To Hoseok

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"Querido Hope,

Pensei se deveria datar esta carta, mas cheguei a conclusão de que seria uma escolha errônea, pois cada palavra que está aqui não se refere apenas ao agora, mas de todas nossas pegadas passadas que nos trouxe até aqui.

Hoje, talvez tenha sido o ápice de tudo, o grande alcance das coisas que venho tentando atingir ao longo de anos. Quando pisei naquele palco, meus pés pareciam seguir de maneira autônoma, sem nenhuma ordem pensada, a única coisa que havia em minha mente, era uma única palavra, o meu grande desafio que me assombrava: Jeté.

Automaticamente sua voz tomou minha cabeça, e eu conseguia ouvir claramente o "Ayumi Jeté" acompanhado da sua típica risada. E então eu me transportei para aquele dia, o qual eu negava a mim mesma a tentar executar aquele passo de ballet, e você com toda a sua paciência sentou à minha frente e disse que não sairia daquela sala sem que eu tentasse. Eu deixei meu medo vencer, acreditei que não passaria de uma brincadeira, algo que dizemos apenas para despertar a coragem em alguém.

Eu me levantei e saí daquela sala, o deixando e você se manteve estático no mesmo lugar. Segui até o banheiro, observando minha feição cansada, e os meus cabelos completamente bagunçados, com alguns fios apontando para fora do que estava preso. O resultado após o longo dia de treino interminado, eu sei que se tratavam de no máximo duas horas que estávamos ali, mas para meu corpo parecia uma eternidade.

Entrei em um embate comigo mesma, eu queria ir para casa e me jogar na minha cama, e talvez depois me debulhar nas lamúrias dada pela minha impossibilidade. Estava certa que realmente o faria, mas antes de sair quando passei em frente daquela sala, um dos espelhos me deu o reflexo exato, você ainda estava sentado na mesma posição, em um aviso de que não estava brincando.

Lhe perguntei se continuaria ali, você com aquele doce sorriso, que mostra aquela única covinha em sua bochecha, me respondeu: "Até você ao menos tentar, eu estarei aqui Ayumi-ssi".

E naquele exato momento me veio a memória do que nos trouxe até aqui...

Era primavera, as flores já estavam se desabrochando, as árvores ganhavam vida em suas folhas de coloração esverdeada, e o típico calor já emanava no ar de Seul. Naquele dia eu permiti a mim mesma sair sem me preocupar com minhas condições, eu estava em recuperação, e no momento dito eu seguia um pouco além do recomendado. Mas eu estava no lugar certo, Han River Park.

Eu andava distraída, com meus olhos voltados às pessoas que estavam ali, crianças brincando, jovens conversando, e outros apenas apreciando a paz que o som aquífero trazia. Entretanto um pequeno aglomerado me chamou a atenção, eu ouvia a música feita de diversas batidas se tornar mais alta conforme eu me aproximava.

Um garoto movia seu corpo ao ritmo da música, incentivando as crianças ao seu redor a fazer o mesmo. Transmitia uma emoção e um sorriso que parecia trazer uma luz mais forte que a do sol, ele emanava o amor pelo o que estava fazendo. Era você, Hoseok.

E ali eu travei, o observando me transportei para o delay das minhas memórias, sentindo o gosto saudoso de uma paixão que me fora arrancada. Mas senti-las ao vê-lo não me doera como antes, era como se existisse uma esperança.

Apenas fui perceber que não havia mais ninguém a sua volta e eu estava ali parada feito pedra, quando havia perguntado se estava tudo bem. Neste momento senti a fina lágrima escorregar em minha bochecha, só então percebi a real melancolia que me envolvia. Eu disse que sim, tentando afirmar a mim mesma, como uma aceitação de que tudo que eu havia perdido não poderia retornar. E claramente neste momento você demonstrou toda a sua teimosia incansável, não aceitando uma falsa afirmação.

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