Prólogo

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Eu estou viva.

Eles estão mortos. 


Existe momentos na vida que é complicado de compreender, mas somos  humanos e estamos constantemente mudando, porem muitas vezes é algo desgastante, uma dor que está sempre presente.

Mas eu sou feliz?


Sim, eu me sinto uma pessoa feliz, acho que consegui me fortalecer durante os anos, acostumada a ser uma criança solitária, gostava de me esconder do mundo com os meus livros, fascinada por filmes de ação e vitamina de banana, gostava de ser a garotinha boazinha que os meus pais tinham orgulho, eu tive uma infância normal, somente tinha uma amiga, as vezes algumas pessoas zoavam somente por eu ser tímida naquela época, mas isso nunca me fez ser uma pessoa triste, eu nunca me importei com eles.

Era cinco anos sem os meus pais.

Cinco anos de um recomeço.

- Devo ficar preocupado da sua cabeça começar a pegar fogo, sunshine. - Indagou uma voz tão conhecida, acabo por desviar os meus olhos para o senhor que sentava do meu lado, era o meu avô, com seus olhos observadores e sua jaqueta, que parecia ser sua secunda pele.

Como ele sentou do meu lado? Como eu não percebi? 

Será que ele nasceu com essa jaqueta? Fica uma pergunta para ser respondida.

Mas...

Não importava o local que eu costuma "fugir" para pensar, ele sempre me encontrava.

Será que eu tenho um rastreador no meu corpo?

- Um dia eu vou descobrir os seus segredos, não tem como você me encontrar sempre. – Murmurei.

Agora ambos estávamos olhando a paisagem, estava encima de um hotel luxuoso, costumava conseguir entrar nesse local, porque o pai do meu amigo era dono, então aqui costumo ser um refúgio.

- Você costuma sempre fugir nesse dia... Eu entendo que as vezes somente queremos ficar sozinho, mas eu estou aqui, querendo ajudar, seus amigos também. – Indagou meu avô, o seu tom era triste, no final, todos temos arrependimento, o dele era de não ser um pai presente.

Faz exatamente cinco anos que eu estou morando com o meu avô, quando os meus pais morreram, eu sofri muito, não tinha lugar para ficar, até o meu vô aparecer e falar que estaríamos mudando para Califórnia, que agora era um dos meus lugares favoritos.

- Faz cinco anos e parece que a dor continua a mesma. – Suspirei.

Eu ainda conseguia ouvir o barulho do carro, conseguia ouvir o choro e ver eles morrendo, era um dia de merda e eu não conseguia esquecer. 

- E sempre vai ser assim, principalmente no dia do acidente. – Ele comentou, me dando um abraço de lado, fazendo eu encostar minha cabeça no ombro dele. – Mas você lembra, é eu e você contra o mundo.

- Sim, eu sei velhote. – Brinquei.

- Eu sei que você sofre, mas você é forte... Aguentou tudo aquilo e ainda está aqui, dando orgulho. – Ele comentou, dando um tapinha no meu ombro, somente para provocar.

Eu lembro quando eu cheguei nesse lugar, ele me apresentou um mundo diferente, apresentou seus amigos, que agora era os meus... Eu passei de ser uma garota tímida para uma pessoa sociável.

Não tinha mais medo de conversar.

Porque eu aprendi que as vezes só temos o agora para falar o que pensamos.

Então porque esperar para amanhã o que se pode fazer hoje, agora, nesse segundo.

Mas continuava sendo engraçado como o meu avô fazia os meus colegas ficarem com medo, principalmente porque todos sabiam o que ele fazia, quem ele era... No final todos tinham respeito, ou na verdade, só tinham medo de se meter com a "garotinha" de uma das pessoas mais temidas da Califórnia.

- O que está pensando? – Indagou.

- Em como minha vida anda mudando bastante. – Falei em um tom sincero. – Eu gosto de que eu me tornei. 

Não ia falar para ele que meus amigos tinham medo dele, somente porque ele anda em grupo com uns caras em uma moto.

- Os seus amigos estão preocupados. – Murmurou.

- Eles foram falar com você? – Soltei uma risada baixa, mesmo estando triste, era inevitável ver como eles mudaram, agora eles conseguiam conversar com o meu avô normalmente, eles falam que é melhor ter um chefe de uma gangue do lado, para ajudar quando eles tiverem com problema. Mas eu achava essa palavra gangue tão errada, mas isso não é algo que quero pensar agora.

- Sim, os meninos apareceram lá... Disseram que vai está esperando você para receber os calouros.

- Tinha esquecido disso. – Suspirei.

Eu era a que cuidava de uma das fraternidades, esse era o meu segundo ano cuidando daqueles loucos, as vezes eu me perguntando como eu fui entrar numa dessas.

Lembrei, eu estava um pouco bêbada. 

- Espero que eles não estejam quebrando tudo. – Comentei.

- Agora não, mas sei que daqui a pouco vai ter festa... E é melhor a chefe deles está lá, antes que as coisas fiquem fora do controlo. – Comentou em seu tom experiente. 

Por isso eu estava nesse local, não queria esquecer os meus problemas com bebida. 

- Vamos logo. - Suspirei. 

O meu vô me ajudou a levantar, mas antes ele colocou um papel na minha mão e nela tinha uma frase, uma frase que fez eu suspirar, ele sempre tinha uma sabedoria incrível.

Lamentar uma dor passada, no presente, é criar outra dor e sofrer novamente. 

- William Shakespeare

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⏰ Última atualização: Feb 22, 2019 ⏰

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