Monologue pt.01

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12/03/2019
Oh Se Hun

Eu sempre fui cético. Nunca acreditei em amor à primeira vista ou destino, e não achava que coisas clichês realmente acontecessem na vida real.

Mas a primeira vez que nos encontramos foi clichê o suficiente a ponto de eu achar que estava em alguma fanfic, seriado adolescente ou algum filme brega de romance.

Você estava saindo da cafeteria onde trabalha, dirigindo a sua lambreta e falando com algum colega de trabalho. Eu estava voltando do meu trabalho, atravessando a rua sem nem sequer cuidar o semáforo (por mais que eu não costume admitir esse fato). Quando notamos a presença um do outro naquela rua vazia, já estávamos no chão.

Você me atropelou com a sua lambreta... O quão clichê isso soa?

Depois disso nos levantamos com dores em alguns lugares, eu tinha um joelho ralado e você estava com o cotovelo sangrando. Nós podíamos ter xingado um ao outro, mesmo sabendo que estávamos errados também, mas não fizemos. Podíamos ter surtado e gritado um com o outro, proferido frases cheias de palavrões, mas não fizemos.

Isso não é do nosso feitio, não combina com a gente. E talvez seja por isso que damos tão certo juntos.

Você se preocupou comigo, queria me levar a algum hospital para ter certeza de que eu estava bem. Enquanto eu recusava de todos os jeitos possíveis subir na sua moto.

Nós ficamos por incontáveis minutos discutindo sobre eu me recusar a subir na moto e você querer me levar ao hospital. No fim concordamos em caminhar até a um posto de saúde próximo dali.

Não conversamos muito, não descobrimos muito um do outro, eu nem pensava em te ver novamente. Quando terminamos de ser atendidos, voltamos para a estrada onde você tinha me atropelado e nos despedimos ali. Você subiu na sua moto, dando partida e sumindo de vista, eu continuei a caminhar em direção ao local onde estudava.

Você se lembra desse dia?

Talvez não tenha como esquecer já que até hoje eu faço questão de lembrar que você me atropelou e sempre brinco ao dizer que você não sabe dirigir.

Eu não esperava encontrar você novamente, achei que essa havia sido a primeira e ultima vez que nos encontraríamos, mas o destino parece que gostou de brincar com nós dois.

Para uma pessoa cética que não acredita em destino, aqui estou eu falando em destino. É incrível o modo como uma pessoa pode tocar você e colorir seu interior da mais bela forma já vista.

Eu tenho certeza que você não tinha a intenção, Luhan, mas você me coloriu com um simples toque.

Meus amigos reclamavam que durante nossas conversas eu mal falava, sempre fui de poucas palavras, enquanto as pessoas faziam monólogos inacabáveis, eu os respondia com um simples "sim", "não" ou pequenas frases.

Em geral eu não costumo ser uma pessoa animada, que ri muito, que elogia as outras pessoas ou que puxa assunto. Mas por alguma razão inexplicável, eu faço tudo isso quando estou com você.

A segunda vez que nos encontramos por acaso, eu tinha ido até a cafeteria onde você trabalha, pois estava com vontade de tomar um bubble tea de chocolate. Sentei em um dos bancos do balcão e você veio me atender. Foi engraçado te ver novamente depois de você ter me atropelado, lembro que você disse que quando me viu entrar na cafeteria, achou que eu iria querer processar você.

Nós conversamos mais do que normalmente eu conversaria com alguém que mal conheço, nos demos muito bem em questão de minutos, você me fez rir, me fez falar sobre mim e, por um momento, me fez agir de modo automático, sem pensar muito em cada palavra que eu deveria dizer ou em cada gesto que deveria fazer.

Eu sou muito fechado, muito contido e por isso, cada palavra que eu digo é sempre bem pensada antes de sair pela minha boca e, na maioria das vezes, eu acabo nem dizendo nada. Quando se tratam de ações então, eu sou um completo desastre! São raras às vezes em que eu tomo a iniciativa, eu nunca ajo sem pensar e eu sempre penso demais. Eu penso nas coisas que eu quero fazer e não faço, talvez seja por que eu tenho medo de quebrar a cara e, ficar contido, guardar as coisas para mim mesmo, parece ser bem mais fácil.

Mas quando se trata de você, Luhan, você vira o meu mundo de cabeça para baixo. Eu me enrolo nas palavras, tropeço nos verbos e caio de cara nas frases, eu nunca sei o que dizer quando estou perto de você e eu sempre tenho algo a dizer. Eu não penso demais, eu ajo mais. As coisas que digo e que faço quando estou perto de você, são coisas impensadas, atos involuntários.

Você me faz trocar o certo pelo errado e me ajudou a descobrir que na verdade o errado é o jeito certo. Você é simples, entende meus medos, não julga. É tão fácil ficar ao seu lado, na sua companhia, a conversa flui naturalmente e o silêncio não incomoda.

Sim, Luhan, você virou o meu mundo de cabeça para baixo e provavelmente você nem tinha essa intenção, mas eu acho que precisava disso na minha vida. Eu desisti de alguns planos bobos, me desprendi de sentimentos passados e me liguei totalmente a você. Não era a minha intenção, mas como eu já disse, é tudo muito involuntário quando eu estou com você. No fim, eu descobri que o meu mundo estava de cabeça para baixo há muito tempo e quando você chegou, você o deixou girando do lado certo, no lugar certo.

Parando para pensar, eu acho que sou uma pessoa melhor quando estou ao seu lado. Meus amigos dizem que eu pareço mais alegre, mais falante. Jongin, meu melhor amigo, disse que fazia muito tempo que não me via sendo tão cuidadoso com alguém, rindo o tempo todo, sendo tão eu e menos um poço de inseguranças.

Você me torna essa pessoa mais feliz, mais de bem com a vida, que sorri a cada segundo quando você está por perto. Você me faz querer segurar a sua mão o tempo todo, ser carinhoso com você e até fazer aquelas coisas românticas que antes eu achava ridículas. Por causa de tudo isso e mais um pouco, eu aprendi Luhan, que eu gosto mais de mim quando estou com você.

When I'm With You [HunHan]Onde histórias criam vida. Descubra agora