Metas

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Visão de Claire Legrand

Eu não estava surpresa, sabia que ele me ligaria. Querendo ou não, minha oferta claramente visa meu benefício, mas também traz um auxílio em tempos difíceis para a Bella Ltda.

O convite para comemorar a minha associação à empresa foi o que realmente me surpreendeu. Um jantar? Beber vinho depois de como agi na reunião?

Gael Andrade era influente, e embora a Bella não estivesse na melhor das fases, sua família possuía outros negócios. Além de que era um homem extremamente bonito... Essas circunstâncias geralmente criam grandes egos. Isso não me aflige. Há muito tempo decidi que não me reduzirei para nenhum homem, nem me deixarei ser mandada por mais um desses empresários mesquinhos que crêem governar o mundo. E foi isso que demonstrei claramente na negociação, e ainda assim, ele queria jantar?

Claramente tenho um sócio louco.

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Cheguei ao elegante restaurante com alguns minutos de antecedência, talvez tivesse chegado antes que sr. Andrade. Varri o local com o olhar, e o vi numa mesa distanciada das demais.

Me permiti avaliá-lo antes que ele notasse minha presença. Ele estava de camisa, calça e sapatos sociais, porém, sem smoking, aquilo seria exagerado até mesmo para a estirpe daquele local. Meu foco era lembrar que ele não tinha nada de diferente de todos os empresários estúpidos que infelizmente conheci.

Mas quanto a aparência, sr. Andrade estava aprovado com selo de qualidade Claire Legrand. Era incomum eu achar um homem pálido como ele, atrante. Eu geralmente gostava dos bronzeados. Mas algo no contraste do cabelo preto e a pele tão branca, me prendeu. Ou talvez fossem os olhos castanhos escuros...

Já chega. Andei com toda a classe que aprendi ao longo dos anos, em direção à mesa em que ele estava. Sr. Andrade notou minha presença no meio do percurso, e certamente, notou que meu vestido era curto, já que olhou tão demoradamente para minhas pernas.

_Gostou do vestido, sr. Andrade? - Falei para provocar, assim que cheguei à mesa.
_O vestido? Uma ótima escolha, eu diria... - O que era aquilo no seu tom de voz? Seria malícia? - E quanto a mim, me chame apenas de Gael.

Ele se levantava para puxar a cadeira para que eu sentasse. Puxei eu mesma e sentei antes que ele o fizesse. Ele deu um sorrisinho indecifrável, e voltou ao seu assento.

_O sr. costuma rir sem motivos específicos? É algum tipo de patologia? - Soltei, debochada.
_Estou rindo por que pensei o quanto você é contraditória.

Ele esperava que eu perguntasse o por quê dessa afirmação, mas não daria a ele esse gostinho.

_Safra de 2005.
_Como? - ele disse, confuso.
_Estou escolhendo o vinho. Quero o melhor, da safra de 2005.
_Certo... - Ele pareceu intrigado, provavelmente por que eu não quis saber o porquê dele me achar contraditória.

O jantar foi permeado de conversas acerca da empresa e das mudanças a serem feitas. Ou pelo menos, a maior parte da conversa foi sobre este tema...

_Já é tarde, seu namorado deve estar preocupado. - Gael se mostrara decepcionante, o mesmo comentário indireto que todos os homens fazem a fim de descobrir se namoro.
_Homem nenhum controla meus horários. - Disse, incisiva.

Foi premeditado, disse uma verdade sem revelar se namoro ou não.

_Mas o sr. tem razão, está tarde. - Concluí já me levantando.
_Mas você disse que ninguém controla seus horários... - Gael deu um sorrisinho de lado, ele estava, claramente, me provocando.
_Ninguém. A não ser eu mesma. - Peguei minha bolsa.

Gael levantou-se e pôs-se ao meu lado.

_Permita que eu lhe acompanhe até seu carro. - Estendeu um braço para mim.

Segurei em seu braço, enquanto nos dirigíamos ao estacionamento.

_Sua presença foi muito agradável - Mentiu ele.

Minha resposta automática foi gargalhar ironicamente.

Quando chegamos ao meu carro, meu motorista me aguardava. Abriu a porta para que eu entrasse. Mas antes que eu o fizesse, Gael aproximou-se como se fosse contar um segredo. Ficou a poucos centímetros de minhas costas, embora não fosse necessária tanta proximidade para se contar algo.

Ele aproximou a boca de meu ouvido, falando sussurado. Não sem antes ter roçado seu nariz por meu pescoço, de forma discreta, como que por acidente. Mas eu sabia que não era o caso.

_Eu disse que é contraditória... -Ele afastou uma mecha de cabelo que estava em frente a minha orelha - Porque age com arrogância, como se eu não tivesse importância alguma a você. Mas se importa o suficiente para me dar respostas cortantes e irônicas só pra manter essa sua pose.

Ele prosseguia sussurrando, embora não fosse necessário.

_Se ninguém manda e nem afeta você, por que age criando essa barreira contra mim, como se fosse uma proteção, sendo que teoricamente eu não sou capaz de afetá-la em nada? - Ele fez uma pequena pausa. - Ou será que sou?

Estas últimas palavras foram ainda mais sussuradas. Abri a boca para responder, embora ainda nem soubesse o que ia dizer, mas provavelmente seria algo sarcástico, como de praxe.

Mas sequer houve tempo para que eu falasse, já que ele deu um beijo rápido na pele próxima a minha orelha, sussurou um boa noite rouco e se distanciou, com passos largos.

Permaneci boquiaberta por alguns segundos, ainda bem que ele ía de costas pra mim e não viu minha expressão. COMO ELE TEVE A AUDÁCIA?

Então era esse joguinho que ele queria jogar? Ver quem é o lobo mal? Disputar quem estava no controle? Ele não perdia por esperar, eu sou ótima nesse jogo...

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⏰ Última atualização: Feb 26, 2019 ⏰

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