Teresina, 03 de abril de 2016
Saudações,
Querido avô,
Como sei que você não lê e-mails, mensagem de texto, não tem celular e é avesso a qualquer tipo de contato digital ou tecnológico, resolvi te escrever essas linhas (nossa, isso é muito a cara da minha mãe rs).
Desde que me mudei e vim morar sozinha tenho tanta saudade de todos vocês, de contar tudo que acontece, de todos os sonhos que estou realizando e dos que surgem a cada dia. Sei que falo com você pelo telefone, às vezes, mas não é a mesma coisa. Sinto-me mais perto quando imagino que minhas palavras estarão perto de ti pela tinta dessa caneta, que comprei ali na esquina, mas elegi para ser somente sua nestas cartas.
Hoje, lembrei dos teus ensinamentos sobre sapatos: "Minha pequena Alice, os sapatos dizem muito mais do que se pode imaginar". Fiquei observando os calçados de todas as pessoas e tentei decifrar o que há por trás deles. Um rapaz estava com o tênis enlameado e sujou o vagão inteiro do metrô, comecei a fantasiar uma história sobre toda aquela sujeira e o que o fez ficar daquele jeito. Eu ri sozinha. Depois te conto toda a história.
Estou sentindo sua falta, me escreva também.
Te amo.
Beijo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A casa do sol nascente
Short StoryAlice é uma jovem que possui uma forte ligação com o avô. Quando vai morar sozinha sente o impacto da falta da convivência diária e das conversas que tinham. A saudade aperta e ela começa a se comunicar com ele através de cartas.