- Deixe-me compreender... Você não só conseguiu perder o garoto de vista... - Afirma o homem alto e esguio, usando um terno velho e esbranquiçado pelo tempo com uma gravata esverdeada. O mesmo caminha vagarosamente até a frente da mesa de escritório de madeira bruta e granito, lembrando um caixão selado, passa lentamente sua mão sobre a mesa negra e se apoia, cruza as pernas e coloca sua mão em seu rosto massageando suas têmporas, para que assim pudesse aliviar o estresse e raiva que estava dominando seu corpo naquele momento. - Como também permitiu que ele escapasse com o anel?...
O capanga velho, próximo de seus cinquenta e cinco anos, está sentado em uma cadeira de couro esverdeado, o avanço da idade não lhe agraciou com muitos capilares e agora em sua cabeça e testa apenas escorre o frio suor do medo de lidar com "O chefe", nunca soubera seu nome, apenas lhe tratava assim, por exigência do mesmo.
- Chefe... As coisas ficaram complicadas... esse moleque é mais ardiloso do que eu esperava...
A luz do local é precária, sua única serventia era iluminar a cadeira de frente com a mesa, o rosto do chefe esteve sempre nas sombras desde o inicio das negociações da captura do garoto e do item,porém o capanga não se importava de nunca tê-lo visto pois aquele homem passava um ar de sórdido e maléfico, quase como se não fosse humano, talvez evitar de olha-lo o salvaguardaria de alguma coisa monstruosa. O "chefe" caminha em volta da cadeira mantendo-se fora da luz, rodeando o seu capanga:
- Sabe por que eu o contratei? Porque acreditava que faria um trabalho bem feito, pensei que poderia ter confiado e outro para fazer uma tarefa simples, algo como seguir um garoto e captura-lo... mas pelo visto eu estava enganado. - O Chefe para atrás da cadeira do capanga, que suava frio enquanto se agarra nos apoios da cadeira, o pressentimento, conquistado e aprimorado durante os anos de serviço militar e mercenário, não lhe saia da cabeça, cada fibra de seu corpo mandava que ele se levantasse e corresse, mas ao mesmo tempo tinha o pensamento que mesmo se tentasse não chegaria longe.
- Aquele garoto tem algo que eu quero... sabe o que é?
- Não chefe...
- Juventude, meu caro... Juventude... Aposto que gostaria de tê-la também não é mesmo?
-...
- Me responda! - Grita enquanto chuta a cadeira.
- S- Sim chefe! - seu aperto na cadeira quase chegou a rasgar o couro.
- Mas não é tão simples assim, o garoto tem uma juventude que nunca vai se esvair... uma juventude eterna... Diga-me, acredita em magia?...
- E-Eu não senhor... - Titubeia o capanga temendo por sua vida.
- Ah saiba que deveria... - O capanga sente o bafo podre vindo do lado esquerdo de sua cabeça, ele se vira lentamente e se depara com um olhar profundo e vazio cadavérico, algo bizarro como os livros de terror, pedaços de tecido caem de sua face enquanto sua mandíbula exposta faz estalos desconcertantes. Sente uma mão dura e gelada tocar sua nuca pelo outro lado, nesse momento um único arrepio toma conta de seu corpo por completo.
- Já que falhou... Não se importa se eu pegar isto como pagamento, não é mesmo?
Feixes esverdeados e gritos podem ser vistos e ouvidos através dos ecos e reflexões do corredor fora daquela sala sinistra. A porta se abre e um homem por volta dos seus 60 anos passa por ela, usando um característico terno esbranquiçado com gravata verde, e enquanto ajusta sua roupa vê surgir sombras negras na parede:
- Achem o garoto e o anel- Ordena o chefe - e informem sua localização para mim.
As sombras desaparecem em um instante, seguindo as ordens de seu dono.
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A Provação de Nero
FantasyO que faria se tivesse de roubar algo de uma cidade mágica? E o pior... não sendo capaz de realizar magia?