Acordo

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Um grunhir rouco foi o primeiro som que emitiu assim que acordou, seu corpo doía por inteiro, principalmente a cabeça que latejava sem parar, em sua boca um gosto amargo estava fixado e ele nem ao menos havia aberto os olhos ainda, não estava preparado psicologicamente para isso.

Aos poucos foi levantando seu tronco do sofá - nem tão macio - onde dormira, suspirou bem fundo se levantando, a casa ao seu redor era muito bem organizada, com uma lareira na sala, um tanto quanto pequena, que logo era seguida por uma pequena e charmosa cozinha, separada do outro ambiente apenas por uma parede de vidro fume. Era tudo claro, limpo, organizado, apesar de ter um ou dois brinquedos espalhados aqui ou ali.

A sombra do corpo que estava na cozinha o fez arrepiar, sentiu suas bochechas ficarem coradas e por instinto passou a mão nos cabelos descoloridos, era muito vergonhoso para si o que havia feito durante a madrugada, lembrava-se perfeitamente, afinal, não era um bêbado que esquecia, não costumava ficar naquele estado, muito menos dar vexame, contudo, sentia-se como uma criança mimada que tinha seu brinquedo favorito arrancado por ter visto Jungkook tão íntimo de outro homem e se seu filho fosse tão íntimo quanto? Não suportava ao menos o pensamento.

Caminhou até a cozinha, parando na porta, vendo Jungkook escorado no balcão com as mãos bonitas ao redor de uma xícara - que pelo cheiro no ambiente continha café - enquanto mastigava algo. Era uma bela cena para se ter numa manhã, mesmo que numa em que seu corpo estivesse em uma ressaca absurda. Pigarreou e chamou a atenção do mais novo para si.

- Bom dia - disse apenas, não sabia o que fazer com suas mãos, não sabia o que fazer consigo mesmo, só sabia que estava cheirando a bebida e que sua cabeça doía.

- Bom dia - respondeu Jungkook dando uma risadinha sarcástica pela aparência do outro, Jimin parecia pelo menos destruído - Quer café? - seria bonzinho com ele por isso, apenas por isso, pois por dentro estava se roendo de ódio do Park.

- Quero - respondeu Jimin de supetão, vendo o corpo bonito se mexer com a mesma roupa que lembrava tê-lo visto de madrugada, era sacanagem aquelas pernas bonitas estarem a mostra tão cedo, pelo que imaginava ser - E o Taeyang?

- Dormindo, ele acorda as sete e vinte, ainda são seis e meia - explicou Jungkook que colocou uma caneca fumegante no balcão, vendo Jimin se aproximar cautelosamente - Eu não mordo - Jimin arregalou os olhos e assentiu, querendo ou não estava se sentindo ameaçado por estar num território desconhecido e por tudo o que haviam passado no dia anterior, mas que parecia que já fazia algum tempo.

- Eu sei que não, mas depois de ontem...

- Depois de ontem eu tenho motivos para morder você.

- Eu sei, OK? Talvez eu tenha sido um pouco babaca.

- Um pouco babaca ou muito babaca? Por que na minha escala de babaquice você foi o rei dos babacas ontem.

- Você também foi o rei dos babacas para mim, eu só revidei - Jungkook suspirou e seguiu para fora da cozinha, bufando audivelmente.

- Onde você vai? - perguntou Jimin o seguindo, parecia muito com uma criança e talvez agora Jungkook tivesse duas para cuidar ao invés de uma, pelo menos naquele momento.

O mais novo dentro os adultos seguiu quieto, subindo as escadas graciosamente com suas belíssimas pernas longas, o quadril sinuoso ao caminhar era hipnotizante para Jimin, que não resistiu em passar as mãos pelos cabelos, novamente. Queria estar indignado com Jungkook, com o fato de que ele havia lhe roubado seu filho, mas ao reparar na casa bem cuidada e, pelo padrão de vida que tinha, grande, só conseguiu sentir uma pontada estranha de orgulho, afinal, Jungkook era um menino que havia tido outro e mesmo assim continuara trabalhando bravamente.

He's not your son - JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora