CAPÍTULO 4 - Parceria

371 88 169
                                    

"Droga!" — Ness engoliu a seco e tentou fingir que não havia lhe reconhecido, ainda que sua cara vermelha e queimando estivesse lhe denunciado logo que botou os olhos nele, assim como o contrário.

Kristoff queria saber o que ela estava fazendo ali, para início de conversa. Quase parecia que ela estava lhe perseguindo, ainda que a coincidência parecesse gritar mais alto. Ele desceu os olhos para os papeis a sua frente e iniciou a reunião.

Não que Yverness tivesse reparado, mas ele tinha uma oratória impecável. Todos mantinham os olhos sobre ele, esperando o seu tempo de fala como se dessem permissão para um rei, ainda que para alguns isso não fosse prazeroso. Ela conseguia notar as caretas que faziam todas as vezes que Kristoff abria a boca em quase todos os acionistas, envoltos num misto de inveja e repúdio.

— Nós temos uma situação aqui. — Disse um dos acionistas, irritado. Ele era baixinho, roliço e careca, além de parecer vermelho de ódio. — Pessoas foram internadas! Estamos sendo processados por todos os lados, nossos advogados nos deixaram e estamos nas mãos de um moleque que passa mais tempo atrasado e com mulher ao invés de cuidar da droga dessa empresa!

Houve um murmúrio de concordância e o homem de olhos verdes a frente de Ness começou a falar – ela descobriu que seu nome era James Stark.

— Todos nós estamos assustados com a bomba que caiu no nosso colo de repente, Jacques, mas estamos procurando uma solução. — Sem tom era ameaçador, apesar de educado. — Você tem alguma?

— Que solução você quer, Stark? Durante anos nunca tivemos problema algum com o nosso material e de repente, cá estamos! É do meu bolso que sai o dinheiro que mantem essa empresa em pé! — Kristoff subiu uma das sobrancelhas.

Ele era tão imponente que o acionista engoliu a seco e se jogou contra o encosto da cadeira, como se tivesse perdido a coragem de repente. Ela até botou que ele enxugou as mãos suadas na calça, mas Kristoff não pareceu menos intimidador quando o respondeu:

— E é o meu bolso que faz o teu encher mais a cada dia, certo Jacques? — Kristoff questionou, a voz firme e aveluda, carregada pelo sotaque britânico.

— A indenização gigantesca que teremos de pagar caso isso seja verdade... — Ele negou com a cabeça, irritadiço. — Fora que depois do que houve com aquele prédio em Boston...

Disso Ness sabia. Um prédio havia cedido há algumas semanas, de madrugada, em Boston. Os alicerces de aço que mantinham a estrutura firme haviam simplesmente entortado com o peso bem inferior do que ela deveria suportar e por sorte, nenhuma pessoa saiu ferida.

Mas, ainda assim, a avalanche de processos que chegaram por conta de outras construtoras que usavam o aço da Acier & Axo era destruidora. Como um produto que era basicamente ferro e carbono, que deveria ser praticamente indestrutível nesse tipo de situação, poderia dar tanto errado? Como eles saberiam que o aço que utilizava em seus prédios era realmente de confiança? Era um problema realmente milionário.

— Senhores, a questão é que iremos encontrar um modo de reverter essa situação. — Kristoff começou, colocando as mãos sobre a mesa e cortando o assunto antes que se ele prolongasse. Não parecia ser muito paciente. — Agradeço a atenção de todos e farei o possível para que isso seja resolvido o mais breve possível. — Dizendo isso, ele se levantou e todos da mesa começaram a se erguer. Gabrielle continuou imóvel, assim com os demais advogados.

Somente quando todos saíram, Stark fechou a porta, impedindo que qualquer um de fora visse o que acontecia lá dentro que ele pareceu respirar. Kristoff cruzou os braços sobre a mesa e encarou os advogados como se tivesse esperando uma resposta.

Fogo e Aço (Desgutação | Em breve)Onde histórias criam vida. Descubra agora