Prólogo

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Laços são desgastados pelo tempo. Nenhum dura eternamente.
As correntes vermelhas, sujas pelo sangue dos laços rompidos, unem algo maior que somente humanos.
Unem o tempo, o espaço e o vazio. Unem as emoções.
Unem a vida, e unem a morte. Tecem um destino inevitável, porém maleável.
Mas há algo que não pode ser unido...

A chuva de pétalas esverdeadas marca os primeiros dias da primavera em Kratis, o segundo Reino mais avançado no planeta. Os continentes foram divididos em exatamente oito Reinos, que guerrearam durante trezentos anos pelas questões religiosas. Após o grande conflito de três séculos, a população podia finalmente descansar, e ter vidas comuns.

Kratis era uma monarquia absoluta, na qual o rei fora responsável pelo grande avanço de sua sociedade. No início, temiam que o mesmo se tornasse um cruel ditador, mas foi mostrado o contrário. Os kratianos, em maioria, enriqueceram devido a um governo honesto, que focou na geração de recursos para a população.

Era manhã. Uma garotinha de vestido avermelhado, arruma seu chapéu circular que continha como símbolo uma flor verde, semelhantes à da primavera. Era o uniforme da Escola Columba, reservada à elite kratiana do distrito de mesmo nome. Pouco antes de virar à esquina, uma senhora repleta de joias a chama, atraindo a atenção de quem passava por ali.

- Benny! Esqueceu o seu lanche, querida! - diz a senhora de rosto já enrugado, sorrindo para sua neta de apenas sete anos.

- Vó...! Eu tenho vergonha!

Por inconveniência, seus colegas de turma passam por ali também, e riem da situação, rosando o rosto da infantil. Corre até a avó e pega o saquinho com uvas e maçãs. Agradece timidamente e volta ao seu percurso. Era comum crianças, mesmo com essa idade, andarem sozinhas pelo distrito. A criminalidade se tornava rara, devido a um aumento assustador na segurança e no investimento bélico.

- Oi, Benny! Bom dia! - Um menino da mesma idade e classe, vestia um uniforme de mesma cor, porém masculino. Seus olhos azuis encaram os verdes dela. Aparentemente, ainda zangada com sua avó, desvia o rosto.

- Eu já disse pra me chamar pelo meu nome, Merus... – diz, tropeçando nas palavras envergonhadas.

- Mas “Benny" combina com você! É um apelido bonitinho, não acha?

- Não, eu já disse que não gosto!

Ele tenta confrontar, mas fora educado para ser um cavalheiro com uma dama...ou, no caso, a filha única de dois grandes milionários, da grande família Tokyan. Foi induzido a casar-se com a mesma quando ambos tiverem a idade necessária, algo que as duas famílias já concordaram em fazer: Se forem unidas, terão mais poder econômico e influência política. A questão desnecessária era saber se os dois realmente se gostariam durante a adolescência.

- Olha a maçã! Olha o ovo!

- Olha o peixinho! Nutritivo!

Era um dia típico de feira. Cada barraca era montada por um equipamento de alta tecnologia, apenas um dos muitos aparatos da EvoMYTH: uma empresa de âmbito internacional, que representa um dos maiores frutos dos avanços humanos. Um senhor aparece à barraca e escolhe, num painel, a quantia desejada do que queria. Trezentos anos atrás, o procedimento seria muito mais lento.

- Não vejo a hora de fabricarem aqueles botões legais de transporte! Eu poderei me atrasar pelo tempo que quiser! E com um clique, apareço na escola num piscar de olhos!

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⏰ Última atualização: Feb 23, 2019 ⏰

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