CAPÍTULO I

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- Me passa a manteiga ! - eu disse esticando meus braços curtos rumo a minha mãe , logo reparei a partir da costura do meu moletom que minha blusa se encontrava avessa

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- Me passa a manteiga ! - eu disse esticando meus braços curtos rumo a minha mãe , logo reparei a partir da costura do meu moletom que minha blusa se encontrava avessa . Foi quando ela se inclinou sobre a mesa que bambeava com seu peso "sua blusa esta avessa " disse. Assim como ela   repliquei em tom baixo "eu sei" , me larguei em direção ao quarto ,enquanto caminhava pelo corredor de ladrilhos azuis pulando as riscas , olhava meus pés me sentindo como um astronauta .
            Entrei em meu quarto .
  Me direcionei ao espelho sem muito pensar conseguia ver por cima de meu reflexo as digitais que meus dedos haviam deixado . Tomei boa parte do meu tempo concentrada nele reparando em meus olhos negros tão negros quanto oque estava por vir em minha vida mal sabia ,que ali , naquele momento ela nunca mais seria a mesma .

   Após virar a blusa estava pronta para me retirar do quarto quando fui surpreendida por um grito ensurdecedor vindo da cozinha , assustada desta vez não podendo reparar em meus pés corri até a cozinha . Logo que cheguei me deparei com o rosto aterrorizado da minha mãe ao telefone " era sua tia " ela disse  o abaixando.
  Minha felicidade foi embora como sol em um final de tarde , o assunto realmente era sério.
- Mãe oque ... aconteceu ? - disse estendendo minhas mãos até tocar seu ombro.
   Lágrimas de tristeza escorreram sobre seu rosto.
- Agora não Vivian - Maurício desça já aqui !
- Vá para o seu quarto filha !
  Estava confusa e preocupada , o que poderia ter acontecido? mesmo curiosa obedeci e fiquei em meu quarto.
Parecia que o tempo tinha escutado ela gritar, e minutos depois um alto trovão soou lá fora , o que tornava aquele dia ainda mais sombrio.
  Por um momento acreditará que aquela manhã seria a pior de toda minha vida porém não esperava o que viria.
  Os trovões que gritavam lá fora não me atrapalhavam nem um pouco de escutar a briga que estavam tendo .
- Paredes finas - sussurrei enquanto observava os meus pés sentada sobre a cama .
   Meus olhos poderiam estar focados em meus pés porém meus ouvidos não, escutei coisas como :
"Como você pode deixar ele dirigir aquela moto Maurício ? "
" Amor , olha , é melhor a gente não brigar tem que ir lá ver ele e ... "
" E oque ? Você nem sabe se ele tá vivo Maurício , como você pode deixar um menino de 16 anos dirigir uma moto !"
" Ele disse que só ia no mercado , era rápido !"

  Não podia acreditar era o meu irmão Nicolas, ele nem tinha carteira de motorista.

  O meu coração começou a acelerar ,de repente estava eufórica e ficava passando aquela cena na cabeça, de nunca mais poder vê-lo nunca mais poder sentir os dedos dele tocarem a minha cabeça e dizer" tchau baixinha".
Ele não é um menino educado mas ele tem um grande afeto por mim.
   Uma vez minha mãe me contou um tempo atrás ,que quando ele me segurou pela primeira vez ele não quis mais me soltar dizia "eu adolei ela mamãe agora tenho ela para brincar de calinho comigo".

    A relação entre meu pai e minha mãe não estava das melhores ,meu pai se tornou um homem relapso e folgado e ela uma mulher brava e impaciente.
Sabia que o amor entre eles tinha ido ralo abaixo mas não sabia que teria acabado ali.
A porta da frente bateu.
De repente o barulho do motor do nosso Fusca tomou o silêncio, esse era o som que dizia "Adeus e até logo ".
   Não aguentei corri para a cozinha a -abracei disse que eu estava ali que ajudaria, enquanto sussurrava em seu ouvido meus olhos sederam e uma lágrima se tornou um mar.
     - Filha , vá se trocar nós veremos seu irmão - disse entre soluços .
     - Mas , onde meu pai foi mãe ?
     - Ele foi para onde deveria ir , agora  vai , vai logo se troca , estou preocupada com o Nicolas  ! - disse .
       Peguei o meu óculos e calcei meu AllStar, estava muito preocupada com o meu irmão ,mas também queria saber o que iria acontecer com meu pai e para onde ele estava indo.
        - Sua tia disse que ele está no hospital vamos ! - colocou seu casaco amarelo por cima do pijama e agarrou meu pulso me puxando até a porta .
      Mal deu para escutar a buzina do carrinho da minha tia  que entrava depressa em nosso quintal , o barulho do meu coração  insistia em soar mais alto na minha cabeça .
         
                               * * *

  No caminho para o hospital observava um pequeno caderno que guardava sempre dentro do bolso, junto a vários papéis de bala ,  ele era minúsculo e havia ganhado quando tinha apenas 5 anos pelo meu irmão .
   Quando me deu disse que naquele caderno poderia escrever tudo que sentia, por quê assim a qualquer distância que ficasse dele seria como se ele estivesse ali.
     Relembrava aquele momento enquanto admirava  sua capa azul  .

      " Será , será que devo escrever oque estou sentindo nele ?"

     Procurando algo que me fizesse esquecer esses sentimentos olhei ao meu redor ,mas oque encontrei foi um céu cinza, que era o resultado depois de um temporal .
      Fiquei meio relutante quanto a escrever nele, mas resolvi encarar meus medos ,agarrei  o tal caderno com as duas mãos e o observei por um instante .
       - Sete anos - sussurrei enquanto encarava-o .
     Meus pés  batiam de nervoso e meus joelhos dançavam se enroscando um nos outros .
      O abri e encostei suas linhas sobre a ponta do meu nariz , o caderno de folhas amarelas ainda tinha cheiro de novo, e quase podia sentir o aroma do perfume de flores que eu tanto gostava .
      Afastei meu rosto dele e pude ver claramente a letra garanchosa que o preenchia  por inteiro.
      No final da folha havia um desenho feito totalmente de giz, nele se via eu e meu irmão de mãos dadas e com um sorriso de ponta a ponta.
      Com os olhos marejados peguei o primeiro giz que encontrei no banco do carro , onde  sempre desenhava .
     E finalmente escrevi :
" Estou confusa ninguém me explica oque te aconteceu, tenho medo de te per..."
     Lágrimas são derramadas sobre o papel que enruga na hora.
     Foi quando o empurrão do carro me assusta , estávamos no Hospital de Sedona  .
      Isso queria dizer que já já eu  o veria e eu tinha muito medo disso.

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Finalmente publiquei o primeiro capítulo do meu tão esperado livro , adoro pensar que todo meu esforço valeu apena e os primeiros 7 capítulos já estão prontos para serem publicados , por favor caso tenha se interessado pela história à compartilhe para que mais pessoas a conheçam esse é um projeto do ano passado que fico muito feliz de iniciar sua publicação esse ano .
Obrigada
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⏰ Última atualização: Mar 06, 2019 ⏰

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