Em uma Taverna de Vesta, uma cidade-estado do Império de Kavicta, os aventureiros, viajantes e moradores da cidade estão reunidos para ver o show do bufão que chegou a alguns dias nas cidade. O palhaço viajante chamou a atenção desde que chegara, uma figura estranhamente bela com um visual comico e colorido caminhando a passos largos com um alaúde quebrado, que logo seguiu para o templo mais próximo por algum motivo antes de se alojar em um dos quartos no andar de cima da taverna mais badalada da cidade.
O bufão começou seu show com malabarismos e magia, transformando os objetos no meio do ar, de elementos como esferas de fogo e água até animais e pequenos diabretes que vibram ao serem jogados e reclamam ao cair. O público se diverte vendo o bufão, que continuou o show se pendurando no candelabro da taverna e cantando uma música zombando das pessoas e de si mesmo enquanto finge que toca seu alaúde quebrado.
Ele terminou pulando do candelabro, girando três vezes no ar até cair de pé sobre uma mesa, mas a mesa quebrou no meio fazendo ele cair de pernas abertas sobre a madeira central que sustentava a mesa e soltou um grunhido fino e primitivo que por um efeito psicológico quase dois terços das pessoas puderam sentir e fizeram caretas de dor antes de rir. Até o dono da taverna riu sem se preocupar com o prejuízo.
Outros músicos e artistas se apresentaram após o bufão, o povo estava empolgado com a aura de festividade que ele gerou.
E após um descanso e algumas bebidas, ele subiu no balcão de madeira da taverna e começou outro show com duas palmas para chamar a atenção das pessoas."Ei, vocês já ouviram uma boa piada vinda dos svartálfar?"
Todos ficam em silêncio, alguns até desconfortáveis porque já conhecem o humor mórbido dos elfos das profundezas.
"Pois é, nem eu."
E o público ri, com exceção de um ou outro aventureiro svartálf. Então o bufão continuou.
"E os draconianos então? Tão orgulhosos do sangue de dragão, mas se comerem ensopado de bahamut com batatas..."
O bufão faz uma careta como se sentisse um cheiro ruim. E o povo ri.
"Dica: Não fiquem atrás deles. O fogo sai por lá também."
Os mais jovens riem mais do que os outros, um guerreiro humano provoca seu amigo draconiano com uma leve cotovelada e risos.
"Relaxa, eu sei como é isso. É só eu comer qualquer coisa cozida pelos Garos."
As orelhas de um grupo de garo mudam de posição, estão atentos e ofendidos.
"Fala sério, eu não daria aquilo nem para o meu cachorro. E olha que eles são tipo cachorros!"
O trio de homens lobos se levanta com espadas em mãos, mas um meio-orc se levanta também e os para com seu braço desproporcionalmente grande. Uma encarada do gigante com presas salientes para para os lobisomens recuarem com o rabo entre as pernas.
"Eu tinha uma piada sobre orcs, mas esqueci ela."
"Vá em frente! Eu não me importo com o lado podre do meu sangue."
"Nossa, que dramático... Ei, vocês já notaram que todos aventureiros tem algum passado dramático?"As pessoas se entreolham pensando nisso.
"Caramba! Parece até que o pré-requisito pra isso é não ter pais. Você vai entrar numa guilda e tá lá pra você marcar: Seus pais mortos? Checado. Busca vingança? Checado. Renascido de outro mundo? Checando."
O público ri porque é verdade, principalmente um grupo de aventureiros que tinha um goblin, um slime, uma aracne e uma dríade.
"Mas acho que a maior figura de todas são os reis. Nossa, como eles se acham!"
O povo fica ainda mais atento quando o bufão começa a falar sobre os nobres dessa maneira, algo que só estes comediantes podem fazer publicamente.
"O Imperador daqui parece um cara muito legal, mas eu acho que ele pensa que é o próprio Hodrion. Fica todo 'Eu sou o rei da luz' e querendo tomar tudo pra ele."
Um paladino do deus do Sol e leal ao Império Kavicta se levantou apontando.
"Cuidado com o que fala!"
"Eu posso falar o que eu quiser!"O bufão mostrou a língua fazendo uma careta digna de uma criança.
"Inclusive não tenho medo de falar nem da Verata. Verinha para os íntimos, né vampiros?"
Os vampiros escondidos ali desviam o olhar, a rainha lich é uma vergonha para linhagem Edel pois ela enganou eles mais de uma vez.
"Eu não posso nem contar as coisas que ela e Eleanor fizeram! Uma vez elas até deceparam a mão de um cara e..."
"Para por aí! E é Rainha Eleanor, palhaço!"
"Tá. Rainha Eleanor palhaço."O servo morto-vivo do vampiro coloca a mão no ombro do amigo.
"Nem tenta, é um bufão. E também, você sabe que é verdade."
"Eu sei! Mas como ele sabe?! A Verata espalhou?"
"Nem, eu tava lá também. Eu sempre estava. Até cair."O bufão faz uma careta enburrado e cruza os braços, então dá um sorriso perverso.
"Sabe o que eu acho mais engraçado? Ter tantas religiões pra tão poucos deuses. Eu até entendo humanos preferirem Hodrion e anões gostarem do Borgeno, mas pra que fazer um monte de religiões com eles mais um ou dois e ignorar todo resto?"
O povo não entende bem o que o bufão quer dizer.
"Mas pelo menos não somos aqueles caras do sei lá o que do destino né?
Algumas pessoas riem, outras não riem por respeito e uma elfa clériga se levanta, pelas roupas dela é notável que pertence a religião do Destino.
"Isso é ultraje! Nossa fé é verdadeira! Se você abrir seus olhos para verdade verá a mão divina dos Mestres do Destino agindo sobre nós!"
"Olha moça, sem ofensas, mas vou direto ao ponto: teu deus não existe."
"O que?!"
"Ei ei vai com calma, minha sobrinha também acredita nisso então respeita ok?"
"Com todo respeito 'seu Taverna', eu conheço os deuses melhor do que vocês. "
"E como um palhaço como você sabe mais do que uma fiel serva dos Mestres do Destino como eu?"O palhaço então riu de forma debochada e levou a mão ao rosto, ele retirou sua face como se fosse uma máscara de plástico que então se transformou em borboletas brilhantes e coloridas que voaram para longe de sua mão. Todos que viram seu rosto então começaram a rir e festejar sem saber porque, riram até chorar e então começaram a perder o ar e então se desesperam, mas não conseguiram parar de rir e dançar em uma histeria coletiva que rapidamente se espalhou pela cidade até que as pessoas começaram a desmaiar de exaustão ou falta de ar e ela partiu da cidade caminhando com seu alaúde quebrado nas costas.
O bufão não era um simples mortal, nem era um demônio ou espírito travesso. Ele era a deusa das festas, travessuras e alegria em forma humana, era Tolbara das Mil Personas. Ela continua vagando eternamente por Naestria e não permitida de retornar a Hevensgoll, o lar dos deuses, até que sua maldição seja quebrada e o sua arma divina retorne ao estado original.
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Contos De Naestria
FantasyUma coleção de contos do mundo de Outra Light Novel de Nome Grande, Ascension of Demonlord e também cenário de RPG, o planeta Naestria.