Momentos de nós dois

Preciso de você

Ficou paralisado pelo que pareceram horas. Tentava, em vão, entender de alguma forma a situação que se apresentava em sua frente. Era óbvio que ela tinha estado em alguma festa, a roupa e a garrafa de cerveja a entregavam. Pela sua voz, embargada e manhosa, também ficou claro que ela havia bebido muito além da conta. Mas o que tinha acontecido de tão grave para que ela estivesse ali, toda encharcada, sentada em sua porta?

Por mais que as dúvidas lhe corroessem, não ficaria ali parado enchendo a morena de perguntas. Sabia bem que quando ela estivesse pronta ela falaria, e ele estaria mais do que disposto a escutar. Por hora só queria cuidar dela.

Recuperado de seu susto, agachou-se e a tomou nos braços. Ela estava gelada e não protestou quando os braços fortes a levantaram. Segurou-se nele com todas as forças que lhe restavam e aninhou sua cabeça no pescoço do moreno. Soube, naquele momento, que aquele era o lugar mais seguro do mundo.

"Meu Deus Agatha, você está tremendo!" Ele exclamou, visivelmente preocupado, enquanto carregava o corpo gelado para dentro de seu apartamento.

A colocou sentada no sofá e correu em busca de alguma coisa para tentar aquecê-la. Voltou o mais rápido possível e embrulhou uma manta em volta de seus ombros. Se agachou em sua frente e deslizou as mãos para cima e para baixo nos braços em uma vã tentativa de fazer com ela parasse de tremer.

Agatha ainda não tinha falado desde seu fraco "oi". Mal tinha se movido. Se duvidar não havia nem piscado. Estava, no entando, consciente de tudo que estava acontecendo ao seu redor. Podia sentir as mãos de Rodrigo em seus braços. Sentia a respiração dele. Estava perto demais. Se emocionou quando viu nos olhos dele o quanto estava preocupado. Não sabia se culpava o álcool por isso, ou o turbilhão de sentimentos confusos que o amigo andava causando nela, e que a estava enlouquecendo.

Fechou os olhos e suspirou, uma lágrima fria e solitária correu por sua bochecha. Sentiu a mão quente de Rodrigo limpar seu rosto.

"O que foi, Agatha?" Ele não aguentou, precisava perguntar algo. Vê-la assim, tão frágil, estava lhe partindo o coração. Daria tudo pra ver aquele sorriso que ele tanto amava.

"Agatha." Ele repetiu, quando ela não respondeu.

Os olhos verdes se abriram e o fitaram.

"Eu só... só queria sair daquela festa." Ela explicou, baixinho, evitando o olhar dele. "Eu queria estar aqui."

Aquilo lhe acertou em cheio, seu coração se partiu em milhões de pedacinhos. Queria envolvê-la no seu abraço e nunca mais a deixar sair dali. Seus olhos não desviaram dela, não conseguindo esconder o quanto estava confuso com tudo aquilo.

Quando viu que ela não iria mais falar, pegou sua mão e beijou, trazendo a atenção dela de volta para ele. Sorriu calorosamente, aquele sorriso que a derretia por dentro. Ela apertou sua mão, lhe agradecendo silenciosamente por ser tão maravilhoso.

"Vem cá." Ele falou, já mais calmo, se levantando e a puxando consigo. "Você precisa de um banho quente, precisa parar de tremer."

Praticamente a carregando, afinal ela ainda não estava em condições de fazer muitas coisas sozinha, ele a guiou até o banheiro de seu quarto.

Ligou o chuveiro, deixou a água morna, e se voltou pra ela para ajudá-la a tirar as roupas molhadas. Agatha ainda tremia, não tão intensamente como antes, mas tremia.

Com a ajuda dele tirou as botas e o vestido, ficando somente de calcinha e sutiã. Não se sentiu exposta ou envergonhada, não havia nada de sensual naquilo. Rodrigo estava apenas cuidando dela e ela lhe seria eternamente grata por tudo aquilo.