O que eu estou a fazer com a minha vida?
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Rj: Hyung, por que não vai falar com ela logo? Já faz algum tempo desde que começou a vir aqui...
Ele estava certo. Já fazem algumas semanas desde que comecei a vir a essa sala, ver ela praticar rap. Um rap melódico, as vezes calmo, as vezes explosivo. Uma voz agradável saindo de labios avermelhados, cantando letras tocantes, que te prendem e te fazem ter lembranças de memórias que você não tem. A primeira vez que ouvi, eu estava passando em frente a sala de treino aleatoriamente, tentando fugir de alguma responsabilidade, e ela realmente me fez esquecer de tudo, como se ela fosse uma unica gota de tinta em um mundo toralmente branco, e, apartir dali, se espalhava, como aquarela. Os membros já estavam se irritando comigo por não ir falar com ela logo, porém eu podia convivem em escutar ela fazer rap por detrás da porta sem problemas.
Eu não sabia seu nome, sua idade, se sua voz falando era diferente da de quando fazia rap, não sabia suas comidas favoritas, nem se tinha um animal de estimação, mas eu convivia com isso, em apenas ouvir seu Flow único. Até um dia ela não aparecer naquela mesma sala de sempre, no mesmo horário de sempre, com o mesmo sorriso de sempre. Tudo bem, ela devia de estar doente ou se deu um dia de folga. Mas nenhuma das opções duraria duas semana, nenhuma delas duraria um mês, nenhuma delas devia me fazer ficar desesperado desse jeito! Não gostei da brincadeira, podemos parar agora.
Depois de algum tempo, acabei me acostumando a perder uma cor em minha vida, e preenchi o preto e branco com outras cores, mesmo que elas não se espalhassem sobre mim como ela, como se eu não absorvesse as cores da vida, talvez por já estar encharcado com a cor da saudade. Finalmente entendi algumas musicas das quais eu sempre ouvia. Mas não tinha tempo para ficar depresivo assim, semana que vem, alguns membros do NCT vão fazer um busking em Hongdae, e eu sou um deles. Tenho de me preparar bem, por mais que estejamos acostumados a fazer shows e interação com as fãns, a sensação que se tem em um Busking com certeza é diferente.
///Quebra de tempo///
O dia que eu tanto esperava finalmente chegou, e na mesma velocidade, passou. A apresentação foi boa, o clima de interação estava leve e vieram mais pessoas do que eu imaginei, e eu já tinha imaginado a rua cheia e parada. Foi divertido, uma boa experiência, espero poder fazer mais vezes.
Terminando de arrumando as coisas depois do Busking acabar, eu e Johnny hyung decidimos andar um pouco e ver algumas outras apresentações que ainda estavam acontecendo. A maioria era de dança, mas tambem havia muitos em outras categorias, achamos até um mini-desfile acontecendo, e as pessoas eram realmente bonitas, me senti ameaçado.
Andamos mais um pouco e Jaehyun veio correndo pela direção na qual viemos, nos chamando. Disse que uma roda se formou ainda a pouco e parecia batalha de rap de rua e como o bom rapper que eu sou, fui logo assistir, quem sabe não participo.
Eles estavam destruindo uns aos outros, sempre que o clima mudava, a batida mudava junto, era incrivel ver tantos flow's se misturando.
Xx: Mas quando me olha, abaixa a cabeça, vira pro lado
Everyone: ÔoooooOOOOOOOOoooOOooooOooo!!
O concorrente levantou as maos em um sinal de rendição e foi se afastando de costas. Uma menina vai para o meuo da roda, agora já grande, arregaçando as mangas e ajeitando o bone que usava.
Xx: Vai tentar? Pode vir.
Ela começou os versos dela. A letra era muito boa, mesmo eu parando de escutar depois das primeiras palavras. Aquele flow, eu conhecia, eu conhecia daquela sala de treino. Finalmente pude ouvi-la de novo...
As apresentações estavam acabando e os artistas voltando a andar pela rua, logo se dissipando em meio as pessoas voltando do trabalho ou indo beber, voltando ao cotidiano branco e preto, como as luzes brilhantes do farol de um carro sumindo na nevoa espessa.
Aquilo podia ser uma péssima ideira, aquilo ERA uma pessima ideia, mas agora que já estava caminhando em direção a ela, nao tinha mais volta, criei coragem pra 90 segundos e fui falar com a menina na qual eu ja me imaginei namorando, casando e tendo 3 filhos.
Mk: Com licença...
Disse tocando seu ombro duas vezes com o dedo.
Mk: O..i..
S/n: Ah, ola.
Ela me cumprimentou e sorriu alegre, foi como se varias balas cheias de aquarela saissem do tambor de uma arma e acertacem meu corpo inúmeras vezes. Ah... Como eu sobrevivia sem ela?
