A Chuva

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 kαηησρυs
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Eu estava deitada no chão da sala de estar virando uma lata de leite condensado na boca enquanto apreciava Chopin - Nocturne tocar nos alto falantes. Queria acabar com a minha ressaca de uma vez por todas aumentando o nível da minha glicose. Havia acabado de fazer alguns exercícios e por isso estava demasiadamente suada, com a pele oleosa e brilhante. Meu peito subia e descia num ritmo calmo como o da música, e por um momento eu fechei os olhos e deixei que a minha mente se esbranquiçasse sempre fui muito eclética e minhas influências me ensinaram a gostar de coisas boas.

Estava completamente concentrada quando que no ápice da música, de repente o som fora se abaixando de forma sinuosa quase imperceptível. Abri os olhos automaticamente e me levantei ficando sentada.

-- Oi. -- minha mãe havia chegado com uma sacola na mão, ela deixou a mesma em cima de uma mesa e se aproximou de mim.

-- Oi.. -- respondi sem ânimo e me levantei para que nós ficássemos no mesmo nível.

-- Você gandaiou ontem, hein? -- riu nasal. E me deu um tapinha nas costas seguindo para a cozinha.

-- Não deveria estar preocupada? -- entreguei as costas ouvindo um estalo e a segui.

-- Haha... Minha filha, você entrou no exército e acabou em outro planeta. Você acha mesmo que uma noite fora é o que me preocupa?

Ela parou em frente da mesa da cozinha e me olhou com uma das sobrancelhas arqueadas. Eu não consegui evitar de rir, por falar nisso eu estava começando a sentir falta da Força Aérea.

-- Desculpe senhora. Mas, se você não leu, no meu uniforme está escrito "força aérea" e não "exercito". -- Disse para implicar pois na verdade aquilo não me era de muita importância.

Por um momento minha mãe pareceu pensativa quanto ao que eu disse. Murmurou alguma coisa sem sentido e de repente bateu a não contra a testa e fechou os olhos com força. Fiquei meio sem reação, mas logo fui até ela e perguntei o que estava havendo.

-- Ah filha. Esqueci meu livro no clube... -- Seu semblante se contorceu como o de uma laranja azeda e eu só consegui achar graça da situação. -- Não ri! É um livro caro que ganhei de uma das meninas.

-- Sei... "Meninas". -- Depois dessa ela me deu um tapa no braço. -- AI! Não faz isso -- ri um pouco mais.

-- Não quero ter que voltar lá. Estou cansada e minhas pernas doem, mas se tivesse alguém com carro que saiba dirigir aqui... -- Claro, o velho draminha.

-- Olha só. Eu vou, mas vou a pé porque estou afim de caminhar. Ficar dentro dessa casa está começando a me deixar angustiada.

-- Obrigada, você sabe que eu te amo né meu bebê. -- olhei brava pra ela e virei as costas enquanto ela ria atrás de mim.

Eu iria ir buscar o bendito livro no bendito clube dela, mas antes eu precisava de um banho porque eu não era obrigada a sair toda suada. Ainda mais com essa cara de "ontem" que eu to. Tinha que dar um trato antes e assim eu fiz. Vesti uma camiseta branca regata com uma camisa de botões azul por cima e uma calça moletom preta com um tênis da mesma cor. O prata da plaqueta de identificação militar se sobressaía entre as cores da roupa.

-- Senhorita. -- Era o Syfos-- Me perdoe a intromissão, mas se vai caminhar eu aconselho levar um guarda chuva.

-- Tá certo.-- Sorri enquanto olhava no espelho.

2222 - O CÉU NÃO É O LIMITEOnde histórias criam vida. Descubra agora