Capítulo 7

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Eu, Anne e Alice acordamos cedo no dia da festa. Não há mais nada que precise ser feito, mas estamos ansiosas. O evento só começa as 8 da noite, mas ajudamos minha mãe e Emily a garantirem que tudo está perfeito desde já.
Após o almoço, nós 3 caímos exaustas no sofá da minha sala, e me lembro de repente, sendo atingida por uma onda de felicidade:

- O Liam vem!

As duas comemoram comigo, e Alice diz:

- Is, você sabe que eu acho que às vezes você cria expectativas por nada, mas ele é bonito, mais velho e está sozinho no dia dos namorado. E ele é simpático demais, principalmente com você.

Enfio a cabeça numa almofada com estampa de flores para abafar um gritinho infantil e muito, mas muito, feliz. Anne acrescenta:

- Aposto que o Elliot vai morrer de inveja quando ver você e o Liam conversando. Não porque ele gosta de você ou algo do tipo, mas simplesmente porque ele vai ver você conversando de verdade com um menino, algo que ele nunca conseguiria fazer com ninguém. E um menino muito gato, diga-se de passagem.

- Nossa, nem estava lembrando do Elliot. - Respondo, rindo, e é puramente verdade. Desde a minha decepção no laboratório, percebi que eu o estava idolatrando um pouco demais, e conhecer Liam me fez ver que ele realmente não é o único menino do mundo. - Sério, só consigo pensar em hoje à noite e no quanto quero que tudo dê certo. Nós merecemos!

- Vai dar! - Anne e Alice respondem em uníssono e me abraçam, quer dizer, me sufocam entre as almofadas, e ligamos a TV para nos distrairmos um pouco antes de começar a nos arrumarmos.

Durante o filme, penso em Liam e suspiro. Ele realmente parece perfeito, não parece? Tento pensar em algum defeito, mas não consigo. Eu mal imaginava que, ao final da noite, minha opinião sobre ele seria totalmente diferente, e não para melhor.

Duas horas depois, estamos prontas. Tiarinhas de coração, vestidos cor de rosa, sapatilhas pretas e cestinhas de papéis coloridos. Parecemos crianças que tentaram, sem muito sucesso, fazer uma fantasia à mão para o Halloween.

Mas somos crianças felizes.

Pouco tempo depois de descermos para a sala, os convidados começam a chegar, e já consigo perceber que serão muito mais numerosos do que na última festa. E mais jovens: vejo várias pessoas da minha escola, como Megan, Jenny, Josh (que não para de seguir Megan, e ela finge que não percebe), Steven, amigos de Emily e Henry e muitos amigos de amigos, que eu não faço ideia de quem sejam.

Após quase uma hora cumprimentando conhecidos e andando pela casa, eu e minhas melhores amigas nos sentamos em uma das mesas dobráveis que foram colocadas no jardim. É quando vejo Liam, e sorrio instantaneamente. Ele também sorri, caminha em direção a mesa, nos cumprimenta carinhosamente e pergunta se ele pode pegar refrigerantes para nós. Eu me prontifico a dizer:

- Claro. Mas você não vai conseguir carregar os quatro copos sozinho, então vou junto para te ajudar.

Na mesa de bebidas, encontro Max e Elliot, e percebo que não reparei que eles haviam chegado. Sorrio, um pouco sem graça, e posso jurar que Elliot olha Liam de cima a baixo, depois olha para mim, resmunga um "oi" esquisito e vai embora, deixando Max sozinho enchendo os dois copos de Coca-Cola. Liam me pergunta quando ele se afasta:

- Nossa, quem são esses?

- O irmão do namorado da Emily e seu fiel escudeiro. - Reviro os olhos. É estranhamente gostoso pensar que nos conhecemos há menos de uma semana e ele já sabe tudo sobre minha família. 

Ele ri com desdém e fala:

- Nossa, muito simpáticos. Vou continuar essa conversa emocionante com eles mais tarde. Mas, sério, o que custa dar oi direito?

- Já estou acostumada. - Respondo, sorrindo um pouco.

- Não deveria. Você merece mais, ou alguém que pelo menos tenha o básico de educação.

Meu sorriso aumenta. Muito.

Fico sem graça e ele não diz mais nada, então falo a primeira coisa que vem na minha cabeça, um dos dez assuntos completamente aleatórios sobre os quais havíamos conversado aquele dia na ligação em vídeo, já bastante afetados pelo sono: minha vontade esquisita de, um dia, saber falar o máximo de línguas possível. 

- Deve ser muito legal aprender Latim.

- Para quê você quer falar uma língua que não é mais usada pra absolutamente nada há, sei lá, muitos séculos? - Ele pergunta, fingindo estar muito abismado.

- Para, você é muito de exatas para o meu gosto. O Latim é a base de muitas línguas faladas até hoje, ele foi muito importante. E pelo o que eu sei, nem é tão difícil .Isso é muito interessante, não é? - Ele revira os olhos, rindo, e eu o empurro de leve. - Não é???

- Não, não é! - Ele me cutuca, e sinto um pequeno arrepio. Espero que sejam só cócegas.

- Não vou usar Latim nos meus projetos, nem quando eu for um arquiteto renomadíssimo. - Seu tom é completamente debochado, pois Liam não tem nada de convencido, e agora eu não consigo parar de sorrir.

- Ai, credo. Se prepara, porque quando eu aprender a falar você vai ser obrigado a ficar me ouvindo e conversar comigo para eu praticar.

Sinto que poderíamos ficar nessa discussão boba para sempre, e é a melhor sensação do mundo. Mas minha irmã vem me chamar. Está na hora de distribuir os papéis do Correio Elegante. Bem no fundo tenho a sensação de que algo vai dar errado, mas deve ser só nervosismo.

Isy Jones e A Dúvida Onde histórias criam vida. Descubra agora