único

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conteúdo escrito em 13 de fevereiro de 2019 no notas do meu telefone enquanto eu ouvia a música, só quem conhece a letra vai entender o contexto da fanfic. é isso, boa leitura <3

Busan, 12 de outubro.

Jungkook era um bom filho para seus pais, nunca se meteu em nenhuma briga na escola e nunca ficou bêbado nas festas como a maioria dos outros garotos de dezessete anos.

Mas Jungkook não podia passar mais um dia aguentando o preconceito dos Jeon contra seu namoro com Jimin. Como conservadores, ambos abominavam a comunidade lgbt, e isso Jungkook sempre aturou desde os onze anos, quando se assumiu, sem querer.

Então depois do jantar quando os Jeon subiram para seu quarto, exatamente às 21:43, Jungkook pegou uma garrafa de vinho de seu pai e correu para o quarto. O garoto ficou inquieto contando os minutos até seus pais pegarem no sono, o que seria rápido, uma vez que os dois acordavam cedinho para ir trabalhar.
Trancou a porta e vestiu sua roupa favorita, seus jeans e a jaqueta de couro, acompanhados do seu all star de cano alto.

Pegou seu celular para olhar as horas e enviou uma mensagem para seu namorado, Jimin.

jungkook| ei amor, tá acordado?

jimin| oi anjo, tô sim. aconteceu alguma coisa?

jungkook| não esquenta, só não durma ainda.

jimin| ...ok??

Sendo assim, Jungkook destrancou e abriu a janela de madeira de seu quarto, rezando para que não rangesse e acordasse seus pais. Sentou no parapeito e encarou o gramado do quintal, e era relativamente alto. Não morreria se pulasse, mas doeria um tanto a queda.
Pensativo, olhou para os lados à procura de algo que lhe ajudasse.

Depois de um tempo amarrando lençóis, Jungkook o prendeu no pé da cama e desceu a janela no modo "rapel", com uma mão só enquanto a outra segurava a garrafa, e deu um sorriso brilhante quando percebeu que já estava no chão.

Começou a correr, pulou o portão e continuou a corrida pela calçada. A rua vazia e cheia de folhas pelo asfalto, era outono e as famílias estavam todas dentro de casa. Só parou a corrida quando chegou quase perto da casa de Jimin. Ofegante, esperou a respiração voltar ao normal para andar sorrateiramente pelo quintal dos Park, até os fundos da casa, com pavor de ser pego.

Quando chegou na janela de Jimin que, por sua sorte, era no primeiro piso, deu três toques na janela. Mas Jimin desconfiado, não foi até ela.

— Ei, Jimin. Sou eu. — sussurrou pela fresta da janela.

Até que o garoto a abriu e seu queixo foi ao chão quando viu o namorado ali em sua frente, todo sorridente e acalorado.

— Jungkook! O que você tá fazendo aqui agora? — realmente queria saber o porquê da aparição surpresa.

— Eu sei que é loucura, mas põe uma roupa e vem comigo — mordeu o lábio, ansioso — Vamos sumir na noite, Jimin. Deixar os problemas de lado, por favor.

Jimin suspirou e deu um sorriso sacana, olhou para o vinho e mandou Jungkook entrar enquanto se trocava, para não correr o risco de algum vizinho vê-lo ali e contar para o pai de Jimin, que odeia Jeon.

Depois de arrumado, Jimin trancou a janela e Jungkook entrelaçou seus dedos com o dele e o puxou correndo para longe dali.

A risada de Jimin fazia eco pela rua vazia, os cabelos negros de Jungkook voavam para todos os lados por causa do vento e as pernas de ambos queimavam de tanto correr.
Quando viram um carro da polícia, se esconderam num beco próximo e Jungkook colocou o indicador na frente dos lábios, pedindo a Jimin silêncio. Imagina se os guardas vissem dois menores de idade na rua, com uma bebida alcoólica na mão e depois das onze da noite!

Ali, no beco vazio e escuro, Jimin encarou Jungkook por um instante e lhe puxou pra perto, fazendo carinho em seus cabelos. Se sentia ótimo com ele em seus braços e não tinha medo do que o mundo cruel que odiava o amor dos dois poderia dizer, ele só sentia-se sortudo por amá-lo.
Os dois se beijaram ali, um beijo apaixonado e cheio de adrenalina. Não queriam que aquele momento acabasse nunca.

Quando se deram conta que o carro da polícia foi embora, saíram do beco e voltaram a correr sem parar, até chegarem na locação de bicicletas. Jungkook colocou uma moeda pra pagar e pegou uma, a ajeitou na sarjeta e sentou, esperando Jimin sentar no cano e levar a garrafa consigo.

Pedalou rápido fazendo Jimin soltar um grito empolgado. Cruzou os sinais, quase atropelou uma pombinha indefesa e depois riram do desastre. Até que chegaram na avenida da praia, onde uma brisa fria e o cheiro de água salgada penetrou no ar.

Pediu a Jimin que descesse e quando caminharam até a areia, Jungkook deixou a bicicleta no chão perto deles e se sentaram, olhando para o infinito oceano, tão lindo...igual o amor deles.

— Jun — Jimin o chamou, depois de beber um gole do vinho — Você sabe que meu pai vai te odiar ainda mais a partir de agora, né?

Jungkook jogou a cabeça pra trás e soltou uma gargalhada, como se não se importasse. Pegou a garrafa e bebeu vários goles.

— O mundo odeia nós dois juntos, amor. — falou, enquanto sua mão acariciava a bochecha do outro — E qual o problema? Você liga?

Jimin prendeu a risada, soltando-a aos poucos até negar com a cabeça, totalmente nem aí.
Então puxou Jungkook para outro beijo, dessa vez mais profundo e cheio de vontade, Jungkook apertava sua cintura com a mão por baixo da camiseta fina, que balançava com o vento. Passou a perna até ficar sentado no colo de Jeon, que apertou suas coxas com desejo. Um gostinho de pavor corria no meio desse beijo, mas um pavor que ambos deixavam de lado.

Jungkook sentiu seu celular vibrar no bolso, a contragosto separou o beijo e quando pegou o aparelho, viu que o despertador tocava.

Era meia noite, e meia noite significa que já era dia 13 de outubro.

— Parece que alguém está fazendo aniversário...— disse sorrindo para Jimin, bem pertinho de sua boca e tocou seus lábios num selar — Feliz aniversário, anjo.

E Jimin o abraçou pelo pescoço, quase chorando por estar aproveitando o momento com quem ele ama.

Jungkook se levantou e Jimin também, tomaram mais goles daquele vinho caríssimo e antigo. Jeon passava a mão pelos cabelos e bochechas do mais baixo, admirando todo o seu rostinho fofo.

— Jimin, a gente se ama — afirmou com convicção — E isso é lindo demais!

Jimin sorriu e riu, concordando com a cabeça, os olhos brilhando à luz da lua.

— Porra! — Jungkook gritou bem alto, levantando a garrafa, sem medo e sorrindo, abraçando Jimin pela cintura com força — A gente se ama e isso é lindo demais!

Nenhuma pessoa na praia, apenas o canto dos pássaros e o som alto das ondas se quebrando.

Jimin abraçou Jungkook com vontade, apoiando a cabeça em seu peito, sentindo a brisa leve atingir seu rosto. Fechou os olhos e em pensamento, disse:

Agora não sinto mais temor. Obrigado Deus, por me abençoar com amor.


lindo demais! | jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora