A Carta

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Baley
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- Talvez, fosse melhor não ir.

- Não seja estúpida. É sua chance de achar alguém pra casar!!

- O que? Com tantas garotas, você acha mesmo que eu iria atrair alguém?

- Por que não? Um Baile, vários jovens solteiros... Uma garota bonita...

Eu a encarei, duvidando que ela realmente tinha me elogiado.

- Veja bem, um vestido lindo, um cabelo impecável, um rosto bonito, é mais do que provável que você se case com alguém que conhecer nesse Baile! - Ela dava risinhos como de uma adolescente apaixonada, não acredito que com 21 anos, e casada, ainda fazia isso - Tenho certeza que eu arranjaria alguém nos primeiros cinco minutos de dança! E olhe para você, - ela apontou para o espelho em minha frente, em quanto continuou a pentear meus cabelos - é tão parecida! Só um pouco menos experiente, e não tão gentil, e... Ah, não faça essa cara, você não fica tão bonita nela.

- O que importa? Eles não vão nem ver meu rosto.

Ela olhou para mim finalmente, para de escovar meu cabelo, e sentou-se no puffe, próximo a cadeira que eu estava.

- Sabe, eu queria tanto que esse Baile fosse minha chance, de dançar com alguém novo a cada meia hora, se não fosse Kenneth. Ah se eu soubesse antes que o príncipe se casaria logo, não teria me comprometido. E faria o máximo para ser o mais desejável possível. - ela fez uma pausa esperando que eu responda. Mas eu preferi a ignorar. - Vai ver, aposto que alguém vai notar você antes do fim da noite. Afinal, eu que te arrumei.

A questão não era "ser notada" e sim se eu "queria ser notada" e eu achava que eu não queria.

- Mas nem tudo vai depender da sua beleza, se quiser casar, você precisará agir mais como eu, tudo bem?

- Hunhum... - resmunguei, fingindo estar interessada.

- Errado. Você tem que ser igualzinha a mim, e fazer exatamente o que eu faria, tudo bem?

- Hunhum.

- Tudinho que eu faria, faça do jeito certo, não faça as bobagens que você sempre fez.

- Hunhum. - concordo.

- E seja simpática.

Tinha certeza de que não queria me casar por causa de um Baile idiota. Apostava que todos lá eram idiotas, nobres, e ricos mimados, que vão ser idiotas sempre, e eu não ia me acostumar com isso, meu pai pode ser um Mentalizador, mas eu não era uma idiota mimada e burra como os outros. Talvez Abbey até fosse, mas... Eu não era. E me recusava a um casamento arranjado. Como Abbey. Ou me casar com um nobre mimado, em um Baile besta para uma comemoração adiantada.

- Ainda bem que você ainda está solteira! E pode aproveitar ao máximo os Bailes!!

- Não acho que vou "aproveitar ao máximo os Bailes". Nem vou ver a cara de ninguém!

- E ninguém vai ver seu rosto! Pensando bem, acho que será mais fácil se você fosse notada bela beleza do que pela delicadeza. É, bem mais fácil. Mas sei que você vai fazer o máximo!

- Não acho justo. E se ele for horrível?

- Acha mesmo que ele pode ser horrível? Você já conhece uns cinquenta filhos de Mentalizadores! E nenhum deles era feio, se fosse, os pais não seriam Mentalizadores! Só gente bonita aparece na televisão!

- Quer saber? Acho que eles podem ser rudes. Acho que nos nunca vimos à cara de seja lá quem estejamos falando, e nunca o conhecemos. Como espera que eu confie em alguém que nunca vimos, ou nunca conhecemos?

Um Príncipe por Trás da MáscaraOnde histórias criam vida. Descubra agora