A Chácara (boobleline)

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Sou Bonniebell tenho 17 anos e sou lésbica. Me descobri bem jovem o que de certo modo foi bem bom, já que minhas experiências mais relevantes foram com mulheres, mas até aquele dia não havia achado alguém que prendesse meu corpo, mente e alma por inteiro...
Era uma quinta-feira quando meu pai me ligou, eu morava com minha mãe e nós não tínhamos muito contato, então nos víamos apenas quando ele se encontrava com tempo para me levar tomar sorvete ou algo do gênero.
Atendi ao telefone sem muito interesse:
"Alô? Filha?"
-Oi pai, tudo certo?
"Tudo sim meu doce, papai está com saudades e estava pensando se gostaria de ir em uma chácara comigo nesse final de semana?"
Fazia um tempo desde que ele me chamara pelo apelido de infância, sabia que estava querendo algo mas mantive o assunto:
-Eu tenho aula na segunda pai, mas se puder me trazer até domingo não vejo problemas, posso saber quem mais vai nessa chácara?
"Bem, não será nada muito sério, é só uma confraternização da empresa e meu patrão sugeriu que poderíamos levar nossos filhos ou acompanhantes e pensei que seria bom passar um tempo com você. Bem não se preocupe demais, te busco na sexta assim que sair do escritório e te deixo em casa no domingo. Beijos filha até sexta"
Antes que eu pudesse me despedir ou dizer mais alguma coisa ele desligou o telefone, "uma confraternização do escritório" eu sabia o que aquilo significava um bando de riquinhos exibindo seus filhos como em uma exposição de cães de raça, mas se isso significava comer de graça eu estava disposta a latir um pouco. No mesmo dia contei para minha mãe que iria passar o fim de semana com meu pai em uma chácara, no início ela não curtiu muito a história, mas mencionei que estava indo só para comer e nadar de graça e no fim ela acabou cedendo. No dia seguinte arrumei minha mala e acabei tendo que levar também minha mochila com materiais, já que tinha prova na segunda e iria aproveitar o tempo livre na chácara para estudar. Com tudo pronto, fiquei esperando pelo meu pai que, milagrosamente, não se atrasou, pelo contrário conseguiu sair mais cedo já que seu patrão confiou a ele a tarefa de abrir a chácara e ver se tudo estava em ordem. A viagem até o local foi consideravelmente rápida, o terreno ficava dentro de um condomínio de chácaras afastado do centro e contava com um espaço grande e luxuoso com duas construções enormes. A primeira era uma grande casa de dois andares com seis quartos e o segundo, um salão de festa enorme também super bem equipado, entre os dois havia uma área de piscinas enorme com três piscinas lindas, uma piscina grande e funda, uma pequena para crianças e uma comprida com uma das pontas terminando em algum lugar dentro do salão.
Assim que chegamos meu pai já me guiou para onde seria o meu quarto, aparentemente teria de dormir em um quarto de beliches onde ficariam as "crianças", já que os outros quartos por serem de casal estavam todos separados, joguei minhas coisas em uma das camas e decidi tomar um banho enquanto meu pai abria e arrumava o resto da chácara.
Sai do banho enrolada na toalha, pelo horário que já era e o silencio do local suspeitei que só eu e meu pai ficaríamos por lá naquela noite e o povo viria no sábado pela manhã, a ideia de ter a chara só pra mim me animaria em outros tempos, mas no momento vi aquela como uma boa oportunidade de adiantar os estudos já que não sabia se teria muita paz pra isso nos próximos dias, coloquei um pijama confortável e desci até a cozinha para preparar um lanche, ouvi alguém atravessar a sala em direção ao segundo andar, mas imaginei ser meu pai indo checar os quartos então peguei meu sanduíche e subi, no quarto percebi que havia outra bolsa jogada na beliche ao lado, bufei e me deitei na parte de cima onde estavam minhas coisas, pelo visto meus planos de paz interior tinham ido pro espaço, pelo menos uma coisa me aliviava a bolsa não parecia pertencer a nenhuma criança, então não teria de aturar gritarias e tormento por enquanto. Estava lendo um livro na minha cama distraída quando a dona da bolsa entrou, ela abriu a porta com força e a bateu me fazendo dar um pulo e quase derrubar o livro, foi então que a vi pela primeira vez, seu cabelo era de um preto azulado extremamente liso para um dos lados, o outro lado era raspado, seus olhos eram quase que vermelhos e brilhavam de raiva, sua pele era branca pálida quase cinza, eu também sou branca porem minha pele sempre foi rosada e com vida, quando mais nova falavam tanto que me parecia com uma jujuba cor de rosa que pintei meus cabelos de rosa só pra provocar, estava olhando ainda pra garota que entrou no quarto, quando seus olhos encontraram os meus, ela primeiro se assustou como se não tivesse percebido minha presença até aquele momento, ela ficou um tempo me encarando com um ar curioso, mas logo em seguida lembrou se do porquê viera para o quarto e voltou a revirar sua bolsa, ela tirou um celular e começou a andar pelo quarto tentando achar sinal, depois de alguns minutos mal sucedidos resolvi falar com ela pela primeira vez.
-Se está à procura de sinal aqui esqueça a torre de celular mais próxima fica a pelo menos uns 5km daqui.
Ela enfim parou de andar e olhou pra mim, bufou como se eu tivesse estragado seu sonho e se sentou na cama na minha frente.
-Mas que merda...
Resmungou tão baixo pra si mesma que não pude entender a última parte, ela ficou um tempo sentada olhando para as mãos pensativa, o silencio começou a me incomodar então o quebrei:
- Não quero te incomodar nem nada, mas você parece meio perdida, aconteceu algo? Se eu puder ajudar com alguma coisa...
Ela me olhou de forma séria.
-A menos que saiba uma forma de me fazer chegar em uma hora no centro de kingsweetdale, não vejo como você pode ser útil.
Ela me cortou de forma bruta antes que eu terminasse, acho que minha cara de assustada com sua grosseria estava estampada porque assim que ela terminou de falar seus olhos se acalmaram e ela respirou fundo e desviou olhar:
-Olha me perdoe, eu não deveria ter descontado em você que só estava tentando ajudar, só estou estressada porque tenho um show daqui a uma hora e meu pai me obrigou a vir nessa droga de confraternização imbecil.
Ela olhou pra janela e bufou irritada, fiquei um tempo em silencio sem saber o que dizer, mas ela fez o favor de quebrar o silencio:
-Aliás perdoe me pela falta de educação nem sequer me apresentei ou perguntei seu nome, aliás me chamo Marceline.
Ela forçou seu melhor sorriso e eu ri com a rapidez com que ela mudou de personalidade, a um minuto eu via uma adolescente rebelde e raivosa e agora ela se comportava como uma mulher gentil e educada, acho que cada vez mais minha teoria da exposição de cães parecia real, nesse momento acabo de ver um pitbull raivoso ser transformado em um doce poodle fofinho.
-Bem é um prazer senhorita Marceline me chamo Bonniebell mas pode me chamar só de bonnie se desejar.
Tentei ser o mais cortês que conseguia, mas logo me vi com cara de boba quando ela começou a rir de mim.
-Senhorita Marceline kkkkkkkkk meu deus isso soa péssimo, você realmente não faz parte disso né? Aliás pelo amor de deus me chame só de Marcy e poupe o "senhorita" para as socialites.
Ela disse entre risos, seu sorriso era de tirar o folego, fiz minha melhor cara de culpada e joguei meus braços pra cima em sinal de redenção:
-E você me pegou realmente eu não tenho muito a ver com tudo isso, meu pai trabalha no escritório, mas a gente não convive muito.
Ela me olhou de forma fixa parecendo estar interessada em descobrir quem eu era.
-Mas e você? - Continuei - Você também não me parece nenhuma socialite riquinha, o que faz aqui?
Ela riu, mas logo ficou séria e fez sua melhor cara de indignada.
-Pois as aparências enganam queridinha, eu acredito que o que tenha te confundido seja o fato de eu ter esquecido minha gucci e meu chihuahua, mas eu sou uma dama rica e renomada não vê.
Ela falou com uma voz fina e um ar soberano, no final ainda deu uma jogadinha de cabelo digna de "as branquelas" ou "meninas malvadas", não contive o riso com sua cena e logo ela estava me acompanhando com sua risada gostosa, paro pra tomar um ar e a vejo observando meu rosto com certa intensidade.
-Pelo visto o final de semana não vai ser tão ruim assim.
Ela deu um sorriso de lado e saiu do quarto com uma toalha na mão.

Spicy Dreams (contos lésbicos)Onde histórias criam vida. Descubra agora