Capítulo 8

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Pete segurava o roteiro em suas mãos, fingindo se concentrar na cena que era ensaiada. Seus pensamentos voltavam para o mês anterior, quando ele e Patrick quase se beijaram. Desde então, não tinham tocado no assunto. Cada vez aquele desejo crescia mais, tornando difícil ter uma convivência sem climas românticos. Mas não passava disso, infelizmente.
Seus devaneios foram interrompidos pela voz de Billie:
- Essa é a última cena que vamos ensaiar hoje, então façam direito ou vão ter que dormir aqui!
Focou sua atenção no palco. Ele tinha um dos papéis principais na peça, já o ruivo era o protagonista, tendo que ensaiar mais. Quando percebeu do que de tratava, seus olhos se arregalaram. Era a cena do beijo. Melanie Martinez iria beijar seu homem. Ele sabia que era tudo encenação, só que isso não diminuía o fato de ser doloroso ter que assistir aquilo.
Como se os segundos se arrastassem, finalmente chegou a hora. Seu coração acelerou e ele ficou em pé. Não planejou o que estava por acontecer, entretanto, sabia que nada poderia impedir.
- Não!
- O que? - todos o encaravam confusos.
A proximidade em que os rostos do ruivo e da menina se encontravam irritava-o profundamente.
Ele correu até o local, subindo com uma facilidade desconhecida. Empurrou-a e, sem ligar ao fato de tê-la derrubado, sussurrou para o mais baixo:
- Você é meu, Patrick Stump.
Segurando-o pela gola da camisa, juntou seus lábios. Aquilo tinha sido melhor do que esperava. Sentia que poderia derreter ao toque dele.
Tinha consciência de que tinham pessoas ao seu redor e que elas assistiam a tudo. Mas, sinceramente, não se importava. Já estava cansado de ser sobrecarregado pela opinião alheia, agora seu único pensamento era o de afundar seus dedos naqueles fios vermelhos.
Ao se separarem, ambos buscavam por ar. Aquilo tinha sido intenso, podiam ver pelas expressões dos que assistiam. O professor estava sorrindo, com as sobrancelhas erguidas em surpresa, Brendon e Ryan riam orgulhosamente, Melanie estava de queixo caído - não parecendo se importar em ter sigo derrubada - e os que sobraram estavam muito chocados.
Sentindo seu rosto esquentar, saiu correndo, sem sequer fitar o garoto. "Merda! Merda! Por que fiz isso? Sou tão idiota" entrou no banheiro, ainda se odiando.
Lágrimas escorriam por suas bochechas, aquilo tinha sido tão bom, por que se sentia culpado? Os sentimentos de chocavam dentro de si de uma forma inexplicável.
Queria mais.
Queria sentir aqueles lábios contra os seus novamente.
Queria tocar aquela pele pálida com tanta força que deixaria a marca de suas digitais.
Queria sentir o sabor de seu beijo e ir além.
Se queria tudo aquilo, qual a razão de se sentir mal? Não podia entender o que acontecia em seu interior. Ele nunca tinha se apaixonado antes, como poderia saber lidar com aquilo?
Batidas na porta interromperam seu confuso raciocínio.
- Ei, criança, isso foi... - a voz de Billie era calma.
- Impróprio? Imprudente? Errado? Imoral? Eu sei. - gritou, sentindo seus olhos marejando novamente.
- Calma, cara, ia dizer incrível. Não teria coragem pra fazer isso.
Os passos foram lentamente se distanciando, deixando-o a sós a pensar sobre aquelas palavras. Será que Patrick pensava o mesmo? Esperava que sim.
Mais batidas na porta.
- Pete? Pode abrir para mim? Por favor?
Após destrancar a porta e antes que pudesse sequer se desculpar, seu corpo foi jogado contra a parede fria. O rosto do ruivo estava extremamente próximo do seu, podia ver algo diferente em seus olhos. Não era a mesma expressão doce ou preocupada de sempre. Nem mesmo a iritada. Parecia algo como desejo..?
- Trick, me de-desculpe...
- Te desculpar pelo que?
- Por ter te beijado na frente de tantas pessoas.
- Quero que você me beije. Como se ninguém estivesse nos vendo. Sim, eles vão falar. Mas não importa o que dizem. Só quero que eles vejam que não há ninguém no mundo melhor para mim do que você.
Ele não conseguiu responder, pois logo o outro uniu suas bocas.  Foi diferente dessa vez. Ambos tinham certeza do que estavam fazendo - e de que gostavam muito daquilo. Pete puxou Patrick para mais perto de si - se é que isso era possível -, colocando as mãos em seu pescoço. Haviam sonhado tanto com aquele momento, era quase impossível se controlar apropriadamente.
Ao se separem, tinham os lábios levemente inchados e vermelhos, a respiração desregulada e o coração batendo em um sentimento novo e único.
- Uau - sussurrou.
Finalmente ele tinha conseguido! Havia beijado seu Sr. Uau. Seu Patrick. E pretendia nunca deixar de fazer aquilo.
O mais baixo passou a língua sobre o lábio inferior, sorrindo.
- Você beija bem.
- Tem certeza?
- Acho que deveríamos testar mais uma vez.
- Com certeza.
E assim passaram os próximos minutos a se beijar em uma pequena cabine do banheiro masculino. Não importava, só precisavam um do outro.

Sr. Uau ●Peterick●Onde histórias criam vida. Descubra agora