Deaky, não Deacy.

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John já havia ido embora, e mesmo não querendo admitir, queria fazer algo especial para Brian. Então, procurou a fita mais bonitinha no fundo da gaveta, cortou duas fatias de torta da maneira mais precisa possível, as colocou dentro de um potinho amarelo e fez o melhor laço possível.

Com as mãos trêmulas, engoliu seco e fez a expressão mais decidida que conseguira. Era seu primeiro presente para Bri. Tudo bem que não era nem ele quem havia feito a torta, mas Deaky sempre lhe disse que o que importa é a intenção.

Calçou os sapatos, tentando parecer mais arrumadinho. Passava a mão nos fios rebeldes, tentando contê-los, entretanto, falhando. Bufou, sentindo-se derrotado por sí mesmo, e desistiu da ideia de dar um trato no cabelo. Pegava as madeixas loiras e longas, olhando-se no espelho.

  - Faz tempo que não corto o cabelo...

Ouviu duas batidinhas na porta, como se fossem batidinhas no seu coração, pedindo para entrar. Deu um leve pulo por conta do susto, então agarrou o pote enfeitado, indo até a porta com ele em mãos. Com a destra, bateu na porta de volta, três vezes.

  - Acho que não precisamos trocar bilhetinhos mais. - Roger proferiu, hesitante.

  - Você acha? Eu não me importo. Mas confesso que acho mágico. - Riu, espontâneo. - Podemos falar cara a cara.

  - Eu te deixaria entrar, mas meu apartamento está uma bagunça...

  - Então convidarei eu. Venha você ao meu apartamento, Roger.

Abriu a porta pela primeira vez para ver Brian. Já havia visto o rosto do rapaz anteriormente, contudo, nunca havia aberto a porta para ele. O sorriso radiante do cacheado quase chegava os olhos azuis do mais baixo.
Rapidamente, impulsionou seu corpo para fora do ambiente, quase se tacando em Brian e fechando a porta de maneira veloz, com o intuito de não deixa-lo ver a desorganização dentro daquele lar. Corou ao perceber a proximidade entre os corpos, se afastando um pouco com medo de estar agindo de forma invasiva. De maneira alguma gostaria de causar desconforto no mais alto, então mantinha uma pequena distância.

  - Na verdade, eu moro no apartamento ao lado. - Com o indicador, apontou na direção de uma porta.

  - Que previsível.

  - Ei, se é tão previsível assim, porque não foi me visitar até agora? - Riu.

  - ...Porque eu não tinha certeza, tá bom? Eu não posso sair batendo de porta em porta até te achar.

  - Eu sairia de porta em porta até te achar. - Brian sorriu.

  - Não fala essas coisas! Eu não sei reagir...

  - Fofo.

  - Você que é fofo! Dá raiva!

  - Sim, sim. Vamos então, senhor estressadinho? - Abriu a porta e permitiu que o loiro entrasse - Bem vindo a minha humilde residência, meu caro rapaz.

  - Quanta formalidade. - Riu e olhou em volta. Não acreditava que estava ali mesmo, junto com Brian.

Se antes lhe dissessem que se apaixonaria por um rapaz que o mandaria bilhetinhos por baixo da porta perguntando o motivo de ser tão chorão, provavelmente riria, achando uma piada. Mas a vida é uma caixinha de surpresas, certo?
E que surpresa incrível.

  - Ah, eu...

  - Você? - Brian olhou Roger, esperando o loiro dar continuidade a sua frase.

  - Eu trouxe torta. Não fui eu que fiz, quer dizer, o Deaky trouxe, mas tá deliciosa e eu pensei... Eu pensei que você... Fosse gostar, sabe. Eu trouxe dois pedaços pra você. - Entregou o pote nas mãos grandes do rapaz, sentindo os dedos se chocarem por míseros segundos, segundos esses que foram suficientes para fazer o coração do jovem disparar.

Letters for Roger TaylorOnde histórias criam vida. Descubra agora