Bouquet

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"Tinha se passado umas três horas, o aeroporto estava cheio. Lembro que lá  fora a chuva caía forte do céu, fazendo com que a espera não tivesse mais fim.
Estava complicado, não tinha muito o que fazer lá dentro, lembro que meus pés doíam e o corpo indo no ritmo. Tentei caminhar algumas vezes mas o sono parecia não ajudar, aliás é normal uma pessoa não conseguir dormir em outro lugar a não ser em sua própria casa e esse era o meu problema EU SÓ QUERIA A MINHA PRECIOSA CAMA.
Me recordo bem dessa memória, tanto que logo depois de comprar um café e contar todas as linhas que haviam no teto me deparo com um ser aparentemente muito adorável à vista, os cabelos castanhos, as roupas bastante modernas, principalmente a inquietação, era tão lindo que o invejei de várias maneiras.
Carregava consigo um bouquet de flores e pelo que deu pra notar estava preso ali dentro assim como eu, o que me fez pensar "Como não o tinha notado antes?" Me senti totalmente idiota.
Sua beleza era tão exacerbada que me fazia imaginar coisas com ele, aposto que não era a única mulher. Se tivesse tanta coragem até levantaria e bateria um papo com ele, o beijaria, namoraria e até casaria... Mas não! Oh deus! Eu precisava parar de ler tantos romances até porque uma coisa me fazia voltar em meio a tanta imaginação: o bouquet que carregava em suas mãos.
Parecia que de longe eu conseguia sentir o cheiro de cada uma dessas flores, isso me fazia imaginar quantos sentimentos bonitos ele estava carregando pra entregar a alguém especial, a garota era de sorte e isso ninguém podia negar.
Por horas eu o observei, em alguns momentos parecia apreensivo e em outros parecia querer se entregar ao cansaço, tanto que até se sentou e me lembro até hoje a sensação que senti na bunda por ficar milênios esperando o temporal que depois de um tempo exacerbado havia se acalmado. As vezes queria ir embora correndo e em outras eu queria ficar ali, mesmo com a dor e sono, somente pra ver a quem aquele bouquet verdadeiramente pertencia.
Finalmente chegara os vôos atrasados, a voz da mulher que nos avisava era doce e parecia ainda mais doce quando a notícia de que tudo iria voltar ao normal foi anunciada. Pensei que provavelmente meu vôo estava perto de acontecer, então me animei.
Há pouco várias pessoas começaram a aparecer, pareciam cansadas e satisfeitas.
Com o olhar em outros, perdi totalmente o moço do bouquet de vista, um pequeno desespero interno se acendeu no meu peito, eu só queria ver o final daquela história que havia inventado na minha cabeça e foi quando me deparei com a coisa mais linda que havia me acontecido naquele dia: percebi o quanto sempre fui ignorante.
Não existia garota alguma, não existia uma namorada ou uma esposa, nem mesmo uma sortudA, só existia um outro belo rapaz, que mesmo parecendo esgotado e cheio de malas só quis dar um abraço quente e um beijo carregado de saudade naquele que o esperava.
Aquela cena deveria ter sido pintada, fotografada ou até gravada mas era preciosa demais pra esse tipo de coisa. Era o tipo de cena que faz a gente pensar e não pensar ao mesmo tempo, o tipo de coisa que poucos entendem, mas todos queriam compreender. O amor.
Minha ignorância me fazia cega até me de7parar com aquilo e era incrível quantos 'eus' haviam por lá... pessoas que de primeira impressão achavam linda a atitude do jovem quando apareceu carregando flores, mas que no momento em que o viram com o rapaz de cachecol amarelo ao invés de uma garota de cachecol amarelo, sentiram vergonha, incômodo e até revolta naquela cena que na mesma abriu uma mente.
O sorriso entre os dois era algo que expulsava os olhares e comentários diante deles, pareciam felizes, pareciam satisfeitos por não terem medo e serem quem realmente são. O mesmo sentimentos que todas as pessoas deveriam carregar consigo. Talvez o mundo fosse um lugar melhor '?'
Aquelas flores, o aroma, o pequeno gesto de amor. Todas as cenas de amor deveriam derreter com um beijo quente carregado de paixão como aquele...

'Hair, flower, aroma, scent'

'Touch, warm, melt, lips'

Já era hora de ir assim como a gente deixa a página anterior pra próxima quando mergulhamos em um romance que ainda esconde muita história.
O portão era próximo e a despedida era longa, mas agradeço pelos dois terem eternizado isso em minha mente. E  sentada aqui nesse café, mais uma vez presa dentro de um aeroporto, pensando nessa lembrança, me questiono agora qual será o perfume que ela deve estar usando enquanto me aguarda?
A vida o deu um presente que usava cachecol amarelo e pra mim um que usava um batom vermelho, talvez eu ganhe um bouquet também. Nunca se sabe, já que ela é uma caixa de surpresas assim como a vida".

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⏰ Última atualização: Feb 18, 2019 ⏰

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