1 - O Próprio Demônio

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Era uma noite chuvosa de dezembro e lá estava Ether, uma garota ruiva, branca, de olhos azuis penetrantes, sentada perante uma mesa lendo um grande e grosso livro: O Verdadeiro Jeff The Killer. Bom, aquele era apenas mais um de seus milhares de livros de creppypastas que ficavam guardados em uma grande estante de mármore em seu quarto. O local era munido por uma cama de casal, uma escrivaninha, a grande estante, livros espalhados por toda a parte e uma pintura opaca.

— Não podemos dizer que ele era tão mau assim. - sussurrou para si mesma ao findar um capítulo o qual contava a história do pequeno Jeffrey antes de ter a sua vida totalmente destruída. E não, não se tratava daquele fatídico conto do garoto que, cansado de ser capacho de adolescentes babacas, se revolta, deforma seu rosto e mata todos ao seu redor. Essa era um pouco mais profunda. A família de Jeff se residia  no Kansas - USA, e a família era munida de cinco pessoas: ele, um casal de irmãos e seus pais. É contado que a família estava a jantar quando um indivíduo portando um capuz sobre sua face, e um facão em mãos adentra sua casa e mata toda a sua família a sangue frio, poupando apenas o garoto.
"— Você precisa saber a verdade e apenas os matando poderia fazer isso, pois eles jamais aceitariam. -" dizia o homem desnorteado enquanto Jeff munido pelo terror, possuía em sua face uma expressão aterrorizada e lágrimas incessantes rolando por seu rosto. Ele choramingava baixinho enquanto o homem amarrava os seus braços magros atrás da cadeira.
A sala de jantar havia virado uma total carnificina. Sangue por todo lado, membros espalhados por todo o chão e insetos já estavam marcando presença no local. Para piorar, o psicopata havia posto a cabeça decepada da mãe de Jeff sobre a mesa, a olhar para ele. Ela estava com os olhos abertos e parecia não haver alma, apenas terror neles e: morte.
O homem então, ao terminar de amarrar o garoto, sentou-se a sua frente, do outro lado da mesa e sem tirar o capuz disse:
" — Sei que muito foi tirado de nós, principalmente de você, que ao invés de saber a verdade, foi alimentado de mentiras a sua vida toda. Eles não eram a sua família, você não pertencia a eles. Eles te roubaram de mim. Eu sou o seu pai, pequeno Jeffrey."
O quê? Era a única frase que martelava na cabeça do pequeno garoto de onze anos.
" — Eles te tiraram de mim por não crerem eu ser capaz de cuidar de você. Diziam eu ser um bêbado nefasto que só traria desgraça para a sua vida. Mas você, mais do que ninguém deve saber que isso é uma total mentira. Eu sinto muito.. muito, garoto pelo ocorrido com a sua mãe. Você não se lembra, óbvio, ainda era um bebê, mas ela queria me tirar de você também então... Eu a afastei. Para sempre"
Pausadamente dizia o homem com a voz embargada enquanto seus olhos dançavam pelo rosto da criança. Jeff havia herdado seus olhos, vividos e brilhantes.
" — O que... você fez com ela? Você.."
" Não importa. Agora você é meu!!" Apenas proferiu e com o cabo do facão apunhalou a cabeça do garoto, o fazendo desmaiar.

Já estava tarde e logo Ether teria aula, então a garota ligeiramente fechou o livro e o deixou ali mesmo. Desligou seu a abajur e como já se encontrava pronta: de pijama e dentes escovados, apenas se deitou e cobriu seu corpo com um cobertor.
A noite se passava tranquila, embora ainda chuvosa, quando, pela madrugada, ao marcar no despertador 4:30 o soar da música fix you - Coldplay, invadiu o quarto de Ether, denunciando o horário de levantar, mas usualmente o seu horário era apenas as 6 am. Com os olhos pesados, a garota ainda com as vistas embaçadas olhou a hora no despertador
— Mas que diabos? - levou sua destra ao aparelho e o desligou, ainda tentando entender como o horário programado havia mudado. Prontamente, posteriormente, se pôs sentada na cama, com o despertador em mãos para programa-lo corretamente desta vez, mas havia algo diferente no local. Havia uma brisa fria e gélida ali. Estranhando o evento, levou seus olhos a janela e percebeu a mesma estar aberta. Franziu o cenho e receosa caminhou até lá, logo a fechando, jurando para si em mente ter fechado.  Percebi ainda que havia pingos de água sobre o seu livro que havia deixado sobre a escrivaninha. Sim, a escrivaninha ficava perante a janela. Por pouco não havia molhado tudo e isto punha a prova que a janela havia sido aberta há pouco tempo.
— Enfim... Acontece. - afagou seu cabelo e voltou-se para a cama, depositando o despertador na cabeceira, deitando-se novamente.

— Não com todas as garotas. - sussurrou uma voz seca e rouca para a garota já em um sono profundo. Aos poucos, a sombra fantasmagórica fora dando lugar a um garoto muito pálido, magro e com cicatrizes em todo o seu rosto. Portando roupas maltrapilhas e um sorriso perverso.
Ligeiramente e silenciosamente, o estranho se aproximou de Ether, alisando o rosto da menina, com seu indicador magro. — WAKE UP, MY DEAR! - o garoto gritou estrondosamente soltando uma risada maquiavélica em momento seguinte, fazendo a adolescente pular da sua cama e denunciar um grito, impedido pelas mão do ser sobre seus lábios.
— Calada. Agora, vamos fazer um passeio, hehe. -
Ether não podia gritar e estava aterrorizada ao ver que, embora acreditasse e temesse muito, ela sabia muito bem quem estava a "raptando".
Um passeio? Tá doido?
Não queria ir, nem fodendo iria, então com o seu instinto de sobrevivência apenas mordeu a mão do garoto que desferiu um grito de dor e ódio, retirando sua mão e se afastando bruscamente para trás. Ether correu então com todas as suas forças para a porta do quarto, mas antes que chegasse perto dela foi interrompida por Jeff que apareceu em sua frente.
— Saia da minha frente agora, seu monstro!! - choramingou enquanto tentava controlar seu corpo contra uma tremedeira incessante.
— Se acalme, dear, pois eu sou o próprio demônio. -  antes de qualquer ação impensada da menina, Jeff  a empurrou a fazendo cair desacordada no chão. A pegou em seus braços e pulou a janela, correndo para o bosque das Águas negras, cantarolando uma música. Dentre as árvores, podia se sentir a presença do tão temido Slenderman e o "homem" estava curioso quanto a demasiada felicidade do adolescente.
"Tão feliz apenas porque irá matar uma ruivinha?" Se perguntava, mas ele sabia que era mais do que isso. Ele sentia algo que nunca havia sentido ali: afeto.

Glass [Jeff the Killer]Onde histórias criam vida. Descubra agora