Capítulo 13: “Bipolar”
“Ela era parecida contigo.” Ele sussurra, engasgando-se a rir. Sorrio para ele e sento-me na pedra húmida, ignorando as minhas calças encharcadas. O Harry lentamente senta-se ao meu lado, dando-me um pouco de espaço.
“Ela era, não sei, ela era alguma coisa.” Ele diz, olhando para a relva e puxando uma erva daninha. Observo a expressão facial dele, querendo-lhe dizer alguma coisa, dizer-lhe que sei. Sei o que se sente quando se perde alguém… mas não posso.
“Namorei com ela alguns meses, nada muito sério. Depois de algumas semanas da atuação dela… ela disse-me que tinha linfoma. Ela escondeu-me o facto de ter desmaiado no mês passado mais de cinco vezes. Quando finalmente foi ao médico, era mais grave do que pensava.”
Oh meu Deus.
“Ela saiu imediatamente da Marson. Estava perto do Liam e do Niall, bem Niall… Eles ajudaram-me, mas eu estava apenas, tão chateado com ela. Não podia acreditar que ela não me tinha dito que não estava bem. Nesse dia, pensei em todas as coisas que há um mês atras podia ter feito por ela. Ele podia tê-la salvo.” Ele sussurra. Os meus olhos estão a lacrimejar, só de imaginar a dor de se sentar ao lado dela, da Julia. Enterrada sob a terra.
“Estava tão chateado que por um par de dias depois de ela ter saído do hospital eu… eu perdi o bom senso.” Ele respira, fechando os olhos. Ele não falou por um momento e quero ajudá-lo, para lhe dizer que não tem que continuar.
Mas a minha curiosidade ganha o primeiro lugar. “Como assim?” Sussurro, colocando a minha mão em cima da dele, dando-lhe um leve aperto de encorajamento.
“Bati-lhe.”
Tiro a minha mão da dele e segura-o no meu colo para mantê-lo firme. De repente, sinto-me exposta e ligeiramente mercurial. A minha mente quer que recua e fuja, mas o meu coração está a pesar para baixo.
“Ela estava a gritar, a dizer que não queria que me preocupasse com ela e eu fiquei louco. Era a minha obrigação preocupar-me com ela e ela nem sequer me deu a merda de uma chance! Então sim, simplesmente não podia suportar ouvi-la gritar e os seus ossos frágeis e eu só… a minha mão nela…” Ele sussurra com horror.
Teria esperado de mim mesma estar a fugir agora mesmo. O pensamento do Harry a bater na Julia lembra-me o que sentia ao ser golpeada e estrangulada. Um raio de eletricidade choca na minha espinha e tremo.
“Foi o último dia que falei com ela.” Ele diz, limpando o nariz.
“Harry…”
“Oh, não, isto fica melhor.” O Harry ri pateticamente.
“Quase um mês depois o Liam disse-me que o Niall a foi visitar muito. Julia nunca foi amiga do Niall antes de namorarmos então fui verificar e claro, foi exatamente o que não queria ver. O segurança tirou-me do quarto dela mas rápido do que ela pudesse gritar “idiota”. Niall era o que ela queria num rapaz, de qualquer das formas.” Ele dá de ombros, como se ele tivesse a esconder que, na verdade, ainda o incomoda.
“O Niall tentou desculpar-se, mas estava tão zangado com ele. Ele sabia que a amava. Fui todos os dias, sentava-me encostado à porta, a pedir apenas uma hipótese para me desculpar. Mas quando me sentava lá, sem iniciativa para nada, ela estava a ficar mais fraca. De seguida, depois de alguns meses, parei, tive algumas discussões com o Niall, comecei a beber outra vez e mais tarde recebi um telefone em dezembro da mãe dela. Ele morreu durante o sono.”
Não sei o que dizer. Há muito para dizer. A minha mente esta sobrecarregada.
“Não tiveste culpa.”