O que esperar da minha vida a partir de agora?
Digo, o que esperar de mim?
Tenho alma pura como de uma criança, mas também as feridas não cicatrizadas de uma adolescente que eu fui, e da jovem adulta que sou hoje. Não foi tudo sempre tão fácil. A maior parte dos monstros da minha vida foram alimentados dentro de mim mesma. Mas existem monstros humanos, aqueles humanos que fazem de tudo pra tornar sua vida a pior coisa possível. Acredito que isso acontece com muitos. Não sou de guardar rancor, mas não é sempre fácil esquecer a maldade que fazem comigo, pois não consigo. Ninguém consegue. As feridas se marcam no nosso corpo e vão deixando rastros que nunca se apagam totalmente. Sempre terá um traço delas fisicamente ou mentalmente pra nos fazer lembrar que um dia sofremos, um dia nos magoamos, ou nós magoamos alguém, e que isso não será apagado. Porque nós somos assim. Isso pode ser um defeito ou não. Depende da intensidade, da gravidade e da lição que acabamos tendo a partir disso. Ter cicatrizes pode nos servir de degrau pra nos ajudar a crescer ou pode nos fazer cair no poço mais funo e escuro da depressão. Eu, por exemplo, acabo externizando em algum momento toda a agonia que vou sentindo ao longo dos anos. Eu não consigo deixar os piores sentimentos habitarem em mim por anos e anos. Eu fico mal só de pensar que há pessoas assim. Não estou dizendo que perdei tudo o que já me aconteceu. Não mentirei. Eu não coloco perdão na questão, mas falo de não ficar deixando a alma transbordar toda coisa ruim por tanto tempo. Mas contarei agora algumas coisas que aconteceram comigo nesses últimos anos.
Cresci observando tantas pessoas falsas com suas almas imundas de tantos sentimentos lamacentos. Ódio, rancor, inveja. Eu causei tudo isso nas pessoas sem nem ao menos fazer de propósito. E as pessoas resolveram que tinham direito se fazer maldade sem querer medir as consequências de quão prejudicada tornaria a vida de alguém. Sim, tem que gente que gosta de causar esse tipo de sentimento nos outros. Tentaram me sujar com isso, mas eu venho escapando. Ao menos venho tentando.
