Capítulo 18. Um lindo sonho

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NO CAPÍTULO ANTERIOR:
*No pátio*

-Tio João, o senhor está assim por causa da sua noiva não é?
Uma meninazinha perguntou sentando-se ao seu lado no banco e o abraçando.

-Sim Clarice. -Respondeu ele tentando engolir o choro.

-Eu não gosto de te ver triste. -Ela pediu com os olhinhos preocupados.

-Eu também não gosto de te ver triste. -Ele falou tocando de leve no rostinho dela, que sorriu fraco.

-Eu quero que saiba de uma coisa. -Ela falou segurando nas duas mãos dele. -Estava só esperando a aula acabar para te contar.

João a olhou interrogativo.

-E o que você quer me dizer? -Perguntou ele curioso.

Clarice abaixou o olhar por um instante e fixou nas mãos de seu professor. Ele ainda usava a aliança de noivado e ela sorriu olhando a mesma antes de voltar a olhar no rosto dele, que ainda a olhava curioso.

-Ontem a noite... -Ela falou em um tom suave.
-Eu sonhei que você e a Luciana se casavam.

Ao ouvir isso João ficou atônito. Automaticamente seus olhos marejaram e seu coração disparou pela emoção de ouvir aquelas palavras.

CONTINUAÇÃO...

-Você está chorando -Clarice fez uma carinha triste e sentiu ele lhe tocar o rostinho ao falar:

-E..esse choro pequena.. Não é de tristeza... É que você me deixou emocionado ao me contar esse sonho. -Sorriu em meio a emoção que sentia.

-Você queria muito se casar com a Luciana não é verdade?
-Perguntou curiosa.

-Isso era tudo o que eu mais queria!
Engoliu em seco pensando no quanto tudo seria lindo se não tivesse acontecido aquela tragédia.

Pensou no quanto ela o faria feliz pelo simples fato de estar ao seu lado. Talvez naquele momento eles já teriam se casado e ambos estariam desfrutando da companhia um do outro. Não importava se ainda houvessem os obstáculos, eles continuariam a enfrentá-los juntos, como sempre fizeram.

***

Mais tarde...

*Hospital*

João esperava mais uma vez a sua hora de entrar naquele quarto. Dessa vez quem estava lá dentro era Imara. Ela entrou logo depois de Elizabeth e Artêmio. Cristina e Víctor também tiveram a sua vez de passar um tempo com a mãe, mas voltaram para casa logo em seguida, já que as crianças estavam dando um trabalhinho por não puderem ir com eles ao hospital.
Sentiam tanta falta da avó que cada dia ficava mais difícil para os pais, que sempre inventavam alguma desculpa por não puder levá-las com eles ao hospital.

Minutos depois...

*UTI*

Ao lado da cama, João conversava mais uma vez com sua amada, como costumava fazer todos os dias. Era doloroso fazer isso sabendo que Luciana talvez não estivesse ouvindo suas palavras. E esse talvez significava que dentro de seu coração ainda havia uma pequena esperança de que ela pudesse estar ouvindo a sua voz, sentindo cada gesto, cada palavra que com o coração e com a alma ele pronunciava.

...Eu preciso te contar uma coisa muito importante... Algo que me disseram hoje no orfanato... -Esboçou um leve sorriso ao lembrar. -Sabe a Clarice... aquela meninazinha linda que você gostava de conversar sempre que ia ao orfanato? -A olhou, como se a ouvisse responder a sua pergunta.

-Hoje ela me contou um sonho. Um lindo sonho, que eu tenho certeza de que assim como eu, você vai gostar de ouvir. -Seus olhos marejaram. Mais uma vez a emoção se fez presente.

-Ela sonhou com o nosso casamento.
-Sorriu emocionado e levou a mão que segurava até seus lábios, depositando um beijo.

Ao fazer isso, ele abaixou a cabeça na lateral da cama e chorou baixinho, mas por dentro sentia a alma gritar.

{...}

Três dias depois...

*Mansão Duval*

Entrar naquela casa também havia se tornando uma missão muito difícil para todos. Tudo lembrava Luciana e tinha como um enorme vazio que só ela quem poderia preencher. Nenhum deles haviam perdido completamente as esperanças de que um dia ela iria entrar por aquelas portas e esse sem dúvidas seria o dia mais feliz de suas vidas. Porém o medo de perdê-la a qualquer momento era sempre mais forte e chegava a ser desesperador.

*Quarto de Luciana*

Tudo estava exatamente como ela havia deixado. Até o cheiro do perfume que usava podia ser sentido nos lençóis da cama. A pedido de Elizabeth Imara não havia mexido em nada.

João foi buscar o escapulário que havia dado a Luciana antes de entrar no seminário, iria levar para ela assim que voltasse novamente ao hospital. Ao abrir a porta do quarto ele parou diante da mesma e encheu os olhos d'água. Era a primeira vez que ele iria entrar alí sem a presença de Luciana.

Respirou fundo antes de conseguir dar os passos que precisava para chegar até a cômoda, onde Elizabeth disse que ela havia deixado o escapulário.

Ao pegá-lo em suas mãos ele lembrou-se do dia em que lhe deu de presente. Aquele lindo sorriso, puro e inocente que ela possuía no rosto ao receber, ficou para sempre em sua memória.
Ele fechou os olhos e depositou um beijo naquele pequeno objeto.

Em seguida ele foi até a cama, olhou a mesma com pesar e passou a mão sobre os travesseiros. Entre soluços pegou um deles e o abraçou, sentindo o cheirinho de sua amada.

O privilégio de amar -Luciana e João da Cruz  Onde histórias criam vida. Descubra agora