Concurso Gosick - Entrega 2

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Oi, caro leitor. 

Aqui estou eu de novo e para trazer nada mais, nada menos, do que a resenha para o segundo classificado (medalha de prata) na categoria de Ação/Aventura do Concurso Gosick. A obra é de Eduardo Miranda e é intitulada de O Descendente de Anur - Usuário do Fogo.

Tal como na anterior, optei por fazer a resenha com base nos critérios avaliados, acho que é o mais adequado neste caso que estamos a falar de uma resenha originada a partir de um concurso. 

No fim, irei colocar a pontuação atribuída a cada secção.

Mortinho para saber o que achei deste livro? Então vamos lá partir para Nanduque (um dos locais centrais do enredo) kkkkkkk


Resenha

Enredo

Um enredo muito bem pensado e extremamente criativo. Existe uma alusão a um mundo completamente novo, assente em algumas referências do folclore brasileiro e outras do Universo fantástico comum a muitas obras dentro do gênero. O autor trás assim uma reinterpretação de muitas criaturas fantásticas que dão movimento e coloração à obra.

A história gira em torno de Bálrok e na sua misteriosa morte. Inicialmente, ele nos parece ser o mau da fita, sendo invencível e impiedoso, depois começamos a receber informação que coloca isso em causa e abala as certezas do protagonista (e as nossas) de quem é o bom e o mau naquela situação vivida há tantos anos atrás. Pior, Ravel, o protagonista, começa a desconfiar do próprio pai, imaginando-o como o homem por detrás da morte de Bálrok, o pai como um vil rebelde e não um herói como sempre o considerara. No entanto, o caminho das descobertas por que Ravel terá que passar é surpreendentemente vasto e durante uma aventura arrebatadora ele irá se tornar no herói da sua própria história.

Como é possível antever, o enredo trás algumas problemáticas certeiras, tendo em conta o público-alvo ser mais juvenil, como a exploração do mundo exterior e do próprio "eu". Para além disso, os personagens são ricos em detalhes e facilmente credíveis e diferenciáveis. É difícil não sentir empatia e compreender o núcleo central de personagens usado, sendo que acabam se tornando memoráveis, todos à sua maneira. Não é à toa que este mesmo livro ganhou na categoria de melhor personagem do concurso! Ah, e se prepare para rir um bom par de vezes! kkkkkkkk

Desenvolvimento

A história começa por ser apresentada de uma forma muito curiosa: através de um simples observador, que não tem qualquer impacto direto no avançar do enredo. A narração começa então logo cheia de adrenalina, no pico da ação, o que não é assim tão usual (pontos para a criatividade demonstrada kkkkkkk). Depois o narrador muda, passando o leitor a testemunhar os acontecimentos através do protagonista da obra, num outro tempo (alguns anos se passaram). Aí, já temos uma descida do ritmo de narração, permitindo ao leitor repousar, respirar, claro que continuando atento à possibilidade de ligação entre algo que aparenta não ter ligação alguma. 

Contudo, apesar dos capítulos serem curtos e ricamente detalhados, existe, na minha opinião, um alastrar desnecessário deste ritmo mais "parado", onde o protagonista se afigura, na maior parte das vezes, como um observador, alguém que vai descobrindo certas verdades através de coisas que vai ouvindo (portanto, alguém muito pouco ativo). Claro que eu entendo a posição e intencionalidade do autor, ele quer destacar essa diferenciação no papel do protagonista na narração: primeiro ele não sabe nada (é um ingênuo, alguém que foi protegido e por isso não passa de um jovem normal); e numa segunda fase ele se torna num herói, passando a descobrir coisas dentro de si que não sabia que existiam (aqui ele é ator, e não um simples observador, ele passa a mover o enredo e não o contrário). O problema é que esta passagem se alonga no tempo mais do que gostaria. Não me entenda errado, caro leitor, a passagem está bem feita no sentido que é gradual, não sendo algo forçado. Porém, o autor poderia usar de algum recurso para criar mais flutuações no ritmo de narração. No fim, acabamos tendo duas partes muitos distintas, uma mais "parada" e logo a seguir uma com muita ação. Quase como se estas duas fossem dissociáveis. Uma forma de contornar este problema seria intercalar tempos de narração ou até de narrador, isso instigaria a curiosidade do leitor e o manteria mais alerta.

Um outro aspeto que eu queria salientar é a forma compreensiva como o autor nos introduz a um mundo que é totalmente novo. Ele não nos joga simplesmente nele e espera que nós nos adaptemos a esse mundo tão peculiar por nós próprios. Não. Ele facilita muito a tarefa, conduzindo-nos pouco a pouco pela nova realidade. Lá está, talvez seja compreensivo demais... Mas, pelo menos, ele se assegurou que ninguém ficava perdido pelo meio kkkkkkk

Ortografia

Uma escrita quase irrepreensível, com ocasionais erros de grafia, que são quase impercetíveis, não atrapalhando em nada o fluxo natural da narração. Um texto bem pontuado e estruturado. A narração é feita de uma forma bastante detalhada e o embelezamento da descrição é extremamente visual e sensitiva. O autor faz uso de recursos expressivos (como metáforas) de uma forma muito natural e que acrescenta à obra uma beleza indescritível. Sendo que o autor não se limita a descrever ações, ele vai para além delas fazendo com que seja muito fácil para o leitor se interligar com as cenas como se quase fizesse parte delas. Uma escrita verdadeiramente rica!

Capa

Representa na perfeição a cena que move todo o enredo do livro. É uma ilustração feita especialmente para a obra e isso se denota logo nos primeiros capítulos. Para além disso, mesmo para quem ainda não teve contacto algum com a história narrada, facilmente é possível identificar a imersão num mundo fantástico e de aventura que o espera ao adentrar nas páginas do livro. Mesmo a fonte utilizada é apelativa, combinando na perfeição com a ilustração que lhe serve de base.

Sinopse

A estruturação muito bem equilibrada de uma sinopse! Temos a apresentação breve do mundo em que se insere, seguida do problema que move a história. Conseguimos ainda perceber o papel que o protagonista tem no enredo imaginado e que será um personagem complexo que passará por uma descoberta, não só do mundo que o rodeia, como também de si próprio. Temos ainda no final a ideia do tom dado à narração, captando os leitores certos (o público-alvo da obra).


Pontuação (de 0,0 a 2,0)

Enredo: 2,0

Desenvolvimento: 1,7

Ortografia: 1,9

Capa: 2,0

Sinopse: 2,0

Apreciação Final

Sabe aquele livro que se mostra diferente logo na primeira página? Pois é, O Descendente de Anur é um belíssimo exemplar disso. Nunca encontrou um livro desses? Do que está à espera para perceber do que estou falando? Este livro é decididamente diferente por todas as razões e mais alguma. Você nem imagina a minha reação quando percebi que o narrador no prólogo era nada mais, nada menos do que um tapeceiro! Uma simples testemunha! Foi brilhante esse detalhe que continuou a acompanhar o fluxo da narração num jogo entre observador vs ator da história. Isso marcou a obra de um jeito muito peculiar e a torna difícil de esquecer assim tão facilmente. Devo acrescentar que esta é daquelas obras literárias estilo Harry Potter: indicado para toda a família! Claro que crianças, adolescentes e jovens adultos vão se identificar mais com o protagonista e delirar com as aventuras e desventuras de Ravel!


Muito obrigada, @EduardoAMiranda


E aqui vos deixo com a capa perfeita da obra:

E aqui vos deixo com a capa perfeita da obra:

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