Capítulo Vinte e Sete

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  — Essa era eu, aos 14 anos —  Ela mostrou a foto dela, uma menina de olhos verdes chamativos e cabelos longos que estavam bem penteados.

Sofia estava sorrindo para os dois, enquanto Fred estava trazendo alguns cupcakes.

Sofia tinha seus cabelos cinzas, com um sorriso caridoso e usava uma flor no cabelo. Seu marido, Fred, era um pouco mais velho do que ela. Um senhor simpático e muito dócil.

—  Cupcakes vermelhos para os rapazes —  Ele deixou na mesa —  Vou dormir, quer ida.

—  Escove os dentes e não deixe o Eiffel dormir no meu travesseiro —  Ela deu um beijo na testa dele —   Je t'aime.

  — Je t'aime plus —  Ele respondeu —  Tchau meninos.

Ele saiu rapidamente para o quarto, com um gatinho —  Eiffel —  O seguindo. Os meninos ficaram olhando os álbuns de fotos de Sofia, enquanto ela falava.

—  Jamil está bem então? Eu sempre soube que ele ficaria bem —  Ela ficou triste —  Mas desejava eu que ele ficasse com Charles.

—  Estamos em busca disso, Sofia —  Liam respondeu —  Benito disse que tínhamos que falar com você.

—  Eu sei o porquê —  Ela passou mais uma página de fotos —  Minha mãe abrigou Jamil em 1956, quando aqui era uma pensão.

—  O que você pode nos falar mais? —  Zayn tirou o moleskine da bolsa.

—  Ah, minha mãe tinha uma pensão desde da década de 40. Marshela Ludovic, era o nome dela. Meu pai havia sido um soldado da segunda guerra, que morreu em combate. Ele morreu antes de me conhecer, então eu só tinha fotos e lembranças dele. Quando ela viu que não tinha jeito para trabalhar com bancas de frutas depois da Segunda Guerra, ela resolveu abrir a pensão. Herdou um dinheiro, e pronto. A Pensão da D. Marshela conquistou a rua. Minha mãe era uma mulher muito católica, devendo devoção á Santa Maddona. Cada filha era devota á uma Santa. Eu era devota á Santa Madalena. 

—  A deusa das prostitutas? —  Zayn ergueu a sobrancelha.

—  Digamos que nem todas as irmãs daqui eram santas —  Sofia riu —  Minha irmã mais velha era prostituta. Trabalhou com Pepe, mãe de Genevieve, quando eu era criança. Um dia, ela ficou severamente doente, quando um cliente a espancou por não querer pagar. Minha mãe não sabia do que ela trabalhava, então atribuiu a um ladrão. Ela estava morrendo, então eu prometi que se ela salvasse a vida de minha irmã, seria eu devota á ela por toda a vida. No dia seguinte, o sangue nos pulmões da minha irmã haviam sumido. Desde então, sou devota á ela. E a minha irmã saiu da prostituição.

—  Minha mãe morreu há sete anos atrás. Minhas irmãs moram aqui, em Paris. Mas não vivem muito em irmandade comigo, por raiva á minha falecida mãe. Ela deixou a Pensão comigo, porque eu a ajudava quando criança. Consideram um favoritismo, mas foi justo. Dediquei 40 anos da minha vida á esse lugar. Quando me casei, com Fred, demos a ideia á minha mãe de fazer um hotel. Estávamos na década de 60, as coisas estavam a mudar no mundo. Ela aceitou. Desde 1978, aqui é um hotel. Criei meus filhos e meus netos aqui. 

—  E o que você pode falar do meu avô? —  Zayn perguntou.

  —  Jamil apareceu aqui no natal. Eu me lembro dele chegar com Genevieve. Eu tinha 12 anos, estava de pijamas, quando ele entrou. Subi correndo para meu quarto, porque achei que ele era um mendigo. Quando se era um mendigo, eu acendia uma vela e pedia para que Maria Madalena o protegesse. Depois, desci quando minha mãe me chamou para preparar a cama e o quarto dele. Fui, toda tímida. Perguntei se ele gostava de cobertores finos ou grossos, mas ele não me respondeu. Perguntei de novo, e ele apontou para a boca. Entendi que ele não falava minha língua. Arrumei tudo e corri ao meu quarto. Voltei com um dicionário em inglês, que o padre da igreja me deu, e dei de presente para ele. No dia seguinte, ele falou "Obrigada menina" em inglês. Foi daí que comecei a ser amiga dele. Eu falava inglês devido á escola e porque eu lidava com os estrangeiros para minha mãe. Tinha professores particulares e enfim...

Alabama Song (HISTÓRIA OFICIAL)Onde histórias criam vida. Descubra agora