem olhava para a Mamma com um sorriso sinistro. —Te darei a opção de escolher, Francesca! Na frente das crianças? Te dou trinta segundos, começando agora. 30, 29...
—Corra Mary Jane, corra, o mais rápido que puder por favor... —Mamma gritou chorando.
—Mamma não te deixarei só com esses homens, o papà...
—O papà não está aqui, hija, saia daqui. Te quiero! —Ela me abraçou forte.
—10...
—Giovanni, te quiero mucho, hijo! Cuide da Mary Jane por mim, o papai vai chegar logo.. agora corra com sua irmã. —Mamma abraçou ele também, e Giovanni me pegou em seus braços e saiu correndo de dentro da casa. Fomos para nossa casa da árvore nos fundos do quintal.
—Mamma mandou irmos pra longe Giovanni. —Falei quando Giovanni fechou a portinha.
—Shii... —Ele me abraçou e ficamos juntinhos no canto da casa. Minutos depois, ouvimos um disparo. Depois ouvimos um carro, um grito de papà, depois de longos minutos a porta da casa se abriu.
—Que bom que achei vocês! —Corri para os braços do meu papà.
—Cadê a Mamma? —Giovanni perguntou.
—Não está mais entre nós, Giovanni.
Ele nos levou para dentro de casa, e nos deixou na mesa de jantar, a casa estava limpa e cheirando a alvejante.
—O papà tem um trabalho, eu volto logo, fiquem exatamente aqui onde estão. —Ele pegou as chaves e saiu novamente, desta vez estava com um olhar sombrio.
Como prometido, ele voltou. Se sentou conosco no mesmo sofá que a Mamma estava antes, e ligou a tv. Assistíamos um seriado juntos, como se nada tivesse acontecendo. E algumas horas mais tarde, a polícia invadiu nossa casa, e levou meu papà.
—Ti amo figli miei! —Papà disse saindo algemado. —Giovanni, assuma a família.
E assim, papà foi embora. Naquele dia eu não entendi nada, com o passar dos anos tudo foi esclarecido em minha mente. Papà foi condenado a quinze anos de prisão por assasinar os homens que estupraram e assassinaram a Mamma. Giovanni assumiu tudo aos 14 anos. Em quinze anos, eu vi meu papà três vezes, com dez, treze e quinze anos.
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Filhos da Máfia
RomanceDelicada, frágil e ingênua, são os únicos adjetivos que não fazem sentido ao se referir a Mary Jane. Uma italiana, nascida e criada no meio da máfia, o pai tentou levá-la por outros caminhos, mas não teve como evitar, estava no sangue da família Ric...