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Não era a primeira vez que eu viajava de avião.

Quando completei a maioridade, mudei-me para o Canadá, e desde então, nos feriados eu sou obrigado à voltar para a Daegu, na Coréia do Sul, para ver meus pais.

Não que eu não gostasse de vê-los, longe disso. O que eu não gostava, era a forma que iria pra lá.

Eu detestava viajar de avião. Me causava medo.

A única coisa que poderia me acalmar era a música, toda vez eu apenas colocava meus fones em um bom volume e relaxava ao som do meu grupo favorito.

Dessa vez não seria diferente.

Última viagem do ano, para passar o natal e ano novo.

Já fazia seis anos que eu tinha essa rotina de ir para Daegu no final do ano e mesmo assim ainda não havia acostumado e não havia perdido nem um pouquinho de medo.

Mas, eu era forte e, em hipótese alguma, contaria sobre meu medo bobo -ou nem tanto.

Estava na hora do meu vôo e eu aguardava anunciarem. Estava ansioso para ver meus pais, porém estava sentindo o típico mal estar de medo.

"Senhoras e senhores passageiros do vôo 257 para Daegu, Coréia do Sul, por favor dirijam-se ao portão número sete, pois o avião irá decolar"

Essa foi a deixa para que eu me sentisse mais nervoso. Era um enjôo misturado com uma dor de cabeça, de barriga e uma tontura. Eu não saberia dizer exatamente, mas era horrível.

Nunca havia acontecido algum acidente de avião comigo para justificar o meu medo, mas, acredito que tenha sido a morte do meu irmão mais velho a causadora disso.

É um assunto muito delicado e traumático, eu não gosto de me lembrar.

Obediente e ignorando o mal estar já costumeiro, me encaminhei ao portão sete, e depois de checarem minha passagem e meus documentos eu atravessei o enorme corredor até estar dentro do avião.

Me sentei em meu lugar e ajeitei um pouco inclinado para trás. Imediatamente procurei por meu celular e meus fones e coloquei-os no ouvido, já escolhendo a música inicial para minha calmaria -ou quase isso.

Um rapaz sentou-se ao meu lado e eu olhei-o de canto dos olhos.

"Olá. -ele disse, sorridente."

Tirei um dos fones e analisei-o.

Ele parecia um garoto que havia acabado de atingir a maioridade e estava fazendo sua primeira viagem de avião.

"Oi. -murmurei e voltei a colocar o fone."

Me ajeitei no banco e fechei os olhos, procurando relaxar enquanto ouvia uma melodia calma.

"Me chamo Kim Taehyung. Você fala coreano?"

Eu respirei fundo. Sério mesmo que ele ia atrapalhar a minha música?

"Sim. -respondi na minha língua nativa- Min Yoongi."

Ele pareceu aliviado.

"Que bom, não sou bom no inglês."

Tanto faz.

Apenas dei de ombros e voltei a fechar os olhos, concentrado na música.

Mas, aparentemente, Taehyung não era do tipo que calava a boca.

"Você tem quantos anos? -ele perguntou, não se importando com a minha clara indisposição para conversar."

"Vinte e seis. -murmurei."

"Eu tenho vinte e um. Devo te chamar de hyung?"

De preferência, deve não me chamar.

"Só Yoongi."

Ele assentiu e passou a olhar ao redor, talvez tentando achar algum assunto.

Já estava xingando-o mentalmente ao reparar que ele finalmente havia achado um assunto quando a voz do piloto surgiu.

O avião já iria decolar.

E eu não estava calmo.

Culpa de quem? Desse tal Taehyung.

Eu sempre aproveitava os minutos antes de decolar para me acalmar e tentar dormir, mas aquele ser me atrapalhou.

Respirei fundo e apertei os braços do assento.

Meu peito começou a subir e descer, o mal estar voltou dez vezes pior assim que senti o avião andando.

"Está tudo bem? -Taehyung perguntou, atento as minhas reações."

Não respondi, não formularia nenhuma mentira que soasse decente e não gostaria de explicar. Logo passaria, era sempre assim.

"Yoongi? -ele tentou novamente- Você tem medo? Quer segurar minha mão? Está tudo bem."

Ele estendeu sua mão na minha direção porém bati fraco nela.

"Eu não preciso disso. -resmunguei."

Desviei o olhar e liguei a música novamente, fechando os olhos e afrouxando o aperto nos braços do assento.

Inspira e expira.
Inspira e expira.
Inspira e expira.
Inspira e expira.

Okay, eu estava um pouco melhor.

Eu dava graças a todas as divindades pelo mal estar finalmente estar passando, mas, principalmente, por Taehyung ter calado a boca.

Sinceramente. Seriam longas horas.

Nove horas com Kim Taehyung ໒ kth + mygOnde histórias criam vida. Descubra agora