inclua isso no cardápio, Jeon

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Trabalho em uma sorveteria. O sistema aqui é diferente. O cliente vem até mim, faz seu pedido, eu anoto e envio por mensagem para Somin, que prepara tudo. Depois eu grito o nome do cliente e ele vem pegar. Fácil e simples. 

Mas tem uma coisa que mexe com a minha cabeça e não é o meu pescoço. Tem um cliente que vem todos os finais de semana, e isso até seria normal e aceitável, o que me incomoda é o fato de que a cada final de semana ele tem um nome diferente.

Eu me sinto afetado porque sou curioso, mas não só por isso. Eu gostaria de saber qual o nome por trás do sorriso que sempre recebo em agradecimento ao pedido. Não estou dizendo que estou interessando no garoto, mas é exatamente isso que eu estou dizendo.

Ele é baixinho, loiro, geralmente o vejo emburrado quando vem com seus amigos. Eles parecem provocá-lo e ele fica sentado na mesa com uma feição chateada, mas depois que um menino de cabelos castanhos e sorriso engraçado lhe oferece sorvete na boca ele volta a sorrir. 

Eu não sei qual a graça de dizer um nome que não é o seu. Na primeira vez que ele apareceu aqui lembro que disse um nome estranho, nome de algum produto de limpeza. Seus amigos riram muito alto quando ele veio buscar o pedido e ele ria junto. Não entendi, mas aceitei. Vai que era o nome dele mesmo. 

Hoje ele está aqui de novo, junto com os outro cinco, esses que já fizeram seus pedidos.

— Que nome vai querer hoje? — perguntei e ele me encarou com um ohar desconfiado. Balancei a cabeça para um lado e pro outro em confusão. — Digo... Q-qual sorvete vai querer hoje? — ele sorriu de forma doce.

— Creme, por favor. 

Anotei no meu celular.

— Cobertura?

Ele me encarava com um sorrisinho no canto da boca.

— Oi? — me olhou nos olhos.

— Vai querer cobertura no sorvete? — ele pensou um pouco, mas negou. — Nome? 

— Jiyan. — ah, olha só a novidade. Um nome que não era esse na semana passada.

— Tudo bem, Jiyan. — enfatizei "seu" nome e ele riu, caminhando até sua mesa. 

Qual é a dele? Por que simplesmente não pode dizer o próprio nome? Será que não percebeu que eu já notei esse mania que ele tem de falar nomes aleatórios?

— Cada encarada que você der no meu amigo me deve um real de desconto — um dos amigos do loirinho falou.

— O quê? — olhei pra o loirinho novamente e o amigo dele em minha frente riu.

— Menos um real para você, mais um real pra mim. — disse ainda rindo.

— Você não pode determinar isso! — gritei. Senti o olhar do loirinho pesar sobre mim e o encarei, logo ele desviou, tendo as bochechas mais rosadas que o normal.

— Agora são menos dois reais. Continua desse jeito que eu vou acabar tomando sorvete de graça hoje. — disse rindo. Ele só sabe fazer isso? Que menino debochado.

— O que vai querer hoje? — tirei meus olhos do loirinho e passei a encarar o moreno em minha frente, esse que sorria de maneira estranha. Ele colocou a mão do bolso e soltou um riso abafado.

— O que eu quero? Eu quero saber o que você quer com ele. — apontou na direção do garoto de bochechas gordinhas e eu segui a direção que seu dedo apontava. Droga. — Menos três reais. Continue assim, estou adorando. 

— Não quero nada com ele.

— Você quer sim.

— Não quero não.

Seu nome, por favor? Onde histórias criam vida. Descubra agora