Eu te odeio, amor

Parte 1- capítulo 1

- É, mais pra esquerda. 

- Assim? 

- Isso... sim.. isso! 

- Caralh..

- Isso.. meu deus, Douglas!!

-Ok..

- ''Ok'' o quê?

- Nada, to com sede. Quer um pouco de água? - Douglas diz ofegante,  arqueando a sobrancelha apreensivo de uma reação negativa.

- Porra. Logo agora? - Emillie diz saindo de cima de Douglas e puxando a camisinha do pau dele.

-Ai! Não precisava disso. Eu só estou com sede... só isso. - Douglas diz enquanto veste a sua cueca azul desbotada. 

-Com certeza sua sede é mais importante que meu orgasmo. Eu diria que isso é sexismo, mas não vamos falar sobre o elefante na sala, não é mesmo? - Emillie responde com um copo de água na mão, hesitante de entregá-lo à Douglas. 

- Não tem nenhum elefante na sala. Vou embora, ta ok? Quando você quiser terminar o que começamos sem stress, me liga - Douglas levanta se aproximando para beijar a namorada que, no momento não parecia querer um beijo. 

- Pode ser. - Emillie diz virando seu rosto em resposta à tentativa do beijo.

Douglas respira fundo e some atrás das cortinas do quarto de Emillie.

Não é a primeira vez em 1 ano que apassa  gente por uma situação desconfortável. Nesse tempo de relação nunca consegui terminar uma discussão com Douglas porque ele simplesmente levanta, dá um beijo nela e diz que ''mais tarde resolvemos isso'' e quando esse mais tarde de fato acontece, ele age como se nada tivesse acontecido. Eu já cogitei fazer terapia de casal, mas acho muito incomum esse pensamento porque  só tenho 21 e Douglas 24. E não parece ser normal casais tão jovens precisarem de terapia. 

Qualquer pessoa que já usou o Tinder por muito tempo, concordaria que em 5 meses de relacionamento com uma pessoa conhecida por esse aplicativo, se torna  conturbado e a própria Emillie já passou por isso algumas vezes. Mas com Douglas era quase perfeito. Ele tinha apenas 24, trabalhava como lava-jato no quintal dos seus pais e a noite trabalhava em uma lanchonete local. A renda não dava pra muita coisa, mas nunca foi uma questão para Emillie, cujo tinha 21 e estava no segundo período da faculdade de publicidade e propaganda na UFF. Estudos sempre foi uma prioridade para mesma, motivo o qual nunca se importou sobre trabalho, seus pais sempre concordaram em sustentá-la até concluir a faculdade. 

Eu nunca tive que me preocupar muito com questões externas, mas.. quando Douglas entrou em na minha vida.. tudo ficou um pouco mais complicado. Apesar do relacionamento fluir bem, na maioria das vezes, eu sinto  a ausência do Douglas. Sempre que a gente se encontra, ou  transamos ou saímos para beber e tudo começa com conversas triviais  pra no final da noite não lembrarmos nem o caminho de casa de tão bêbados. O relacionamento se baseia nisso. É até legal, mas não sei bem aonde isso vai nos levar porque as vezes sinto que sei tudo sobre ele, que  e estamos conectados, mas tem dias que... ele parece um completo estranho pra mim. Isso é normal num relacionamento? Google pesquisar.