Débito - Capitulo Único

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Um frio cortante. Casas decoradas para o Natal tem suas luzes cobertas pelo branco da neve. Um típico dia de inverno na pacata cidade onde Anelise morava.

O dia seria tão pacato quanto a cidade, mas alguém bate em sua porta.

- Desculpe o incômodo, moça. É q eu estava arrumando uns cabos de energia do prédio, por conta da nevasca, só que acabei ficando preso aqui até ela passar... será que você poderia me dar um copo d'água ou mesmo um pouco de abrigo até que eu possa ir embora?

Anelise o ouviu com atenção. Mesmo com uma expressão desentendida em sua face, ela deixou o rapaz entrar.

- Pode se sentar. Fiquei tanto tempo imersa em livros que nem percebi que nem percebi toda a neve.

Anelise olha entre a cortina enquanto conversa com o rapaz a sua frente.

Ele vê que na mesa perto dele haviam livros de história e revistas antigas.

- Então você se interessa mesmo pelo que acontece no mundo, não é?

- Ah...

Ela se vira e olha pra ele.

- É uma longa história...

- Não me importaria de ouvir.

Ane da um sorriso forçado e sem graça.

- Vou fazer um chá. Ou café, se preferir...

- Não quero abusar da hospitalidade. Uma água está bom pra mim.

- Tudo bem, você é meu convidado hoje.

Ele deu um sorriso aquecedor para ela.

Estática, Anelise seguiu em direção a cozinha. De lá, ela gritou:

- Café ou chá?

- Café está ótimo.

Não demorou muito para que ela voltasse com uma pequena xícara de café e uma outra que tinha um chá de canela que exalava um cheiro forte.

Anelise sentou no sofá que ficava paralelo a onde ele estava e lhe deu a xícara de café. 

- O que você tava arrumando antes de ficar preso aqui?

- Os fios da internet. Alguns donos reclamaram dos problemas e o síndico me chamou.

- Nessa época do ano o sinal fica impossível mesmo...

Tomou um gole de seu chá.

Ele a acompanhou e tomou um de seu café.

- Que saudade disso.

- Do que?

- De tomar um café quentinho. Fiquei muito tempo no terraço antes da neve começar a cair mais forte.

Anelise pareceu meio indiferente ao que ele disse. Tomou mais um gole de seu chá e olhou pela janela.

Barulhos de uma nevasca violenta ficaram mais fortes.

- São revistas meio antigas... essa aqui é de 3 anos atrás.

Virou -se novamente para ele.

- Para entender o futuro é importante entender do passado.

- É por isso que lê tantos livros de história? Pra entender um futuro?

- Eu disse que era uma longa história...

Ela desviou o olhar pela janela novamente. Um barulho mais forte veio da neve que caía lá fora.

- Parece que vamos ter um pouco de tempo, não?

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