Capítulo 19

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Diego Laurent.

Olho para o relógio ao lado do meu computador que marca duas da manhã. Prolonguei meu trabalho para não ter que enfrentar Hall quando chegar em casa minha cabeça não está muito boa com o que falei e possivelmente com o que insinuei dele. Não tinha o direito, mas mesmo assim fiz e ele ficou chateado com razão... Estou me odiando por isso, e quero enfrentar qualquer coisa menos o rosto triste dele.

— Já adiantei isso demais.

Levanto da cadeira e desligo o computador saindo da minha sala e indo para o estacionamento. Entro no carro, olho para o banco ao meu lado e sinto falta dele ali, até os mínimos detalhes dele me fazem faltas agora... ligo o carro e disparo em direção a minha casa.

— Hall?

Entro na cozinha e também não há sinal dele, vou em direção ao seu quarto desesperado e abri a porta procurando por ele, mas tudo que encontro é um quarto vazio. Sem a mochila, sem o cheiro dele, nada...

Soco a parede ao meu lado em sinal de frustação! Como posso ter deixado isso acontecer? Estou odiando mais a mim agora do que qualquer coisa. Pego meu celular e ligo para Hall, esperando que ele me atenda.

Nada. Liguei mais uma vez. Nada. Nada. Nada.

Saio do quarto antes que comece a destruir ele por inteiro. Fui para meu escritório, ele certamente esta na casa de algum amigo, ou de familiares ou... Não pode está nas ruas novamente, não posso deixá-lo fazer o que já tentou na ponte outra vez. Não posso, porque me sentiria culpado mil vezes pior por saber que o motivo da sua dor foi culpa minha. Logo eu, que o salvei da primeira vez.

Vou para o meu quarto, procuro dentro da gaveta por uma coisa que vai me ajudar a esquecer disso por alguns minutos... Achei. Está pela metade, mas ainda assim serve. Sem precisar de um copo ou qualquer outra coisa bebo o líquido que está na garrafa, à bebida desce rasgando minha garganta com o gosto de puro álcool. Arremessei a garrafa na parede. Droga! Não consigo tirar ele dos meus pensamentos, estou com um puta medo de que ele faça alguma besteira inconsequente por minha causa. Vou até a cozinha cambaleando um pouco e procuro por remédios, para me ajudar a dormir porque sem eles não vou conseguir deixar minha mente descansar.

Volto para meu quarto depois de ter tomado dois comprimidos, sinto como se meu corpo fosse feito de concreto, minha cabeça está explodindo de dor e sinto a imensa falta do garoto que me cativou sem fazer absolutamente nada.

*****

Olho para a janela, o sol da manhã ilumina a parede ao meu lado e um pouco da minha cama, olho as horas no meu celular. Cinco da manhã. Escuro o barulho de panelas e o cheiro de café no ar, Rosa já chegou. Levanto da cama com dificuldade ainda sentindo meu corpo pesa sobre a culpa e me forço a ir ao banheiro. Escovo a boca muito bem para Rosa não perceber que eu bebi na madrugada, ele ficaria bem chateada com isso e eu não quero vê-la decepcionada é como uma segunda mãe para mim. Coloco meu terno preto com a gravata azul escuro e vou para a cozinha seguindo o cheiro de café e ovos mexidos. A carta que ele deixou nem pode ser considerada algo para me acalmar, se ele não disse para onde foi ou com quem ou que foi fazer.

— Bom dia, Rosa.—Falo tentando parecer animado. Em se vira para me encarar e percebo que minha atuação não soou tão convincente.

— Onde está o menino Hall? Você parece não ter dormido bem Diego... O que aconteceu?

— Não aconteceu nada com que tenha que se preocupar, eu resolvo as coisas depois. Tenho que trabalhar.

— Você tem que comer antes e se não me falar o que te encimada eu juro que paro de cozinhar para você.

— Não seja má, sabe que eu amo sua comida.

— Conversaremos depois senhor Diego. Agora coma.

Fiz o que ela mandou. Geralmente eu como e repito a comida da Rosa mas hoje nada me desce, estou comendo por educação—Sem falar que ela pode quebrar uma vasilha na minha cabeça se eu não comer. Saio de casa o mais rápido possível e só quando estou chegando à minha empresa percebo realmente que ele estará aqui. Vamos nos ver, vou pedir perdão e implorar para que ele volte para minha casa e saia de onde é que esteja. Entro na empresa, procuro apenas com o olhar, mas não o vejo... Talvez já esteja na minha sala.

Não está. Droga!

— Onde está você Hall...

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Hall Endres.

Entro no meu quarto, nunca pensei que entraria aqui novamente... Um misto de nostalgia e medo me invade porque aqui foi o quarto que meu pai construiu para mim, mas ao mesmo tempo foi o lugar onde quis apagar toda as minhas dores. Coloco minha mochila no chão e sento na cama olhando para as paredes brancas. Como será que Diego está?

— Hall, você está bem?

— Estou.

— Ótimo, eu preciso ir trabalhar, mas você pode ficar aqui e... Bem, é sua casa.

Sorri forçado para minha mãe. Quando cheguei ela me colocou para comer alguma coisa e depois falou como ficou preocupada mas ela está agindo estranho. Ela saiu do meu quarto e eu me deitei, olho meu celular e vejo quarto chamadas perdidas de Diego, olho a hora. Atrasado.

— Ir ou não ir, eis a questão... —Murmurei.

Quero tanto adiantar uma conversa com Diego, mas eu tenho um trabalho agora e isso não se pode deixar de lado mesmo... tendo transado com meu chefe, depois fugido da casa dele.

— Foda-se.

Levantei da cama e entrei no banheiro segurando a roupa para ir trabalhar.

(...)

Entrei na sala de computadores, Ruan está olhando alguma coisa em seu computador empoeirado e ao mesmo tempo mexe em seu anel no dedo, não percebi que ele é comprometido. Chamo sua atenção, ele se vira na cadeira ajeitando seus óculos.

— Estamos prontos?

— Estamos... Preciso que imprima os dados e envie os vídeos de segurança para um pendrive. Tenho que marcar uma reunião.

— Farei isso o mais rápido possível, Hall, você sabe o que aconteceu com o chefe?

— Não... Porque?

— Ele veio aqui na sala umas oito vezes, e sempre perguntando por você.

— Vou me encontrar com ele. Obrigado.

Ele assente. Respiro fundo algumas vezes tentando controlar as batidas do meu coração, forço meu corpo a ir em direção a sala de Diego que consequentemente é onde fica minha mesa de trabalho. Bati na porta, mas não obtive nenhuma resposta... Bati novamente... Entrei.

Está vazia.

Aproveito esse momento e vou para minha mesa antes que ele chegue, acho que meu medo de encara-lo é maior do que tudo agora. Não quero que ele se jogue nos meus pés e me peça perdão, ou alguma coisa assim. Talvez nem faça isso, talvez esteja espumando de raiva e acho que não o julgaria tanto.

A porta é aberta, passando por ela Diego e Tiago, ele está com a mão no ombro de Diego e sorri largamente, mas seu sorriso some quando ele me vê já Diego amplia sua carranca e abre um enorme sorriso.

— Você voltou. —Ele fala

Não sorri para nenhum dos dois. 

Minha Salvação | Série Irmãos Laurent-(Livro 1) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora