10 - Olhos de esmeraldas

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  TALVEZ EU QUISESSE apenas irritar o Tyler, mas sair da festa estava fora de questão. Eu queria agitar o corpo, beber até não aguentar mais e sentir a adrenalina correr pelas minhas veias ao som da música alta. Ele não podia tirar isso de mim. Tentei abrir a porta do carro, mas para a minha infelicidade, estava trancada. Pensei na possibilidade de quebrar a janela e sair por ela mesma, mas seria muito prejuízo para mim. Pensei até mesmo na possibilidade de quebrar a janela com a cabeça dele, mas o prejuízo seria o dobro.

— Ei! — Reclamei, tentando abrir a porta novamente — Eu quero voltar para festa!

— Não adianta, você não vai conseguir sair — Falou mau-humorado — E você vai quebrar a porta se continuar puxando desse jeito.

— Escuta aqui, você não tem o direito de... — Senti algo embrulhar em meu estômago e coloquei as mãos na boca, como se aquilo fosse impedir o que quer que quisesse sair da minha boca.

— Merda! — Tyler resmungou e abriu a porta com uma rapidez tão impressionante, que eu nem consegui acompanhar seus movimentos.

  Ele segurou meus cabelos e acariciou as minhas costas, enquanto eu colocava tudo para fora.

— Como você está? — Perguntou, assim que eu me encostei no banco e consegui respirar.

— Eu acabei de colocar as tripas para fora, como você acha que estou? — Resmunguei.

— Isso que dá beber mais do que deveria. — Tyler ligou o carro e deu partida.

— Eu estou com fome — Reclamei, enquanto passava a mão pela minha barriga — Você ouviu isso? — Perguntei assustada quando minha barriga roncou alto.

  Tyler me olhou rapidamente e voltou a prestar atenção na estrada.

— Surreal — Ironizou, fingindo surpresa.

  Dei língua para ele — mesmo que ele não estivesse vendo.

  Aos poucos, ele diminuiu a velocidade e entrou em um estacionamento de uma lanchonete com um letreiro de luzes piscantes. Azul e vermelho, eram as cores que brilhavam incessantemente em nossa direção. Tyler trancou as portas do carro ao longe, enquanto empurrava as portas do local para entrarmos. O lugar era lindo, não tinha como negar. As mesas branquinhas se misturavam com os estofados azuis bem clarinhos e o balcão também não era muito diferente. Era simples, mas não deixava de ser muito lindo e reconfortante.

  Eu me sentia em casa naquele lugar e fiquei muito animada quando reparei que havia um karaokê em um canto pouco afastado das mesas, perto da pista de boliche — onde alguns casais adolescentes tentavam acertar os pinos e quando a garota não conseguia, o garoto depositava um beijo em seus lábios e se posicionava atrás dela para ajudá-la a acertar todos. Sorri com aquilo e ao mesmo tempo, me senti triste por não ter com quem compartilhar os meus momentos de frustrações.

  Eu queria fazer aquilo. Queria ter alguém com quem contar sempre e estar disposto a me ajudar, sempre que eu não conseguisse obter sucesso em alguma coisa. E talvez essa pessoa pudesse dizer que tudo iria ficar bem e que eu não deveria me cobrar tanto, porque eu sou capaz.

— Vamos no karaokê? — cutuco ele.

  Ele ia responder, mais alguém reconhece ele.

— Tyler? — Fui tirada de meus pensamentos, quando ouvi a voz de uma garota e me virei para ver quem era.

No Caos do Universo (Nova Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora