25 - cisão

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O que não é real, Erich?, uma voz demoníaca ressoa em minha mente.

Não sou destruído. O fogo passa e não queima.

Abro os olhos e a luminosidade não está mais presente. Uma grande sombra começar a juncar tudo, e depois consome as coisas ao meu redor, deixando tudo escuro, mas ainda assim visível. Uma fumaça sai de meu corpo vagarosamente, mas não me sinto quente ou coisa parecida. Apenas observo quando então essa fumaça ganha forma na minha frente, no mesmo formato de meu corpo adulto, só que vestindo a máscara.

Sou eu? Bem, era para ser eu, mas é mais uma versão mais sombria de mim. Agora a máscara é uma coisa preta e esquisita cobrindo o rosto do meu clone, e não a coisa branca e impoluta que pus em meu rosto.

Minhas emoções ainda estão bagunçadas, mas eu preciso me esforçar.

Resistir.

— Isso foi o que aconteceu. — meu clone maligno diz, com a mesma voz diabólica, só que agora não mais em minha mente. — Seu pai e sua mãe morreram, e de novo você não pode fazer nada. Você teve medo.

— Não. — digo olhando na direção da máscara, e fecho os olhos com força, concentrando-me em destruir aquela fantasia. Sinto meu corpo real, o do Erich de dezoito anos, tal como ele, e quando abro os meus olhos, sou eu de novo, só que a cidade não mudou e o meu clone ainda está de pé.

Eu tenho o comando de tudo, digo a mim mesmo,

Meu clone ri. E depois se desfaz em fumaça, vindo atrás de mim. Metros se transformam em centímetros e a rua parece se contrair com o movimento do clone. De repente, ele está no meu cangote.

— Erich, que deplorável o que você fez. Você se tornou um covarde.

— Não foi desse jeito. Você está brincando comigo. — digo, sério.

— Tem razão. — ele diz, desdém no fundo de sua voz diabólica. — Mas o que você lembra também não é real. Seu pai apodreceu numa maca de hospital e sua mãe morreu porque você estava caído no chão na hora errada... Você caiu, seu idiota!

Fecho meu punho, enraivecido, mas não exponho. Olho para baixo. Então de fato ocorreu daquele modo, mas por que foi distorcido? Agora parece que estou desprotegido e uma emoção apagada esmaga meu peito.

— Cale-se. Eu não tinha controle sobre aquilo. Meu pai morreu de uma forma inevitável...

— Claro, claro, mas isso não muda o fato de que você correu quando o viu morrer. — ele interrompe.

— O que você espera que eu tivesse feito?! — finalmente grito com ele, enfurecido. E me sinto muito estranho por estar falando sobre isso com ele.

— Enfrentasse. — sua voz tem um toque intrigante, como se ele estivesse me instigando a ficar com raiva. — Não corresse feito um bebê chorão. Ele ficaria envergonhado de seu filho por não ter colhões...

— Eu era uma criança! — rebato.

E então ele solta uma gargalhada diabólica, me fazendo ter um calafrio.

— Você é um medroso.

Dito isso, uma raiva me domina e eu dou um murro na cara do monstro. Essa some indescritivelmente, junto com todo o seu corpo.

— O que você quer?! — grito para ele, apesar de não saber onde ele foi.

Te farei entender o que de fato merece por seus feitos. Você vai enlouquecer assim que rever todo o seu fracasso diante da tentativa inútil de ocultar tudo.

Máscara Negra - ImpactoOnde histórias criam vida. Descubra agora